INTRODUÃ?Ã?O AOS ARTIGOS DA SEQUÃ?NCIA - Jornal Fato
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INTRODUÃ?Ã?O AOS ARTIGOS DA SEQUÃ?NCIA


Os dois artigos  na sequência mostram duas distintas realidades.

A primeira é a realidade de uma cidade (ou distrito) baiana de três mil habitantes que descobriu sua vocação e, por causa disso, só por causa disso, dá emprego a quase toda população local, a qual é "" em maioria "" pobre. Como está em ambos os artigos, inspirei-me, para escrevê-los e transcrever a experiência baiana, em revista de circulação nacional, HORIZONTE GEOGRÃ?FICO, que ainda está nas bancas de Cachoeiro e região.

A segunda é a realidade de Cachoeiro de Itapemirim e, por extensão, da maioria dos municípios sulinos. Apesar da riqueza do mármore e do granito, da qual nossa cidade é a principal beneficiária do país, é certo que poderíamos ser muito maiores se acordássemos para o fato de que a matéria-prima do artesanato de pedras é nada mais nada menos do que os rejeitos das pedras, que não tem sido solução, e sim entraves. Sem dúvida, tal qual o bom barro de Maragojipinho se transformou na vocação da pequena cidade baiana (que eu nem sabia que existia), rejeito de mármore e granito é vocação de nossa cidade e região, vocação econômica e artística para os poucos artesãos que temos (poderíamos ter milhares deles), vocação econômica e solução ecológica que, de lambuja, ainda pode tirar muito cachoeirense da esmola da bolsa família, que vicia o cidadão, por não lhe deixar porta de saída, como ensina Luiz Gonzaga. (Enquanto a vida pulsa lá fora, a maior parte dos políticos daqui reparte o butim, distribuindo cargos a mãos cheias na prefeitura, em favor de uma desastrada governabilidade, que não é mais que maneira inglória de ficar no poder, sem ver um dedo além do nariz, afundando nossa economia).

 

Ã? TUDO VERDADE...

 

ESTÃ? NA REVISTA HORIZONTE GEOGRÃ?FICO, de São Paulo, número 132, que está nas bancas de revistas e jornais (84 págs., R$ 11,90):

"Em Maragogipinho, Bahia, a maior parte da população trabalha na produção de caxixis, miniaturas feitas de barro e a cidade se auto-intitula a capital latino-americana da cerâmica.

Já nos primeiros quebra-molas da pequena cidade as crianças se aproximam. "O senhor quer cerâmica?"? Na placa que dá as boas vindas, a explicação. Maragogipinho, maior pólo ceramista da América Latina. Observando com atenção o cenário à sua volta, o visitante vai logo se deparar com a fumaça saindo dos quintais, sinal inequívoco de que a lenha crepita nos fornos, tostando porquinhos, panelas, réplicas de animais e outros tantos caxixis, nome que se dá às miniaturas feitas de barro. A 70 km de Itaparica e 230 km de Salvador, a cidade se orgulha de mais de 5000 tipos de artesanatos produzidos pelas suas cerca de 150 olarias, de acordo com dados da associação local dos artesãos.

"Aqui tem barro piloro mesmo, bom para fazer tudo que é peça"? (diz um morador) referindo-se a tipo de barro que, de tão refinado, não precisa ser amassado com os pés. O que se extrai vai parar nas carrocerias das caçambas e deixa de ser barro para ser substrato de artesanato.

Quem confirma a qualidade do barro é Nistinho, apelido pelo qual é conhecido o oleiro Elenílson Araújo. Na sua oficina, seu ajudante, FERNANDO VAZ, modela mulheres negras, grávidas em sua maioria, com crianças no colo. Umas sorriem, outras nem tanto. Vaz saiu de CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, no Espírito Santo, em busca de trabalho com as cerâmicas, motivado por uma reportagem da TV Brasil. "Aqui se vive com felicidade, mas não é para enricar, é para viver"?, filosofa. Ele veio engordar o número de trabalhadores do barro nessa cidade em que, de acordo com a Associação de Moradores e Oleiros de Maragogipinho, 90% dos três mil moradores trabalham, direta ou indiretamente, com os caxixis.

