Escutas telefônicas mostram que funcionários da Mineradora Samarco combinaram com a área jurídica da empresa quais informações seriam dadas paras os Policiais Federais, que analisavam as causas na ruptura da barragem em Mariana. Segundo a Folha, que conseguiu o relatório dos telefonemas, a empresa visitou antes áreas por onde os policiais passariam.
A Polícia Federal, desconfiada da tentativa de manipulação dos dados, obteve na Justiça a autorização para grampear as ligações da Mineradora. Foi por meio dessas ligações que a Federal escutou conversas sobre tremores e trincas no dia do acidente.
Relatórios apontam que no dia 14 de janeiro, um diálogo apontou que o engenheiro Germano Silva Lopes foi informado de que a Polícia Federal veria os registros de tremores e trincas do dia da tragédia. A Samarco havia declarado que sismos podiam ter causado a ruptura do reservatório e os policiais foram checar.
?Lindomar mandou os peritos irem a campo enquanto ele providenciava os pedidos. Lindomar disse que no dia tem quatro registros de tremores, que mandou para o jurídico avaliar se aquele material pode mostrar para eles. Lindomar disse que foi até o setor de meio ambiente para ver a trinca antes de levar os caras?, segundo consta no relatório.
No inquérito policial diz que os grampos indicam ?fortes indícios? de que a Mineradora Samarco esconde informações importantes. Afirma ainda, que os empregados recebem ordens para agirem e declararem de acordo com o que os seus superiores ordenam.
Há ainda no relatório informações de que os diretores combinavam com a assessoria de imprensa como omitir ou informar incorretamente dados aos jornalistas.
A Samarco negou a tentativa de atrapalhar as investigações.