Arborização

Um Plano Diretor de Arborização é uma necessidade. Com ele podemos fazer um estudo sobre as árvores que possuímos e as mais apropriadas para nossa região

30/07/2024 08:56
Arborização /Foto: Arquivo/FATO

Nunca fui afeito às coisas de casa, animais, pássaros... Nem mesmo na infância ou adolescência. Mas, desde que iniciei com as crônicas, anos atrás, passei a observar melhor as árvores, praças, parques e detalhes de ruas por onde caminho. Observo cidades e pessoas. Vejo Buenos Aires como uma cidade agradável para se caminhar e gosto dos seus parques. Os Jardins de Monet, em Cheverny, nos arredores de Paris; Parque do Ibirapuera, em São Paulo; Aterro do Flamengo e o paisagismo do Roberto Burle Marx no Rio de Janeiro e o ?Passeo? do Prado, em Madri. Em Vila Velha, nosso município capixaba, apresenta-se a grande árvore que descobri na Avenida Hugo Musso e, em Cachoeiro de Itapemirim, a Samarina da Praça dos Macacos e da Beira-rio é que me despertaram para as coisas da natureza. Além de observá-las no dia a dia, fico atento ao que escrevem sobre elas. Com o nascimento dos meus netos: Bernardo, João Vitor, Anna Liz e Heloisa, a sensibilidade aflorou mais ainda. Na sacada do apartamento, João se aproxima das orquídeas e da flor do deserto e as toca levemente. Com sua pequenina mão, levemente, sem uma palavra, faz um carinho em cada flor e planta que se apresenta. Uma felicidade, quase êxtase, para Fabiola, uma avó orgulhosa do cultivo do pequeno jardim e da maneira como o neto se apresenta ao mundo.   

Anos atrás, o reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, doutor em biologia vegetal, em jornal carioca de circulação nacional, comentou sobre as árvores em nossos bairros, ruas e cidades. Interessante que, ao ler as observações do reitor, lembrei-me das árvores das ruas de Cachoeiro e outras cidades por onde ando. Sempre as olhei com os olhos do cronista, observo apenas a beleza, a força das suas raízes, seu tronco, nunca para os riscos, na verdade sem os olhos técnicos. Sendo assim, nunca pensei na mais apropriada para o local onde vivemos. Nunca olhei com os olhos das necessidades das moradias, lojas, calçadas, fiação, prédios e presença de seres vivos - alguns trazendo riscos para a saúde das pessoas. Isto é, apenas olhava aquilo que era belo. Ele foi esclarecendo: apesar de terem se adaptado bem ao clima da cidade carioca, amendoeiras e figueiras não são indicadas para áreas urbanas, pelas suas raízes extensas e copas frondosas que prejudicam a fiação. Árvores frutíferas, abacateiros e mangueiras, atraem morcegos. Muitas figueiras existem em vasos, em residências, ao crescerem, são plantadas nas calçadas, sem nenhuma orientação aos moradores. Suas raízes atingem encanamentos. Os ipês, oitis e aroeiras são as mais adequadas para o ambiente urbano. Ele diz: Não precisamos tirar as árvores, mas fazer uma substituição à medida que as espécies forem morrendo. Um Plano Diretor de Arborização é uma necessidade. Com ele podemos fazer um estudo sobre as árvores que possuímos e as mais apropriadas para nossa região. Dessa forma, orientar moradores, substituirão gradativamente as árvores atuais pelas mais adequadas e garantir segurança e beleza para nossa cidade e região sulina.  Das árvores apropriadas para região urbana, além da oiti (suas folhas têm capacidade de absorver poluentes do ar), da ipê (raízes fundas e bela floração) e da aroeira (seus frutos atraem pássaros para a cidade), existem ainda a sibipiruna (frondosa, folhas não caem com frequência) e pau-brasil - símbolo do país, faz sombra sem ocupar tanto espaço.