Casagrande assegura transparência e rigor com contas - Jornal Fato
Política

Casagrande assegura transparência e rigor com contas

Em discurso na Assembleia, ele prometeu gestão voltada para demandas sociais e apontou déficit em investimentos em praticamente todas as áreas


Segundo Casagrande, ?dezenas de obras foram suspensas ou simplesmente abandonadas? - Foto: Tati Beling

Em discurso após tomar posse como governador do Estado, durante sessão solene nesta terça-feira (1º), na Assembleia Legislativa (Ales), Renato Casagrande (PSB) prometeu um governo voltado para as principais demandas sociais do Espírito Santo, pediu apoio e união dos poderes e apontou a necessidade de uma administração voltada para a transparência pública, que inove e tenha responsabilidade com as contas públicas.

O socialista começou sua fala destacando a sua companheira de chapa, Jacqueline Moraes, que é a primeira vice-governadora da história do Estado. "A vez, a voz, a visibilidade da mulher negra no centro do poder no Estado", enfatizou. Em seguida, Casagrande pautou seu discurso na economia e construiu uma linha do tempo desde o seu primeiro mandato (2011 a 2014) passando pela gestão de Paulo Hartung (2015-2018) para apontar quais seriam os desafios do novo mandato.

 

Primeiro mandato

"Há oito anos quando assumi pela primeira vez esse posto, vivíamos uma situação bastante diferente da atual no Estado, no Brasil e no mundo. Apesar de alguns abalos, quase todo o ocidente e a maioria dos países orientais crescia a taxas consistentes. No Brasil não era diferente e no Espírito Santo havia a expectativa de um grande salto de desenvolvimento alicerçado pela indústria do petróleo, nossa economia avançava em nível superior à média nacional", lembrou. Ele ressaltou que, apesar de grande volume de obras e investimentos, o mesmo período viu o bom quadro gradativamente deteriorando por diversas razões dentro e fora do País.

Casagrande apontou que naquele período conjugou-se, no plano externo, a redução no desenvolvimento de grandes potências, derrubando a demanda por commodities e, no plano interno, equívocos políticos, a gestão irresponsável e os desacertos fiscais do governo central, como principais motivos para o desaquecimento econômico, "que atinge mais estados como o nosso que dependem mais do comércio internacional".

Além disso, segundo ele, decisões do Congresso Nacional, como a mudança nos critérios de distribuição de royalties e praticamente a extinção do Fundap, também desafiariam o desenvolvimento capixaba. Mas pontuou que a resposta foi dada com muito trabalho e determinação.

"Aumentamos a eficiência do estado na cobrança de impostos sem aumentar a carga tributária. Garantimos maior eficiência, rigor e transparência na aplicação de recursos públicos. E mobilizamos bancada federal, essa Assembleia e a sociedade para lutar contra as medidas em debate no Congresso", afirmou.

Sobre a sua gestão, Casagrande afirmou ter colocado em andamento o maior programa de investimento de toda história capixaba. "Realizamos obras rodoviárias importantes, deixamos projetos em execução, colocamos em funcionamento o Hospital Jayme dos Santos Neves, depois de décadas sem nenhum investimento na área da saúde", citou.  Casagrande elencou ainda como marcas e passos daquela gestão: centros de especialidades médicas, investimento em atenção primária, construção e ampliação de escolas, modernização das policias, programa Estado Presente, programas sociais e programa de mobilidade metropolitana.

 

Fiscal e transparência

O novo governador defendeu que o seu mandato anterior não "perdeu de vista o equilíbrio das contas públicas", e trouxe, segundo ele, no final de 2014 como resultado um estado organizado, contas em dia, R$ 2 bilhões em caixa, além da nota A em gestão fiscal dada pela Secretaria do Tesouro Nacional na época e a primeira posição do Brasil em transparência da gestão pública.

"Hoje, quatro anos depois, recebo do governo a mesma nota A no campo fiscal, mas com enorme déficit em investimentos em praticamente todas as áreas da administração estadual. Dezenas de obras foram suspensas ou simplesmente abandonadas", criticou.

"As demandas sociais cresceram sem resposta correspondente por parte do governo. Por falta de políticas anticíclicas capazes de oferecer alternativas para trabalhadores e empreendedores, nosso vigor econômico foi contido, o desemprego disparou. A crise nacional e a ausência local fizeram com que ampliasse muito o número de capixabas na extrema pobreza. Para coroar esse recuo administrativo, caímos de 1º para 14º em transparência", complementou.

 

Otimismo

Casagrande ponderou que o aprofundamento da crise nacional trouxe dificuldades adicionais para a gestão que se encerra, mas afirmou que elas, apesar de não superadas, não poderiam justificar uma "ênfase exclusiva e obtusa dada somente ao aspecto fiscal".

"Tenho certeza de que reunimos as condições necessárias para enfrentarmos com eficiência os desafios de hoje e as turbulências de amanhã. Minha confiança não nasce de um otimismo ingênuo ou de expectativa de soluções mágicas. Nasce da constatação que, mesmo sofrendo dos efeitos da crise, reunimos capacidade, experiência e determinação para colocar o Espírito Santo no caminho do desenvolvimento econômico e do equilíbrio social", enfatizou.

Casagrande discursou ainda sobre os recados das urnas. Para o socialista, os eleitores deixaram claro nas urnas desejo de mudanças em orientações econômicas de governos e em práticas perdulárias e pouco transparentes que colocaram em risco a sobrevivência de municípios, estados e até mesmo a União; mudança na estrutura de avaliação dos serviços públicos e nos privilégios; maior abertura para as principais demandas da população e o fim da troca de favores.

Para o responsável pelo Executivo nos próximos quatro anos, o que vai unir os poderes "acima de qualquer diferença" é a vontade de mudança que depositaram nas urnas. Casagrande defendeu, além da união, o fortalecimento da democracia. Para ele em 33 anos de redemocratização, fica evidente que as instituições sempre prevalecem.

Ao afirmar compromisso com a ética, a transparência e o respeito ao pensamento divergente, Casagrande enalteceu ainda seu secretariado como inovador e reflexo do discurso de mudança que pautou o eleitorado, prometendo novas lideranças e novos gestores, com ações que descentralizam as oportunidades, e uma administração "ancorada no equilíbrio fiscal, mas ancorada prioritariamente nas necessidades daqueles que precisam mais".

 

Bolsonaro

Sobre a relação com o governo federal, Renato Casagrande defendeu forte articulação com a bancada capixaba no Congresso Nacional para garantir maior atenção do governo Jair Bolsonaro (PSL) com o Estado, principalmente em infraestrutura. "Tenho muita esperança e trabalharei muito para que o governo cumpra com suas obrigações em terras capixabas", afirmou.

 

Camata

Ao final de seu discurso Casagrande ainda homenageou o ex-governador Gerson Camata, morto no final de dezembro. "Ele melhor do que ninguém sabia da importância do trabalho conjunto, da ousadia administrativa e da visão social dos governos", lembrou.

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