Filho e nora que mataram ciclista alegam crime passional

A Polícia Civil, no entanto, investiga motivação patrimonial e se o crime foi premeditado, como apontam os indícios

05/07/2022 13:10
Filho e nora que mataram ciclista alegam crime passional /Foto Divulgação

A Polícia Civil prendeu nesta segunda-feira (3) preventivamente João Vítor Moreira, 24 anos. Ele confessou ter assassinado o próprio pai, o ciclista Duramir Monteiro Silva, 56 anos, e ocultado o cadáver. Ele tentava atrapalhar as investigações. A namorada do homicida, Beatriz Gazone de Azevedo, também confessou participação no crime, mas, por enquanto, deve responder em liberdade, pois não agiu para dificultar os trabalhos policiais e não há indícios de que tentaria fugir. Foi ela quem deu a primeira facada na vítima.

 

Foto: Ronaldo Santos

O delegado Felipe Vivas falou sobre a investigação em entrevista coletiva na manhã deste terça-feira (5), na sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O crime ocorreu entre a noite de terça-feira (28) e a madrugada de quarta-feira (29) na casa onde moravam Duramir e o casal envolvido no seu assassinato, no bairro Monte Cristo, em Cachoeiro.

Em depoimento, o casal afirma que a mulher cortava carne na cozinha, quando Duramir teria a assediado. Foi quando ela desferiu a primeira facada. O filho dele, que estava em outro cômodo, se aproximou e continuou a esfaquear o pai.

Foram diversos golpes, que só pararam quando Beatriz notou que Duramir já estava morto. Os dois, então, decidiram se livrar do cadáver. Nervoso com o crime que acabara de cometer, João Vítor não conseguia enrolar o corpo do pai em um lençol, o que foi feito pela nora.

Eles colocaram o corpo no porta-malas do carro e levaram para a localidade de Estrela do Norte, em Castelo, numa propriedade rural da família da nora. No caminho, pararam em um posto de combustíveis e, com o cartão da vítima, compraram cinco litros de gasolina, com os quais pretendiam incinerar o corpo. No estabelecimento, João Vítor trajava uniforme policial.

No local de desova, colocaram o corpo em uma fossa seca, espalharam a gasolina e atearam fogo. Enterraram o que sobrou. Depois, voltaram para Cachoeiro, pela manhã, e ainda pararam em uma padaria para tomar café. Esse tipo de comportamento, segundo o delegado, evidencia a frieza deles.

 

DESAPARECIDO

Dois dias após o crime, a irmã foi até a delegacia dar queixa do desaparecimento de Duramir. No dia seguinte, um vizinho encontrou objetos da vítima, ensanguentados.

Na delegacia, o assassino confesso também entrou em contradição sobre onde estava. Apresentou duas versões diferentes. Além disso, a mãe, que era separada de Duramir, e mora na casa ao lado, contou que ao perceber barulhos estranhos, fez chamada de vídeo para o filho, que, atendeu, sobre a cama, com a namorada, e disse que não havia problema algum.

A essa altura, Duramir já fora assassinado e o corpo ainda estava na casa. Para encobrir o barulho o casal colocou som alto. Segundo o delegado, o pai lutou pela vida. Inclusive, atingiu o filho com uma facada. Mas sucumbiu.

 

CRIME PATRIMONIAL

A versão contada pelo casal não convenceu a polícia de que o crime tenha sido passional. A linha de investigação é de que se trata de crime por motivações patrimoniais. Pois, na casa foram encontrados R$ 20 mil em dinheiro da vítima, além do uso do cartão de crédito de Duramir para a compra de combustíveis e para saques de dinheiro. Além disso, o filho era o único herdeiro. Outra linha importante é comprovar se o crime foi premeditado.

 

PRISÃO

João Vítor foi preso preventivamente por tentar atrapalhar as investigações. De acordo com o delegado Felipe Vivas, ele intimidava a mãe para que lhe desse álibi, além disso, lavou, escovou e até pintou as paredes da casa, na tentativa de apagar vestígios de sangue. O esforço foi em vão, pois a perícia, com uso de luminol, conseguiu confirmar o local do crime.

Já Beatriz, vai responder em liberdade, ao menos por enquanto. Ela, além de não ter agido para comprometer as investigações, pode estar grávida, o que será ou não confirmado por exames. Ela e o namorado viviam juntos há quatro meses.

Tanto o filho como a nora vão responder por homicídio qualificado, meio cruel e destruição de cadáver. Mais tarde, a nora também acabou sendo presa em um hotel da cidade, confira os detalhes na matéria abaixo: 

 

Polícia prende nora que matou ciclista em Cachoeiro