Câmara cozinha: que não seja pizza - Jornal Fato
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Câmara cozinha: que não seja pizza


Na Câmara Municipal de Cachoeiro, em relação às diversas denúncias de improbidade contra o vereador Roberto Bastos (PMN), as coisas estão caminhando no rumo que se esperava. Não necessariamente o certo.

O vereador já escapou ileso da primeira denúncia, referente ao pagamento de salário a uma servidora que não trabalhou, pois estava no Canadá no período em que deveria prestar serviço à Câmara.

Bastos abonou a ficha de presença da funcionária ausente. Mas, no julgamento político, apenas a servidora foi punida. A Câmara exige que ela devolva o dinheiro recebido indevidamente. Ou seja, reconhece a irregularidade, mas atribui toda a responsabilidade à funcionária, que não poderia ter recebido sem o aval do vereador, ou, no mínimo, o cochilo da própria Câmara que pagou. A corda arrebentou do lado mais fraco, repito, como era de se esperar.

Outras três denúncias, juntadas num só processo, contra o mesmo vereador, estão para a avaliação dos parlamentares. Ã? bom enumerar para que o leitor não se perca em meio ao variado espectro de irregularidades:

1 -  Retenção, pelo vereador, de parte do salário de servidores, prática que, de tão comum, até apelido já tem, Rachid, para os íntimos.

2 - Servidora que nomeada pelo parlamentar e paga pela Câmara, na realidade prestava expediente integral em sua clínica "" ele é ginecologista. Por isso, ambos já têm a metade dos salários retidos pela Câmara por ordem judicial. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 80 mil.

3 - Uso de servidores, nomeados por ele, em sua campanha eleitoral, no tempo em que deveriam trabalhar na Câmara, de onde recebiam salário.

Nestes casos, que poderiam ter sido desmembrados, mas foram transformados em um, a Câmara tem jogado com o tempo. Sem ferir o regimento interno, poderia já ter colocado em votação, há duas semanas, a abertura de Comissão de Ã?tica para avaliar se as denúncias são graves o suficiente para provocar a cassação do mandato do parlamentar, mas não o fez. A votação só ocorrerá na próxima semana.

A situação já causa desconforto no próprio Legislativo, pois, o novo prazo, impede que dois vereadores, que já haviam votado antes "" no caso da funcionária fantasma "" pela instalação de Comissão de Ã?tica, façam o mesmo desta vez.

Os suplentes Joana D"?arck (PT) e Jonas Nogueira (PV) deixam, não sem protesto, o cargo antes da votação da próxima terça-feira. Em seu lugar, entram Wilson Dillen (PRB) e Tenente Moulon (PV) que deixam secretarias municipais por força da lei eleitoral, já que pretendem ser candidatos.

No passado recente, nesta mesma legislatura, a Câmara foi implacável na acertada cassação do mandato da petista Arlete Brito, que foi flagrada em gravações exigindo de uma funcionária, indicada por ela e contratada sem ter que prestar concurso público, o tíquete alimentação, que nem sequer chegou a ser entregue.

Desta vez, a denúncia de Rachid contra Roberto Bastos é ainda mais grave, pois, pelo que denuncia o Ministério Público, o vereador recebeu, reiteradas vezes, até valores ínfimos, mesmo dos servidores mais modestos. As outras duas graves acusações, reforçadas por depoimentos dos próprios ex-servidores, por si só, já configuram quebra de decoro.

Esses são os ingredientes que a Câmara cozinha, há duas semanas. Há suspeita de que alguns vereadores estejam amaciando, ao mesmo tempo, a massa para uma pizza. Seria indigesto.

"No passado recente, nesta mesma legislatura, a Câmara foi implacável na acertada cassação do mandato da petista Arlete Brito"?

Aspas

"Uma das empresas chegou a apresentar proposta antes mesmo de ser convidada, o que configuraria, até mesmo, infração às leis da física"?.

Ronaldo Domingues de Almeida

Juiz, em sentença que condena o ex-prefeito de Presidente Kennedy, Aluízio Correa, a seis anos de prisão (regime semi-aberto) por corrupção.

 

Sobe

Joana D"?Arck

A vereadora do PT se despediu da Câmara na terça-feira com cobranças firmes sobre a apuração das denúncias contra o vereador Roberto Bastos (PMN), processo do qual foi descartada com o uso do prazo limite para que a abertura de Comissão de ética seja votada. Ela, que é suplente, deixa a casa para o retorno do titular.

 

Desce

Neném Cadável

O vereador do PTB tanto fez e manobrou "" na oportunidade que teve se ausentou do plenário para não votar - que conseguiu deixar a Câmara sem se posicionar sobre as denúncias contra Roberto Bastos (PMN). Na próxima semana, Braz Zagotto (PTB) reassume a cadeira, da qual estava licenciado para ser secretário de Interior.

 

Vias de FATO

O presidente da Câmara, Júlio Ferrari (PV), se diz convicto da inocência de Roberto Bastos (PMN) no caso da funcionária fantasma. Mas, sendo assim, por que, ao invés de se abster, não votou contra a investigação?

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A tática de esfriar polêmicas tem sido utilizada pela Câmara da Serra, que sofre pressão popular após aumentar os salários dos vereadores em 61%, proposta vetada pelo prefeito. A apreciação do veto, regimentalmente, tem sido postergada.

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Fábio Mendes Glória (PMDB) não deve mesmo concorrer às próximas eleições. Está secretário de Habitação e Trabalho e deve permanecer no cargo até o fim.

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Esmael Almeida (PMDB) deixou a vereança na Câmara de Vitória para assumir o mandato de deputado estadual, após a licença de Rodrigo Coelho (PT), que foi para a secretaria estadual de Assistência Social.

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Começa hoje em Itaipava o Festival de Frutos do Mar. Nada mais apropriado, na Semana Santa.

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Até amanhã.

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