"Sempre me manifestarei na defesa do interesse coletivo" - Jornal Fato
Política

"Sempre me manifestarei na defesa do interesse coletivo"

Vice-prefeito nega que tenha optado por se isolar e conta acontecimentos que culminaram com o rompimento com o prefeito


- Foto: Thiers Turini

"Jamais preferi ficar isolado. Aliás, seria um contrassenso um posicionamento nessa direção, uma vez que eu era um candidato a Prefeito já aprovado em Convenção Partidária, quando resolvemos nos unir para administrar Cachoeiro"

 

O vice-prefeito de Cachoeiro, Jonas Nogueira (PP), se sentiu atingido com declarações do prefeito Victor Coelho, extraídas de ampla entrevista concedida ao FATO na semana passada. Na edição de sexta-feira, o mandatário explicou as razões para o rompimento entre os dois.

Na antevéspera, havia tornado pública a exoneração dos indicados pelo PP, partido presidido por Jonas. Victor alega que foi o vice que optou por se isolar, versão que Jonas contesta em longa nota de esclarecimento, enviado ontem à redação, que será reproduzido abaixo, na íntegra, mas dividida em tópicos, para facilitar a leitura.

 

RESPOSTA

Até o presente momento, como vice-prefeito, mesmo após a exoneração dos servidores indicados pelo Progressistas, mantive a postura de não comentar nada sobre a gestão, sem qualquer crítica à Administração ou ao Prefeito.

O único momento em que externei contrariedade, após contato pessoal com a Agersa, e ainda assim amparado em critérios estritamente técnicos e nos foros adequados de discussão, foi o posicionamento contra o subsídio ao transporte coletivo.

No entanto, diante das declarações do Prefeito a meu respeito, veiculadas na edição do dia 04 de janeiro nesse periódico, quando afirmou que foram feitas "algumas propostas para que participasse ativamente dentro do governo, mas ele preferiu ficar isolado", faz-se necessário trazer à luz alguns esclarecimentos.

 

ATUAÇÃO DE VICE

O vice-chefe do Executivo pode atuar e ajudar numa gestão sem que para isso assuma uma Secretaria ou Ministério, como nos exemplos recentes do nosso estado, quando o vice anterior, César Colnago, e a atual, Jaqueline, não assumiram nenhuma Secretaria. O mesmo ocorre na Presidência da República com o vice, General Mourão, que não assumiu nenhum Ministério, mas participará da gestão.

 

ISOLADO

Jamais preferi ficar isolado. Aliás, seria um contrassenso um posicionamento nessa direção, uma vez que eu era um candidato a Prefeito já aprovado em Convenção Partidária, quando resolvemos nos unir para administrar Cachoeiro. O  fato é que quando, em dezembro/2016, fui convidado a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Social, esclareci que, embora entendesse que poderia ser mais útil e ajudar na gestão num todo, sem ficar restrito a uma única Secretaria, na presença de testemunhas, informei que aceitaria uma entre as três pastas: Governo, Fazenda ou Educação. O Prefeito disse que já tinha compromissos para aquelas pastas.  Pedi então um tempo para avaliar. Retornei no dia seguinte e aceitei o convite p Desenvolvimento Social, mas, para minha surpresa, ele e os integrantes de seu grupo que estavam presentes demonstraram espanto, pedindo mais um tempo p avaliar.

Passados alguns dias fui informado de que não poderia ocupar a pasta de Desenvolvimento Social, sendo oferecida a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, a qual, diante das circunstâncias, foi recusada por mim para que eu fosse o Secretário.

 

MISSÕES DADAS

No mês de fevereiro do ano passado, pouco antes da viagem do Prefeito à China, fui chamado ao gabinete para uma conversa com o Prefeito e o então Secretário de Governo, Weydson Ferreira, que conduziu a conversa. Fui convidado para três missões: 1- coordenar um processo de desburocratização da administração; 2- assumir o processo de extinção da Agersa; 3- cuidar do processo de extinção da Dataci. Desafios aceitos, o Prefeito sugeriu trazer a público juntamente com o anúncio do pacote de obras de 55 milhões, que foi anunciado no dia 28/02, no mesmo ato em que me transmitiu o cargo em razão da viagem. Sugeri que não fizesse o anúncio de pautas polêmicas, que certamente acarretariam reações, num momento positivo de comunicado de um importante pacote de Obras. Sobretudo tendo em vista que ele não estaria aqui para dar as respostas à população, à imprensa e aos servidores dessas instituições.

