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Há uma lista enorme de motivos que levam as pessoas a desejarem viver sozinhas ou na casa de seus pais, namorando ou não, preservando seu espaço e sua liberdade


Há uma lista enorme de motivos que levam as pessoas a desejarem viver sozinhas ou na casa de seus pais, namorando ou não, preservando seu espaço e sua liberdade. São as escolhas de cada um, individuais e intransferíveis, que demonstram como é bom ter autonomia para seguir o próprio caminho. Para cada estado civil, suas dores e delícias. E, para cada pessoa, a busca pelo melhor modo de sentir-se feliz.

Mas quando um casal maduro e independente deseja, ou diz que deseja, estar junto, e ainda assim a lista de coisas para se fazer antes de se efetivar uma união é grande, talvez seja preciso repensar. "Vamos viver juntos quando eu ganhar na mega sena...". "Vamos dividir o mesmo teto quando comprarmos uma casa, terminarmos o mestrado e passarmos em um concurso...". "Vamos nos casar quando pudermos pagar a festa dos meus sonhos...". Será que, diante de tantas questões, existe mesmo a grande vontade de dividir a vida?

Compartilhar o mesmo espaço, dividir as contas, rachar a gasolina e cuidar um do outro não é fácil, mas, quando existe amor, é extremamente prazeroso. Esperar a estabilidade financeira pode demorar uma vida, e, mesmo que essa estabilidade chegue, ela pode logo depois ir embora. O dinheiro é geralmente transitório. Se você quer mesmo, de verdade, estar com o outro, faça isso hoje. Será que vai haver amanhã?

Uma casa, para ser um lar, não precisa de nada mais além da harmonia, da dedicação de cada um fazer o outro feliz, de respeito, lealdade e amor. Iniciar com quase nada e construir juntos é conquista diária, celebrada a cada passo, e tanto faz se o brinde é com copo de extrato de tomate ou com taça de cristal. O sofá novo pode esperar até que a máquina de lavar seja quitada. Começar sem pressa e edificar a dois fortalece a relação. Nada é meu. Nada é dele. São coisas nossas que adquirimos devagar, na medida do possível. A felicidade de estar um com o outro vem da coragem de tomar essa decisão.

Casa, carro, dinheiro, emprego e sucesso antes do casamento não vão resolver os conflitos que chegam depois. O diálogo resolve. O colocar-se no lugar do outro, o olhar amoroso, a compreensão pelo momento que cada um está passando são coisas que resolvem.

Dívidas, boletos, problemas e dilemas chegarão de qualquer forma. O trabalho, o planejamento, a economia e a criatividade darão um jeito nisso. Mas o tempo, esse não volta. Não seja tão severo com seus sentimentos e decida logo. Então, se você já encontrou a sua alma gêmea, case com ela hoje, principalmente se você passou dos 30 anos. O tempo de vida é escasso demais para que você perca a chance de dormir e acordar todos os dias com o amor da sua vida. Diga sim.


Paula Garruth Colunista

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