A demora da Prefeitura de Piúma em enviar o plano de cargos e salários à Câmara Municipal para votação foi o trampolim para os professores se reunirem em assembleia e decidirem fazer uma paralisação parcial já na próxima terça-feira.

"O prefeito José Ricardo Costa está demorando demais para encaminhar o plano à Casa de Leis"?, dizem os educadores.  

Uma das reivindicações da classe é quando ao aumento no salário, que, segundo eles, se encontra defasado. Outra observação dos professores é que o abono, o qual o Executivo aponta como vantagem, não é o que realmente precisam. "Uma vez que o benefício não é incorporado ao salário"?, dizem. Um grupo de 10 professores elegeu uma comissão para tratar a questão. No início da semana, a equipe se reuniu na Escola Municipal Lacerda de Aguiar para assinar um documento dando ciência ao prefeito que, se ele não encaminhar hoje à categoria o plano já com as alterações sugeridas, na terça-feira eles não entram em sala de aula. 

O professor de Educação Física, Luis André Silva da Silveira, frisou que a questão salarial em Piúma é histórica. "Estamos tentando negociar desde o não passado, quando foi nos informado de que havia uma empresa que faria a elaboração do Plano de Cargos e salários. Em maio a firma deu resposta à Prefeitura do processo, de lá pra cá estamos começando o processo de negociação, que iniciou em outubro do ano passado"?, disse.

De acordo com Luis André, a manifestação do magistério se dá pela insatisfação da classe pelo longo período do processo de negociação. "Chegamos à fase final, a classe quer o mais rápido possível uma resposta do Executivo. A nossa parte está sendo feita, tudo que nos encaminharam, já respondemos. Mas não nos foi apresentada ainda uma tabela do piso, estão nos enrolando"?, comentou.

Plano de carreira

O professor assegurou que para a classe "não interessa antecipação de processos eleitorais"?. "O que queremos é uma discussão séria, que efetivamente seja feito o novo plano de carreira do magistério. Não nos achamos os donos da verdade, mas queremos uma discussão aberta"?, frisou.

A professora Márcia Moreira de Araújo, que faz parte da comissão que tenta com o Prefeitura negociar, ressaltou que a planilha apresentada não agrada a todos, "mas pelo menos tira a classe da defasagem em que se encontra"?. "O que nós queremos é não receber mais abono e que este seja incorporado ao salário, tem dinheiro para isso, está sobrando verba. Com a lentidão do prefeito em resolver a questão, combinamos a paralisação. Esgotou toda a paciência. Não deixamos de reconhecer, porém, que a administração tem negociado, mas tem de dar uma acelerada neste processo"?.

Abono mascara realidade

O professor de Geografia Carlos Alberto Costa compartilha da opinião de que o movimento é fruto da insatisfação da categoria em razão do processo que se arrasta há tempos.

"Este momento busca dar resposta à classe, no sentido de fazer com que esta negociação tenha efetivamente um desfecho, no sentido de dar um salário digno aos professores"?.

O abono não é bem vindo em Piúma, ao contrário do que pensa a Prefeitura. Para os professores, funciona como um engodo. "Ele mascara uma realidade porque, de fato, não contempla o todo, apenas temporariamente traz algum valor a mais agregado ao salário. O país precisa dar outro formato a essa educação que nós temos. O movimento é legal, é legitimo e justo neste momento. Espero que a administração tenha sensibilidade para atender nossas reivindicações"?, avaliou Carlos Alberto.

 

Secretária promete aumento de 36%

 

A secretária Municipal de Educação, Lenilce Carvalho Barreto, alegou que em nenhum momento deixou de dar "a atenção merecida à classe"?. Disse, a priori, que reconhece o movimento dos educadores, mas acredita que eles desejam acelerar um "processo que exige um estudo muito criterioso"?.

 

"Estamos fazemos o plano de cargos desde o ano passado, em nível de funcionalismo público municipal. Já foi entregue aos professores o plano de carreira do magistério. Tem uma comissão negociando diretamente conosco. A tabela está na pendência, porque o prefeito quer ter uma segurança do que prometeu à classe e está analisando os detalhes finais"?, argumentou Lenilce.   

 

Oportunamente, a secretária informou que o aumento será de 36%, "enquanto a maioria das prefeituras não oferece o equivalente"?. São 20 % de regência a mais incorporada ao salário, mais 16%.

 

Sobre a tabela que a classe exige, Lenilce assegurou que o prefeito pediu aos professores um tempo para terminar o estudo antes de entregar. "Um estudo criterioso na parte financeira, mais apurado"?.

 

Sobre a paralisação, a secretária entende que "é uma forma de os professores darem um alerta para acelerar o processo"?.

A Rede Municipal de Educação de Piúma atualmente tem quase 300 professores na ativa. Do total, 120 são efetivos.

 

Por Luciana Maximo