?Ficamos quase 15 horas nadando para sobreviver?
Seis pescadores estavam no barco que naufragou na madrugada de quarta-feira
Fotos: Alessandro de Paula
Os três sobreviventes do naufrágio com o barco Kairós, que afundou em alto mar, chegaram nesta quinta-feira (27) ao porto de Itaipava, em Itapemirim, e relataram o drama vivido. "Nadamos por 15 horas presos a uma bobina de madeira para sobreviver", relembrou o mestre do barco, Marcielio de Souza da Rocha, o Marcinho, de 34.
Seis pescadores estavam no barco que naufragou na madrugada de quarta-feira (26). Três pescadores morreram, após afundarem no mar. São eles: Pablo de Souza Amaral, 22; Wanderson Batista Gomes, 18 e Gleidson Marvila, 19.
Já Marcinho, seu irmão Jacielio de Souza Rocha, 36 e Edmilson Schlukebier Veiga, o Macarrão, 56, conseguiram escapar após várias horas lutando para não afundar na água gelada até serem salvos pela tripulação do barco Lavínia II.
Depois de resgatados, os três pescadores foram transportados para o porto de Itaipava, chegando ontem por volta de 6h10. De lá foram levados por duas ambulâncias da Prefeitura de Itapemirim ao Hospital Menino Jesus.
De acordo com o médico do hospital, Edy Francis Veneziano, os três apresentavam desgaste físico e dores nas pernas. Jacielio também demonstrava quadro de hipotermia (queda na temperatura corporal) e precisou ser coberto por uma manta térmica. Eles tiveram alta por volta de 10 horas de ontem.
Dentro do hospital, os pescadores relataram que a embarcação atingiu um objeto que estava boiando na água e isso fez com que abrisse uma tábua no casco. O barco, segundo eles, afundou rapidamente.
"Havia colete salva-vidas, mas não tivemos tempo. O barco afundou rápido. Foi um desespero", disse Marcinho.
Eles conseguiram se segurar na parte da embarcação que ficou para o lado de fora, mas depois tiveram que sair. Uma bobina de madeira boiou na água e os pescadores se mantiveram na superfície segurando-se nela.
No entanto, disse Macarrão, os rapazes mais novos e menos experientes se mexeram muito e ficaram cansados rápido. Não aguentaram até a chegada do resgate "Eles se afobaram", lembrou.
Continuam buscas aos desaparecidos
A Marinha do Brasil, por meio do Comando do 1° Distrito Naval, informa que a embarcação pesqueira "Lavínia II" resgatou, na tarde de quarta-feira, três dos seis pescadores que estavam na embarcação "Kairós", naufragada na madrugada de quarta, a 80 quilômetros da costa de São João da Barra (RJ).
A operação de busca e salvamento aos demais tripulantes desaparecidos continua sendo realizada pelo Navio-Patrulha "Macaé", com o apoio de uma aeronave C-130 Hércules pertencente à Força Aérea Brasileira, além da embarcação offshore "Elizabeth C".
As causas do acidente e as responsabilidades serão apuradas em procedimento administrativo instaurado pela Marinha do Brasil.
Naufrágio
A agência da Capitania dos Portos em São João da Barra informou que tomou conhecimento do naufrágio na manhã de quarta-feira, após a embarcação pesqueira "Tunas" receber, via rádio, um pedido de socorro da embarcação pesqueira "Kairós", que estava com alagamento progressivo e com seis tripulantes a bordo.
Após esse primeiro contato, a embarcação "Tunas" não conseguiu mais comunicar-se com a "Kairós" e demandou para a posição informada, cerca de 80 quilômetros da costa, na altura da cidade de São João da Barra (RJ).
Foi, então, iniciada uma operação de busca e salvamento, mobilizando o Navio-Patrulha "Macaé", sediado no Rio de Janeiro, uma lancha com equipe de salvamento da agência da Capitania dos Portos em São João da Barra e um helicóptero da Força Aeronaval.
Foram acionados também os meios que encontravam-se na área: quatro embarcações pesqueiras, um navio mercante e um navio off-shore.