De Quem é o Presente?

25/05/2013 14:08

Reza a lenda que perto de Tóquio vivia um grande samurai idoso que se dedicava a ensinar o "?zen"? aos jovens. Apesar de sua avançada idade, corria a boca miúda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro de outra província conhecido por sua falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação, onde após insultos desferidos, esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante.

O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho samurai aceitou o desafio.

Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. Ao final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado por não ter conseguido irritar o sábio, o impetuoso guerreiro, derrotado, retirou-se.

Desapontados pelo fato do mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: - "Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?"? O mestre retrucou - "Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?"? "" "Ora, a quem tentou entregá-lo, é claro!"? - respondeu um dos discípulos.

Então... O mesmo vale para a nós. A inveja, a raiva e os insultos, diria esse mestre, quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo e os veio entregar.

A nossa paz interior, depende exclusivamente de nós. As pessoas não podem nos tirar a calma, a não ser que nós permitamos.