Ressaltei ainda, que quando ele retornasse, concluiríamos a formatação dos trabalhos e formação da equipe que seria necessária. Tudo aceito pelo Prefeito.

 

ALGO ORQUESTRADO

Ocorre que nos 11 dias que o substituí, recebermos a visita do deputado federal Marcus Vicente para anunciar a conquista de 13,2 milhões anuais para a Saúde cachoeirense, sendo 1,2 milhão para o custeio da UPA do Marbrasa, R$ 6 milhões para o Hospital Evangélico e R$ 6 milhões para a Santa  Casa, estes dois últimos por meio do aumento do teto do MAC (serviços de média e alta complexidade). Num evento contando com a presença do deputado federal, alguns vereadores e os dirigentes dos três hospitais da cidade, tive nova surpresa desagradável ao não contar, mesmo tendo convidado a todos, com a participação de nenhum Secretário Municipal, nem mesmo a Secretária de Saúde, que foi representada pela Subsecretária. Ali já percebi que havia algo orquestrado.

 

DISTANCIAMENTO

Após o retorno da viagem, estranhamente, o Prefeito jamais tocou no assunto dos projetos novamente. Fiquei a postos aguardando. Parafraseando o saudoso Senador Gerson Camata em sua última entrevista publicada no jornal A Gazeta do dia 29/12/2018, p. 14, ao citar São Francisco de Assis: "aos grandes, só se vai quando se é chamado". Não sei por que razão após o período de 11 dias em que substituí o Prefeito por conta da viagem à China, sem praticar nenhum ato que pudesse lhe causar algum constrangimento ou transtorno, houve um novo distanciamento por parte do Prefeito. O que percebi com alguns episódios ao longo do tempo é que na verdade não havia interesse em minha participação direta no governo.

 

POR QUE NÃO EU?

Afinal, se diferente fosse, por que quando cessou o compromisso com o Secretário de Fazenda, Edmilson Paixão, que pediu exoneração em abril/17, eu não fui convidado a assumir a pasta que já havia manifestado interesse? Por que razão, quando o último Secretário de Fazenda, Rogélio, foi anunciado como Secretário Estadual, antes da discussão do subsídio, eu novamente não fui convidado a assumir a pasta? Com a certeza desde sempre da saída do ex-Secretário de Governo, Weydson, com a eleição do atual governador, por que não fui convidado a assumir essa pasta da qual também já havia manifestado interesse? Reiterando que até então não havia ocorrido a discussão acerca do subsídio da Flecha Branca. Certamente há razões desconhecidas, por enquanto.

 

RETALIAÇÃO

Por último, na entrevista que me motivou a esse pronunciamento, o Prefeito deixou claro

que o motivo da exoneração dos poucos servidores comissionados indicados pelo partido Progressistas, foi simplesmente meu posicionamento contrário ao subsídio, pois afirmou que "não adianta, nesse time... pessoas que não estão pensando da mesma forma que a gente".

E ainda utilizou a expressão "quem não remar para o mesmo lado, me desculpa..."

É de uma clareza solar que salta aos olhos que foi uma retaliação. Só que recaiu sobre inocentes. Sempre estive à disposição para ajudar e respeitei as decisões até então, sem me manifestar. Mas quando atingiu diretamente os cofres públicos e o interesse da população cachoeirense que será penalizada com a perda de obras e serviços, a qual me elegeu confiando que eu faria o melhor pela cidade, não poderia me calar. E sempre me manifestarei na defesa do interesse coletivo, de acordo com meu ponto de vista sobre determinado assunto. Ainda que desagrade a alguns ou a muitos.

 

VERDADE

Os fatos aqui narrados são a mais absoluta, pura e completa expressão da verdade!

Verdade esta que continuará sempre pautando meu caráter e minha conduta como cidadão, profissional e agente público!

 

 

 

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