Fevereiro Laranja: Sesa orienta sobre os primeiros sinais da Leucemia

Existem mais de 12 tipos de leucemia, podendo acometer pessoas de todas as idades, com subtipos dominantes dependendo da idade.

05/02/2024 15:27
Fevereiro Laranja: Sesa orienta sobre os primeiros sinais da Leucemia /Foto: Ilustrativa.

No mês de fevereiro é lembrado o Dia Mundial do Câncer, e a Secretaria da Saúde (Sesa) orienta a população sobre os primeiros sinais da Leucemia, um câncer que quando diagnosticado e tratado logo no início, aumenta a possibilidade de cura.

Nesse contexto, a campanha "Fevereiro Laranja" tem atenção voltada à disseminação de informações sobre a leucemia, tipo de câncer dos glóbulos brancos, geralmente de origem desconhecida e que tem como característica a proliferação excessiva e desordenada de células jovens que substituem as células sanguíneas normais na medula óssea.

De acordo com a Sesa, existem mais de 12 tipos de leucemia, podendo acometer pessoas de todas as idades, com subtipos dominantes dependendo da idade. Em relação à velocidade de proliferação, elas se dividem em agudas e crônicas.

Nos adultos é mais frequente a forma crônica, de instalação mais insidiosa, com sintomas mais brandos que se instalam lentamente por meses ou anos. De todos os tipos de câncer que acometem crianças e adolescentes, as leucemias são os mais frequentes (30%), sendo 95% leucemias agudas, cujos sinais e sintomas da proliferação de células malignas e a consequente falência medular surgem progressivamente cerca de 2 a 4 semanas antes do diagnóstico.

Os sintomas mais frequentes incluem fadiga, palidez, infecções recorrentes, hematomas e sangramentos inexplicáveis, febre, vômitos, além de dores ósseas, falta de apetite contínua, e perda de peso sem motivo aparente.

As causas exatas da leucemia não são totalmente compreendidas, segundo a Sesa, mas alguns fatores de risco identificados incluem a predisposição genética, o tabagismo, a exposição a certos produtos químicos, como benzeno e a exposição a altos níveis de radiação.

Diagnóstico

O diagnóstico é suspeitado pelo quadro clínico e exame de sangue simples (hemograma). A confirmação é dada por exames da medula óssea, procedimento relativamente simples que compreende o aspirado de células da medula óssea por agulha específica, feito pelo médico com anestesia local (adultos) ou sedação em crianças e adolescentes.

O material coletado da medula óssea é submetido a vários exames para a confirmação, definição do subgrupo e linhagem das células da leucemia. Outros exames de laboratório, raio x, ultrassonografia, além do exame físico também complementam o diagnóstico e são fundamentais para determinar o estágio da doença e a programação do tratamento.

Tratamentos

O tratamento varia de paciente para paciente, e o prognóstico depende do estágio da doença, do tipo específico, além de outros fatores individuais. Entretanto, a detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para melhorar as chances de cura.

O tratamento das leucemias é uma área em constante renovação, tendo a quimioterapia como base. Tratamentos inovadores com menor grau de toxicidade, dirigidos para alvos específicos surgem como complementos da quimioterapia convencional.

É o caso da imunoterapia. Exemplo deste tipo de terapia é o uso do Blinatumomabe, recentemente aprovado para uso no SUS em LLA B recidivada e que se constitui em um marco no tratamento destas leucemias, oferecendo chances de cura, outrora inexistentes para algumas crianças.

Ainda nesta linha, a associação dos inibidores de tirosina-quinase (Imatinib, Dasatinib) com a quimioterapia nas últimas 2 décadas representa um marco na evolução no tratamento de alguns subtipos de leucemia.

O transplante de células tronco hematopoiéticas -TCTH faz parte do tratamento padrão para determinados casos. O transplante autólogo de células T-CAR constitui uma alternativa promissora, mas ainda incipiente no Brasil.

A radioterapia já teve muita importância na associação com a quimioterapia, mas atualmente ela não faz mais parte dos protocolos atuais de tratamento de leucemias em crianças e adolescentes. Isto é reflexo do aprimoramento destes protocolos, que visam, não somente à cura, mas também à minimização das sequelas a longo prazo.

O tratamento das leucemias não se encerra somente com a terapia antineoplásica. A maior causa de morbimortalidade das crianças e adolescentes em tratamento de LLA são as infecções. Sendo causa evitável, é imperativo que medidas de prevenção e de tratamento imediato destas intercorrências sejam adotadas por todos os profissionais da instituição.

Medicamentos de suporte para manejo das emergências oncológicas fazem parte do arsenal terapêutico necessário para a cura, entre eles, mas não somente, antibióticos de amplo espectro, antieméticos, opioides, hemoderivados, estimuladores de colônias de granulócitos.

Segundo a médica oncologista pediatra, Glaucia Perini Zouain Figueiredo, do Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (Hinsg), localizado em Vitória, por cerca de três anos, o paciente e sua família passam a viver em função do tratamento e os apoios social e emocional são fundamentais para o bom desfecho.

?Os investimentos na vida futura quando se trata de crianças e adolescentes devem ser mantidos e a continuação dos estudos é encorajada ao longo do tratamento. Os prazos entre os blocos de quimioterapia precisam ser respeitados com a garantia de vagas para hospitalização, do contrário, o risco da recidiva aumenta consideravelmente. A minimização do impacto dos efeitos tardios deve nortear a abordagem da equipe multidisciplinar por meio de medidas preventivas e de reabilitação em todos os aspectos da vida do indivíduo e de seus cuidadores?, explica.

Dados no Espírito Santo

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os dados preliminares para o ano de 2023 são de 8 mil novos casos, exceto pele não melanoma. Desses, 4.640 atingirão os homens com a predominância no câncer de próstata, com 1.740 casos. Nas mulheres, a incidência será de 3.360 novos casos, sendo o câncer de mama feminina o mais incidente nessa população, com 900 casos.

Os cânceres de cólon e reto apresentam 610 casos, em que 290 casos atingirão a população masculina e 320, a população feminina.  Quanto à leucemia, 210 casos novos foram diagnosticados em 2023, sendo 110 casos em homens e 100 casos em mulheres. 

Em relação aos óbitos por câncer, em 2022 foram 4.628 óbitos, sendo 2.522 em homens e 2.106 óbitos em mulheres. Já em 2023, foram registrados 4.548 óbitos, sendo 2.453 óbitos em homens e 2.095 em mulheres.