A importância da atividade na cidade é óbvia. Nas encruzilhadas, nas ruas, na praça "" os caxixis estão em toda a parte. E os oleiros se empenham para inventar novas peças.

Na Praça da Matriz, epicentro da produção artesanal da cidade, turistas observam as peças, pechincham, compram. Enquanto isso, guias mirins se oferecem aos visitantes e caixas de som ecoam músicas de pagode e arrocha.

Quando a maré sobe, as crianças transformam o píer em trampolim. Esquecem os turistas, o barro e parte para a água salobra do Jaguaripe. Mas a brincadeira que eles mais gostam é mesmo a de fazer escultura. Ali, muitos deles estão modelando o próprio futuro"?.

 

Ã? TUDO VERDADE, TAMBÃ?M...

 

NÃ?O ESTÃ? EM LUGAR NENHUM, ACABO DE INVENTAR:

Em Cachoeiro quase ninguém trabalha na produção de artesanato de mármore, Mas a cidade se auto-intitula capital mundial do mármore e do granito.

Nos quebra-molas de Cachoeiro as crianças NÃ?O se aproximam perguntando se "o senhor quer artesanato?"? Existe uma placa perto da ponte João Santos Filho, que liga o bairro Coronel Borges ao Baiminas, que indica uma "Praça do Mármore"?, mas é piada "" NÃ?O existe Praça do Mármore. Tentaram fazer uma, mas era atentado ao PDM; e o prefeito de então nem sabia dela. Placa alguma dá boas vindas aos visitantes de Cachoeiro, maior polo do mármore e do granito da América. Observando com atenção o cenário à sua volta, o visitante NÃ?O vai se deparar com nada de artesanato das pedras, sequer lojinha vendendo artesanato de mármore. A 130 km de Vitória e 400 km do Rio, a cidade se orgulha de nada: artesanato de mármore, que poderia sair dos rejeitos das suas 1000 empresas do ramo (de acordo com dados da associação local dos industriais), simplesmente NÃ?O sai "" preferem tratar os rejeitos (matéria prima) como lixo. Abandonam a matéria prima apropriada para o artesanato. O rejeito que se extrai, ou fica na jazida ou vai parar nas carrocerias "" continuam rejeitos.

E a qualidade do trabalhador cachoeirense é tanta que (dada a burrice de seus maiorais) ele está indo para grandes centros de artesanato. Está na revista HORIZONTE GEOGRÃ?FICO (nº 132), matéria de 8 páginas sobre Maragogipinho, cidade baiana de 3000 habitantes. Quem confirma a qualidade do artesão cachoeirense é Nistinho, o oleiro Elenílson Araújo. "Na sua oficina, o ajudante FERNANDO VAZ, modela mulheres negras, grávidas em sua maioria, com crianças no colo. Umas sorriem, outras nem tanto. Vaz saiu de CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, em busca de trabalho com as cerâmicas, motivado por uma reportagem da TV Brasil"?. Sem oportunidade em Cachoeiro, foi viver da sua arte, com felicidade, em Maragogipinho. Foi engordar o número de artesãos em Maragogipinho.

A importância do artesanato de mármore em Cachoeiro é óbvia. Mas nas encruzilhadas, nas ruas, na praça de Cachoeiro, o artesanato de mármore NÃ?O está. Na Praça Jerônimo Monteiro, turistas NÃ?O observam peças de mármore, NÃ?O pechincham, NÃ?O compram. Os guias mirins NÃ?O se oferecem aos visitantes; caixas de som NÃ?O ecoam músicas de Roberto Carlos, de Raul Sampaio, de Sérgio Sampaio.

No verão, nos fins de semana, as crianças vão para a praia. NÃ?O esquecem os turistas, que eles NÃ?O conhecem. Tem brincadeira que eles NÃ?O sabem que existe: a de fazer escultura. Em Cachoeiro, muitos deles NÃ?O estão modelando o próprio futuro.

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