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Leandro Moreira

 

O ex-governador Renato Casagrande (PSB) e o ex-deputado federal Camilo Cola (PMDB) foram denunciados pela Procuradoria da República na 1ª Região por uso indevido de dinheiro público, junto a mais 441 ex-deputados, entre eles o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).

 

A denúncia sustenta que eles utilizavam a cota de passagens aéreas da Câmara e do Senado para fins particulares. O crime atribuído é de peculato, cuja pena varia de dois a 12 anos de prisão, em caso de condenação. À época, em 2009, o caso ficou conhecido como 'Farra das Passagens'.

 

Nas investigações, constatou-se que centenas de parlamentares viajavam pelo país ou exterior com dinheiro público a passeio, ou cediam suas cotas de bilhetes aéreos para parentes, cabos eleitorais e amigos. Há também apuração sobre esquema de comércio ilegal de créditos aéreos envolvendo assessores e parlamentares.

 

Conforme o site Congresso em Foco, foram examinados 160 mil bilhetes aéreos pagos pela Câmara aos deputados entre 2007 e 2009 às companhias Gol e TAM. Os gastos com esses bilhetes chegaram a R$ 70 milhões em valores da época.

 

Só com viagens internacionais, foram 1.588 trechos, que saíram ao custo de R$ 3,1 milhões. Outros R$ 64 milhões bancaram 112 mil voos nacionais. A principal dificuldade dos investigadores, além do número elevado de passagens a examinar, foi saber quais trajetos estavam relacionadas ao exercício da atividade parlamentar e quais tinham propósitos particulares.

 

A reportagem tentou contato com o ex-governador Casagrande, mas não obteve sucesso.

 

"Camilo nunca excedeu a cota de passagens", diz assessoria

 

A assessoria do ex-deputado Camilo Cola (PMDB) afirmou que a cota de gabinete destinada para passagens aéreas nunca foi excedida. Além disso, ainda segundo ela, jamais houve gratuidade, neste sentido, para familiares ou utilização para passeio.

 

"Camilo jamais foi notificado ou solicitado para se justificar. Toda a prestação de conta dele está no portal da transparência. Cola sempre foi um dos deputados que menos gastava as verbas de gabinete, por isso, é impossível ter ocorrido 'farra'", explicou.

 

A assessoria detalhou ainda que, no primeiro mandato, houve a utilização da verba para passagens, inclusive para os assessores, até vigorar lei restringido o uso. No segundo mandato, quase não foi usado este dinheiro, pois o ex-deputado viajava com o próprio avião.

 

Por semana, o avião de Cola consumia cerca de R$ 10 mil de combustível; a cota disponibilizada na Câmara dos Deputados era de R$ 3,5 mil, por mês. "Nunca houve viagem internacional com verba de gabinete e toda viagem realizada durante o mandato foi justificada. Ao sair, Camilo deixou dinheiro no caixa da Câmara", contou.

 

Confira os capixabas denunciados na Farra das Passagens:

 

Camilo Cola

José Renato Casagrande

Jurandy Loureiro Barroso

Luiz Paulo Vellozo Lucas

Neucimar Ferreira Fraga