As doenças mais comuns no verão, e que normalmente movimentam os prontos-socorros na estação, não ocupam desta vez os primeiros lugares no ranking de atendimento. Com a pandemia, sintomas gripais como tosse, febre, dor no corpo e coriza passaram a ser os principais motivos para a ida dos pacientes aos hospitais.
Só no mês de dezembro, por exemplo, a Unimed Sul Capixaba registrou um aumento de 57% no número de atendimentos de urgência em sua unidade no Centro de Cachoeiro, em comparação ao mesmo período de 2019. Do total, 60% estiveram relacionados com as queixas de gripe, que são o ponto de partida para o diagnóstico da Covid-19.
De acordo com a médica e coordenadora do Pronto Atendimento Adulto do hospital, Thaina Lissana Silva Soares, houve, inclusive, um aumento significativo de suspeitas e diagnósticos de Covid-19 em dezembro em relação aos meses anteriores de 2020. ?Isso se deve, claramente, à falta de cuidados, como ausência do uso de máscaras faciais, de higienização das mãos e principalmente por conta das aglomerações que acontecem no fim de ano e no verão?, explica.
Já entre os problemas que costumavam ficar em primeiro lugar no ranking, mas que neste verão foram ofuscadas pelo novo coronavírus estão as nasofaringites; seguidas de náusea, vômito e diarreia, devido a gastroenterites; e as dores de garganta, decorrente muitas vezes de amigdalites.
O período registra ainda uma alta prevalência de arboviroses (dengue, zika e chikungunya), já que o aumento da temperatura e do volume de chuva contribui para a proliferação do mosquito transmissor das doenças.
A médica ressalta que o crescimento das doenças também tem relação direta com as aglomerações, principalmente nas praias, acompanhada do consumo de alimentos contaminados e mal conservados, da hidratação inadequada, da exposição exagerada ao sol e das altas temperaturas.
?Normalmente são problemas de fácil tratamento e poucas complicações. Um alerta é válido para os casos de gastroenterites, cujas principais complicações são desidratação e distúrbios eletrolíticos - alteração no sódio e potássio ?, que podem ser evitados com reposição adequada de líquidos?, diz.
Já a Covid-19, segundo Thaina, é uma doença grave que pode trazer consequências mais sérias para pacientes de risco como idosos, hipertensos graves, obesos, tabagistas, diabéticos ou pessoas com histórico prévio de câncer.
?Por conta disso, a orientação é que a população evite idas desnecessárias ao pronto-socorro. O deslocamento deve acontecer imediatamente em casos de dor no peito, falta de ar, febre persistente, diarreia persistente, alergias e outros sintomas persistentes?, indica.