Psicanalista de Rio Novo explica por que o Brasil é o 1º do mundo em ansiedade

De acordo com a psicanalista de Rio Novo do Sul, Mayara Sanazário Nezes, esse aumento significativo é em todo o mundo.

22/03/2023 16:31
Psicanalista de Rio Novo explica por que o Brasil é o 1º do mundo em ansiedade

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo. Antes da pandemia, a estimativa era que, aproximadamente 9,3% da população, o equivalente a 19,4 milhões, tivessem algum grau de ansiedade.

Segundo o estudo, somente no primeiro ano de pandemia, as taxas de depressão e ansiedade subiram 25%. O aumento se deu pelo longo período de luto e isolamento social, que agravaram a situação. A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu para que, em 2023, os governos atentassem para a saúde mental da população.

De acordo com a psicanalista de Rio Novo do Sul, Mayara Sanazário Nezes, apesar de o Brasil liderar o ranking dos países com maior número de ansiosos, esse aumento significativo é mundial. Entre a diversidade de fatores que podem estar associados a tentar justificar esses números alarmantes, as mudanças sociais e culturais pela qual a cultura ocidental vem passando é um dos maiores impulsionadores. Incluindo desde o modo de relacionamentos, de comunicação, até a forma de alimentação e de como dormimos.

?É inegável a influência das redes sociais e das formas instantâneas de comunicação e acesso a informação na manutenção de um estado de alerta constante, próprio dos quadros de ansiedade. Estamos diante da cultura do imediatismo, na qual as informações chegam e nos são cobradas quase que concomitantemente a sua ocorrência. Nossas relações também têm sido moldadas se amparando no imediatismo e na aproximação/distância física propostas pelo contato on-line. Ter acesso constante as pessoas, enquanto se permanece fisicamente distante propõe uma reconfiguração dos laços sociais e nem sempre essa atualização aparece nas relações de maneira saudável?, explica Mayara.

Consumir o conteúdo de uma realidade inacessível e manipulada estimula um sentimento permanente de insatisfação e impotência, que também corrobora com estados ansiosos da população. O quadro se intensificou com a pandemia, na qual as relações sociais e até mesmo a circulação se viram limitadas com o risco e a ameaça constante. Outro fator sobre a pandemia, é que, além do fantasma do contágio, os efeitos da perda e do medo da perda de pessoas próximas, contam como fator agravante.

 

Sobre a ansiedade

A especialista em saúde mental destaca que a ansiedade é uma alteração não só psíquica, mas também física, química, comportamental. Se apresenta enquanto uma aceleração dos pensamentos e também das funções físicas. Conhecida popularmente como "excesso de pensamentos sobre o futuro", ela também pode ser confundida com crises cardíacas, por afetar, de fato, a frequência cardíaca e a respiração.

?Sabemos que se trata de ansiedade quando a ocorrência dessas manifestações se torna frequente e passa a atrapalhar a rotina. A ansiedade pode ocorrer em episódios isolados, estando associada a acontecimento da vida, ou a um transtorno, quando acontece de maneira persistente?, destaca a psicanalista.

Para o tratamento, a indicação é sempre a busca por ajuda profissional. O autodiagnóstico, principalmente quando associado à automedicação, representante um risco e um possível agravante nos casos de ansiedade. No entanto, alimentação saudável e a prática de exercícios físicos são grandes aliados no tratamento da ansiedade. Seja no que tange a produção de hormônios, que auxiliam nos quadros de transtornos mentais, ou nos efeitos psíquico/afetivos do manter o corpo ativo.

?Cada caso de ansiedade é único, então, diante da escuta, do diagnóstico e da verificação da gravidade, o profissional psicólogo pode traçar um plano terapêutico singular, que pode incluir o encaminhamento para outros profissionais, caso faça-se necessário.  Entretanto, o tratamento para a ansiedade consiste, geralmente, em psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico, com administração medicamentosa ou não?, completa.

Para concluir, Mayara explica que no plano das psicopatologias raramente se fala em cura. ?O que se busca, com a oferta de suporte aos pacientes, são estados de estabilidade e autonomia, com base na realidade e na gravidade de cada caso. Todavia é possível levar uma vida feliz e estável ao tratar transtornos de ordem mental?, finaliza a psicanalista.

 

por Guilherme Gomes