Acusadas não tinham intenção de matar agricultora, afirma advogado - Jornal Fato
Polícia

Acusadas não tinham intenção de matar agricultora, afirma advogado

Mãe e filha foram ouvidas nesta quinta-feira, na delegacia de Rio Novo do Sul


Foram ouvidas nesta quinta-feira (12) as envolvidas na morte da agricultora Thamires Lorençoni Mendes, de 26 anos, no último dia 30 de novembro, em Vargem Alta. Elas estão detidas no Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim e prestaram depoimento na delegacia de Rio Novo do Sul.

O advogado de defesa, José Carlos da Silva, falou com a reportagem e contou detalhes dos depoimentos das acusadas.

Segundo José Carlos, Sulamita Almeida e sua filha Flávia Almeida foram as últimas a serem ouvidas pelo delegado Rafael Amaral Ferreira, que deve encerrar o inquérito nos próximos dias.

Ele esclareceu que Sulamita é casada com o pai de Gedson Thomazini, 27 anos. Flávia é filha dela de outro relacionamento. Gedson e Flávia foram criados juntos.

Em depoimento, Flávia revelou que foi estuprada por Gedson quando tinha 13 anos. E, a partir desse acontecimento, se apaixonou e passou a ter um relacionamento com ele, que durou até o crime acontecer, mesmo Gedson estando casado com Thamires.

Gedson foi ouvido antes das acusadas, por isso, não foi ainda perguntado sobre a revelação de Flávia.

 

Briga

Ainda casado com Thamires, Gedson se relacionava com Flávia. As duas não se davam bem e tinham uma rixa, porque a vítima sabia desse relacionamento extraconjugal.

Tudo se agravou quando Gedson decidiu comprar uma casa embaixo da casa do pai. Thamires não aceitava, mas ele insistiu nisso.

Por isso, a briga entre Flávia e Thamires aumentou. As duas estavam sempre discutindo e fazendo ofensas uma para a outra. "Gedson poderia ter evitado isso, mas ele continuou com a reforma da casa. Thamires não queria morar lá", diz o advogado José Carlos.

O pai de Gedson, sabendo de toda situação, pedia para que ele não fizesse isso, porque sabia que tudo se agravaria, que mãe e filha não iriam suportar ver o casal morar tão próximo. "Ele sabia que uma tragédia poderia acontecer".

 

Susto

Sulamita e Flávia confessaram que contrataram um homem conhecido como Negão Chaquila, do bairro Village da Luz, para dar um susto no casal, segundo o advogado, sem intenção de matar Thamires.

"Flávia foi inocente. Ela comentava sobre a situação dela com os amigos, e algumas pessoas disseram 'dá um susto neles'. Ela falou com a mãe que se nada fosse feito, se mataria. A mãe, preocupada com a filha, contratou Chaquila por R$ 1,5 mil, para dar apenas 'uma lição' nos dois. Mas o cara acabou matando Thamires", comenta.

O envolvimento das duas no caso foi descoberto, porque, dias antes do crime, Flávia contou para um amigo mais próximo que iria contratar uma pessoa para dar esse susto, o rapaz à época ficou preocupado, mas acreditou que isso não fosse acontecer. "Quando o crime aconteceu, foi à delegacia e falou sobre o que Flávia havia falado, porque ficou com medo da polícia achar que ele estava envolvido. Começou aí a investigação em volta delas. Elas não negaram autoria", menciona.

De acordo com o depoimento de Gedson, Chaquila parou o caminhão em que estavam e anunciou assalto. Ele roubou R$ 6 mil que o casal tinha vendido na feira. Depois, atirou três vezes na vítima, que estava sentada no banco do carona do caminhão. Gedson pulou e correu por um matagal. Ele disse que não reconheceu o atirador.

Esse atirador foi indicado para Sulamita por uma amiga. Ele ainda não foi localizado pela polícia.

 

Estado das acusadas                      

O advogado falou à reportagem que Flávia sempre foi "loucamente" apaixonada por Gedson e tinha esperanças de que ele se separaria da mulher para ficar com ela.

"Ele a iludiu. No depoimento ele a chamou de bobinha, disse que ela acreditou nele. Já a agrediu verbalmente, e ainda assim é apaixonada por ele. Flávia está emocionalmente fraca, fala em suicídio e disse que está esperando uma oportunidade para isso. Falou que a vida dela acabou, que o que ela queria, que era ficar com Gedson, não vai acontecer. Por isso não quer mais viver", complementa.

Por sua vez, Sulamita, segundo ele, está preocupada com a filha e com o que ela pode fazer.

"Ela disse que está muito preocupada. Disse que se soubesse que Thamires iria morrer, não tinha feito negócio com o cara. Não tinha contratado ele".

José Carlos afirma que o crime é bárbaro, que elas erraram e não defende a impunidade, mas explica que como todo cidadão, elas têm o direito de defesa.

 

 

 

 

 

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