Acusada de desvio em clínica se defende: "quero meu nome de volta, íntegro"

Alvo de investigação policial, ex-funcionária promete provar sua inocência e mostrar quem é quem no escândalo que emergiu há dez dias

11/12/2023 16:51
Acusada de desvio em clínica se defende: "quero meu nome de volta, íntegro" /Foto: Ilustrativa.

Dez dias depois de ser acusada de desvio milionário em uma clínica médica em Cachoeiro de Itapemirim, Helena Alves Vasconcelos Moccelin Dussoni resolveu se defender publicamente. Durante esse período, se dedicou a reunir provas que, alega, atestam sua inocência. ?Estou sendo vítima de acusações falsas e torpes, altamente graves, por parte de um médico conhecido na cidade?, afirma. Embora já seja de conhecimento público, ela não quis citar o nome do médico e da clínica. Mas assegura que tudo não passa de armação para ?esconder pessoa de sua (do médico) família que comandava a clínica e tinha conhecimento de rigorosamente tudo?. E completa: ?assim que apresentar minha defesa no inquérito policial, com provas indiscutíveis, as pessoas saberão quem é quem nessa armação abominável?. Helena foi acusada de desviar mais de R$ 1 milhão da clínica, em esquema que consistiria no pedido de pagamento em dinheiro vivo de parte dos procedimentos realizados. Com o dinheiro teria construído uma ?luxuosa mansão? e adquirido carros. As acusações levaram à realização de uma operação policial em sua residência que culminou com a apreensão de cinco veículos ? três carros e duas motos ? além do bloqueio de cerca de R$ 60 mil que estavam na conta do marido. Helena, no entanto, afirma ter como provar que cada uma das acusações é falsa e inconsistente. E que, na verdade, quem deve a ela, são o médico e a esposa dele. Está convicta de que poderá provar sua inocência. ?Tudo o que eu quero é ter meu nome de volta, limpo. Íntegro. As mentiras são graves e estou sofrendo muito?, se emociona.

PROVAS Helena reuniu farta documentação com a qual pretende expor sua versão dos fatos. Ela conta que começou a trabalhar na clínica em janeiro de 2018. No entanto, apenas em 2022 passou a ser gestora financeira, subordinada à esposa do médico, chefe do setor. Ela explica que a exigência de pagamento em dinheiro vivo é praxe na clínica, normalmente referente à aquisição de cola cirúrgica, com custo aproximado de R$ 2 mil. Ela recebia o dinheiro e com parte dele pagava fornecedores e outras contas. Mas a maior parte era entregue à esposa do médico. A prática, no entanto, antecede à sua entrada na função.

DEMISSÃO Helena conta que soube das acusações apenas quando os policiais bateram à sua porta na manhã do dia 1º de dezembro. Desde agosto não tinha mais acesso à clínica, após de ter sido demitida sob alegação de justa causa, condição que pretende questionar na justiça. Diz que sem maiores explicações foi impedida de acessar o local de trabalho apenas dois dias depois de ter sido transferida de função, de maneira ríspida, pelo médico. O desentendimento, alega, pode ter motivos que vão além da relação profissional. Desde 2022, expõe, era com o cartão de crédito do marido de Helena que o patrão e a patroa faziam suas compras. Ao longo do período foram cerca de R$ 230 mil, calcula ela. O limite do cartão de crédito era de R$ 40 mil, mas as despesas de ambos (patrão e patroa) giravam em torno de R$ 10 mil a R$ 20 mil mensais. Todas pagas com depósito do chefe na conta associada ao cartão. No entanto, em agosto as despesas superaram os R$ 30 mil e foi quando Helena resolveu pedir o cartão de volta. E na sequência, vieram a troca de cargo, posterior demissão e, por fim, as acusações das quais se defende. A fatura, diz, nunca foi paga pelos ex-chefes.

CELULAR Ela nega que tenha se recusado a devolver o aparelho de telefone celular do consultório, o qual também utilizava para questões pessoais, mas, principalmente, para atender pacientes no pós ?operatório e o médico, após o horário de serviço ou finais de semana.

PATRIMÔNIO Também rechaça que tenha desviado qualquer recurso da clínica para a compra de carros e construção de sua casa. Esses são os pontos centrais da acusação feita contra ela. Helena explica que começou a comprar material para construir a sua casa desde 2020. E que as obras começaram antes mesmo de ela assumir o posto de gestora financeira, em 2022. Os recursos para tanto, vieram do próprio salário, que era de cerca de R$ 4 mil mensais, mais comissões por cada cirurgia ou material de pós- operatório vendidos na própria clínica. Outra fonte de renda vem das ocupações do marido, que desde 2012 tem empresa dedicada à instalação de insufilms e que atende algumas das principais concessionárias da região. Paralelamente, ele também se dedica à revenda informal de veículos, o que explicaria os carros e motos encontrados pela polícia na residência deles. Inclusive, um dos carros vendidos pelo marido de Helena pertencia ao médico e foi comprado pelo pai dela, pois patrão já não conseguia pagar o financiamento. ?Como é que alguém desvia um ou dois milhões sem ninguém perceber? A clínica sequer tinha esse fluxo?, pondera Helena que aponta o período de pandemia como crítico para o negócio. Quanto ao aparelho que auxiliava nos procedimentos de lipoaspiração e que tinha sido levado da clínica, no valor de R$ 45 mil, afirma que estava com ele para enviar para a manutenção quando perdeu acesso à clínica. O mesmo se aplica aos dois notebooks usados. Todos encontrados na casa dela. Os equipamentos, ela revela, já haviam sido entregues no escritório de um dos advogado na clínica, que depois pediu a ela que os pegasse de volta. E, por isso, estavam na sua casa no momento da operação policial.

 

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