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Na EMEB Monteiro Lobato

A possibilidade de cada um de nós saber mesmo de alguma coisa, funciona melhor se a "alguma coisa" acontece ao nosso lado, no nosso bairro, na nossa cidade


Sempre ouvi dizer, li em mais de um lugar, que o escritor Leon Tolstoi teria escrito que "se queres ser universal, cante sua aldeia". Tal texto, em obras dele, nunca encontrei, mas o que escreveu ou teria escrito, está muito certo, é mais que frase, é percepção genial. A possibilidade de cada um de nós saber mesmo de alguma coisa, funciona melhor se a "alguma coisa" acontece ao nosso lado, no nosso bairro, na nossa cidade. A partir da presença física, nossa imaginação funciona. Ver primeiro, depois sentir. O que acontece agora, nesta escola, neste bairro, nesta cidade, comigo e com vocês, se repete de modo diverso, mas bastante semelhante, no mundo inteiro.

Então, prestem atenção ao que acontece ao seu lado, agora, na escola. Por exemplo, se um de vocês, meninos, quer namorar a menina que está ali mais à frente, ou ao lado, ou lá atrás, você, se gosta de escrever, já começou ou vai começar a compor poesia ou carta para a menina. O mundo inteiro faz isso e, quando alguém se transformar em grande poeta ou escritor, o mais provável que aconteça é que sua poesia e sua prosa venham de coisas simples que você viu e viveu... no seu bairro, na sua cidade.

Rubem Braga, conterrâneo, fez isso. Estivesse onde estivesse, sempre tinha olhar na terra natal, CACHOEIRO e, com isso, escreveu com rara sensibilidade, como poucos. Sabem por quê? Respondo: - Sabemos o que sabemos a partir da vivência própria no nosso bairro, em nossa cidade, e não, principalmente, de vivência adquirida de outros, em manuais de leitura, em romances que nunca vivenciamos. Não que momentos não vividos por nós sejam desimportantes. São, sim, importantíssimos, mas nós só poderemos entendê-los e descrevê-los se tivermos vivido nosso próprio momento, se tivermos cantado nossa aldeia, ou, na linguagem do convite que recebi para vir à EMEB, nosso bairro, nossa cidade.

Não creiam em emoções aprendidas... se não tiverem emoções vividas. Por melhor que seja, de nada vale experiência lá de longe, se não soubermos compreender nossa própria experiência. E o que é isso, senão "conhecer minha cidade, meu bairro, o lugar onde vivo?"

Voltem-se para sua aldeia, sua escola, seu bairro, sua cidade e estarão voltados com muito mais sentido de compreensão e realidade para suas próprias coisas e coisas da comunidade. Aí compreenderemos melhor o mundo. Esse é um bom caminho, é o primeiro caminho.

(Texto lido em 05/11/2018 na EMEB Monteiro Lobato, Alto União, Cachoeiro. Foi lido pelos alunos da escola. Entrego, agora, a meus leitores, com o mesmo sentido com que entreguei àqueles jovens).

 


No CIAC Raymundo Andrade

Numa outra escola que estivemos eu e Maria Elvira, também encontramos o mesmo espetáculo de gestores e professores dedicados, ao lado de alunos sensíveis e, ao final, uma boa educação, aquela educação que nossos filhos e netos merecem. Falo, agora, do CIAC Raymundo Andrade. Nas escolas, ao menos, em Cachoeiro, públicas e particulares, as notícias são ótimas. Conduzida pela Professora Lorraine Dobrovosk, uma turminha animadíssima de estudantes, pouco mais que crianças, nos recebeu, ao tempo em que nos foram apresentados, prontos, dois livretos dos 5ºs anos "A" e "B", ambos com título "Exercícios de Cidadania 2018". São poesias assinadas por 50 crianças que se inspiraram em crônicas que elas mesmas escolheram, escritas pelo cachoeirense Rubem Braga, o maior dos cronistas brasileiros.

Lorraine assim resume o resultado do trabalho esplêndido que comandou:

- "Parabenizo aos nossos estudantes/escritores, que se empenharam em dar o melhor de si, produzindo poemas como um reflexo daquilo que aprenderam com suas vivências e aprendizados. Mais uma vez nos surpreenderam e nos mostraram que o ensino da língua só tem êxito quando este se aproxima da realidade do estudante". "Um poema é feito para sentir, sinta-se à vontade e mergulhe nesse universo fantástico da Literatura", conclui a professora, no texto de introdução aos dois pequenos e expressivos volumes de boa poesia.

- "ACREDITE! Uma borboleta amarela pode mudar o seu semblante", diz Ana Clara Venâncio Marques, aluna do 5º ano "A". E Mariana Moulin Neto, aluna do 5º "B" acrescenta: - "Não precisamos de muita coisa para viver SIMPLESMENTE Mais SER E menos TER".

(E semana que vem falo sobre outro diamante que garimpei na Escola Polivalente do Aquidabã. É um belo projeto de lançamento de um livro de crônicas escritas pelos alunos da escola, financiado por que quiser aderir. Já atingiu 51 colaboradores, e 20% da meta em dinheiro. Já dei minha colaboração inicial e na semana que vem falo mais sobre esse ótimo projeto).

 


Pensamentos dos Outros

"Julgamento moral é um modo de vingança favorito nas inteligências limitadas". Nietzsche.

"Todos gostam de ser tratados com lisura, mas nem todos praticam". Baltasar Gracian.

"Às vezes, é melhor fazer os outros entenderem que você entendeu". Baltasar Gracian.

"Muitos parecem grandes até que lidamos com eles". Baltasar Gracian.

"Deixar o jogo enquanto estiver ganhando. Os melhores jogadores fazem isso". Baltasar Gracian.

"Quando argumentar às avessas? Quando nos falam com malicia". Baltasar Gracian.

"Os que mais ostentam ter são os que menos têm". Baltasar Gracian.

"O segredo é ouvir os adolescentes e acreditar na inteligência deles". John Green.

"A covardia de não se ter dúvidas é perigosa". Nise da Silveira.

"Um dos terrores que nos assolam é a massificação da sensibilidade humana". Nise da Silveira.

"O difícil não é subir, mas subir permanecendo o mesmo". Jules Michelet.

"O melhor que um homem pode fazer por sua cultura, quando enriquece, é por em prática os planos que concebeu quando pobre". Thoreau

"Ativista não é quem diz que o rio está sujo. Ativista é quem limpa o rio". Ross Perot.

"Aos lábios já não me aflora / O sorriso que existia... / A felicidade agora / Só em minha fantasia". Gilson Figueiredo Diniz

"Amigo é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é". Guimarães Rosa

"Sou ruim não, sou homem de gostar dos outros, quando não me aperreiam, sou de tolerar". Guimarães Rosa.

"Tão ocupado vendendo ópio, que não pude ler a Bíblia hoje". (do diário de um comerciante de ópio)

"As sociedades ficam melhores e mais fortes quando valorizam a diferença". Geraldine Brooks

"Na minha opinião existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar". Érico Veríssimo


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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