Hartung não vai a inauguração do aeroporto de Vitória - Jornal Fato
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Hartung não vai a inauguração do aeroporto de Vitória

Temer foi recepcionado por mandatários de diversas esferas do poder político capixaba, mas Hartung não foi


- Alan Santos

Embora constasse em sua agenda, o governador Paulo Hartung não compareceu à inauguração do aeroporto de Vitória, uma das obras mais aguardadas pelos capixabas. A surpreendente ausência chamou atenção, afinal, na véspera, o governador anunciara planos de aproveitar a ocasião e reivindicar ao presidente Michel Temer, seu correligionário de MDB, a duplicação da ES 482 e a criação de uma ligação ferroviária litorânea, interligando o Espírito Santo ao Rio de Janeiro. 

Até o fechamento desta edição, o motivo da ausência do governador não estava, ainda esclarecido. Mas, na mesma manhã, a Polícia Federal prendeu, em Brasília, o advogado José Yunes, ex-assessor especial da Presidência da República, e João Baptista Lima Filho, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo. Ambos são amigos de Temer.

Horas depois da inauguração do aeroporto, o governador capixaba comentou as prisões, sem, no entanto, deixar claro se foi este o motivo que o tirou da inauguração. Ele apoia as investigações.

"O País amanheceu mais uma vez sobressaltado com fatos políticos preocupantes. Apoio a investigação dessas denúncias com profundidade e, como democrata que sou, também defendo o amplo direito de defesa de todos os citados. Mas ressalto que os episódios políticos sucessivos e graves dessa natureza têm prejudicado o País e a economia, trazendo prejuízos sociais com impacto direto na vida das pessoas, particularmente os mais pobres".

Prisões

Entre os presos temporários estão o advogado José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer; o ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da estatal Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Wagner Rossi; o presidente do Grupo Rodrimar, Antônio Celso Grecco. A polícia apura as suspeitas de que agentes públicos favoreceram empresas do setor portuário com a publicação de um decreto assinado pelo presidente Temer em maio do ano passado, o chamado Decreto dos Portos (Decreto 9.048/2017).

Eles foram alvo de prisões temporárias pedidas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, na Operação Skala, autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"A prisão de dois amigos do presidente é uma situação em relação a qual nós ainda não temos um conhecimento específico dos motivos que levaram a ela", disse o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun. E completou: "Quero antes de mais nada ter conhecimento dos motivos [das prisões] e tenho a certeza de que se isso não for tratado com parcialidade, com sensacionalismo, não enfraquece o governo porque o presidente Temer nada tem a ver com isso. O decreto não beneficia a Rodrimar", disse o ministro.

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