A expectativa era de que o lançamento da pré-candidatura do deputado estadual Theodorico Ferraço (PP) a prefeito de Cachoeiro fosse grande. E foi. Centenas de pessoas lotaram o clube Jaraguá na noite desta quinta-feira (11) para testemunhar a consolidação do projeto que une o mais velho e o mais novo político na corrida eleitoral. Aos 86 anos, Ferraço tem ao seu lado, como pré-candidato a vice o vereador Júnior da Cofril (Novo), de 27 anos.
É uma junção até bem pouco tempo inesperada, mas que agrega em torno do projeto além de PP e Novo, o MDB. Algumas das principais lideranças dos três partidos compareceram para dar ainda mais peso ao evento.
O vice-governador Ricardo Ferraço, presidente estadual do MDB não pôde garantir o apoio do governador Renato Casagrande (PSB), mas é fiador de que, em caso de sucesso da empreitada do pai, Theodorico, que busca chegar à Prefeitura pelo quinto mandato, o fluxo de recursos que o Governo do Estado tem destinado a Cachoeiro, para obras importantes, não será interrompido.
O deputado federal Evair de Melo (PP) fez longo discurso no qual deixa clara a gratidão por Theodoriço Ferraço, o apreço pela esposa do pré-candidato, Norma Ayub, de que foi colega na Câmara Federal, pelo partido Novo, e Júnior Correa. Além da proximidade com o ?setor produtivo?, representado no evento pelo empresário Tales Machado, presidente do Credirochas e do Sindirochas, alguém que teve participação fundamental na formação da pré-chapa, antes improvável.
O presidente do PP capixaba, o deputado federal Josias da Vitória (PP), chegou atrasado, mas sua presença e discurso serviram para não deixar dúvidas de quanto a eleição de Cachoeiro importa para o partido.
Sem representantes com mandatos destacados em nível estadual, o Novo se fez presente com o seu presidente estadual, Iuri Aguiar, e virtualmente, com vídeo do presidente nacional da sigla, Eduardo Ribeiro. Além, é claro dos correligionários cachoeirenses.
Nostalgia e energia
A entrada de Ferraço na corrida pré-eleitoral mudou o eixo da pré-campanha. Seu forte recall como ?prefeito do século?, título que recebeu da Câmara Municipal fez com que os adversários passassem a centrar fogo nele, deixando um pouco de lado o alvo preferencial até então, a atual gestão municipal. Ainda mais após a adesão de Júnior da Cofril, o que põe a chapa em disputa com outras pelos votos de eleitores ideologicamente à direita no espectro político.
A principal alegação contra Ferraço têm base no etarismo: estaria velho demais para ser governar. É a perspectiva dos adversários, que moldam suas pré-campanhas nesse sentido. Mas, para aliados, a experiência de Ferraço é um trunfo.
Júnior da Cofril assevera que Cachoeiro sofre com a má gestão há 20 anos, coincidentemente, desde que Ferraço encerrou seu quarto mandato e que, por isso, é o pré-candidato a prefeito a aposta mais segura. ?Ferraço fez Cachoeiro. Não quero ser pai desse legado, mas herdeiro dele?.
Ricardo Ferraço garantiu que Ferraço tem energia e disposição de sobre para conduzir Cachoeiro novamente rumo ao protagonismo no Espírito Santo, com geração de emprego, renda e oportunidades.
Em seu discurso, Ferraço alfinetou os que o desmerecem pelo uso de bengala ? devido a problemas no joelho ? ?mas que nunca fizeram nada por Cachoeiro?.
E lembra, com tem sido frequente, os feitos em seus mandatos como prefeito, entre eles a Beira Rio, Linha Vermelha, Instituto do Coração dentre outras obras icônicas e elenca dentre suas prioridades a conclusão do Hospital do Câncer.
De improvável a realidade
Em duas oportunidades acima, a chapa foi considerada inesperada e improvável. Eis alguns motivos:
1 ? Aos 86 anos, não se imaginava que Ferraço pudesse novamente se candidatar a prefeito de Cachoeiro. Teve oportunidade em 2012, em 2016 e em 2020, mas sempre preferiu lançar ou apoiar alguém.
2 ? Até fevereiro, José Carlos Corrêa Cardoso Junior estava no PL e era apontado como pré-candidato a prefeito. Mas, naquele mês anunciou sua desistência da vida política para se tornar padre.
3- Theodorico Ferraço é da base do governador Renato Casagrande (PSB), a quem Júnior sempre fez oposição.
Curiosamente, foi o segundo acontecimento o que começou a tornar possível a composição que agora se apresenta.
A saída de Júnior deixou desnorteados os figurões do setor de rochas ornamentais, liderados por Tales Machado, que apostavam nele todas as fichas.
Na busca de alternativas, encontraram um relutante Ferraço, àquela altura cortejado por quase todos ? do PSB ao PL, passando por Podemos e União Brasil. A exceção é o PT.
Todos queriam seu apoio, mas, somente o Novo, que abriga boa parte do PIB cachoeirense sentou-se à mesa para discutir a possibilidade de uma candidatura.
Paralelamente, se arquitetava a volta de Júnior à vida política. O primeiro passo foi sua filiação ao Novo ainda a tempo de se manter elegível, em abril.
Um mês depois, em maio, Ferraço publicou carta aberta em que se colocava como pré-candidato, já com o apoio das três siglas de agora. Júnior passou a ser cotado para vice.
Após 50 dias Júnior Corrêa ? como antes preferia ser chamado na vida pública ? se disse convencido e anunciou sua volta na política, renovado, e, agora, assinando como Júnior da Cofril, no início deste mês.
E assim, o deputado que preferia não ser candidato e o vereador que desejava ser padre se juntaram na mesma chapa, que aos poucos passou de inesperada e improvável, para uma realidade palpável.