Arapuca maratimba

15/09/2011 23:57

Tenho acompanhado com muito interesse os desdobramentos do conflito entre o Ministério Público e a Prefeitura de Marataízes sobre a contratação de uma empresa de coleta de lixo em caráter emergencial, sem licitação, no verão de 2009, logo após a posse do prefeito Jander Vidal.

 Dois ótimos artigos sobre o assunto chamaram minha atenção. Um deles é o "Cheiro de politicagem"?, publicado em 30 de agosto, onde o diretor deste Fato, Wagner Santos, denuncia o possível uso eleitoral do ocorrido. "Há muito político apostando no quanto pior melhor"?, alerta. Outra excelente análise sobre a questão é do diretor do site Maratimba.com, Adriano Costa Pereira, sob o título "Limpou a cidade e foi processado"?. Adriano apóia a contratação e até republica matérias antigas, sobre o caos em que a cidade se encontrava, cheia de turistas e lixo por toda parte (caos que, embora registrado por todos os veículos de comunicação da época, curiosamente não foi identificado pelo Ministério Público).

 Mas o que tem de melhor no texto de Adriano fica apenas subentendido, quando ele afirma: "A conturbada transição do poder (Toninho > Jander) mostrou a falta de amadurecimento dos nossos políticos"?. E, mais adiante: "Se o abandono da cidade tivesse acontecido apenas no dia 1º de janeiro de 2009 tudo bem, mas a cidade já estava convalescendo há mais de 60 dias"?.

 Adriano põe o dedo na ferida. Ã? o que todo mundo sabe: em nosso país, muitos prefeitos que não se reelegem costumam abandonar a administração da cidade. E, me parece, pode ter sido este o caso de Marataízes. Simples: se o contrato da coleta de lixo estava prestes a terminar, em pleno verão, com a cidade lotada, por que a administração anterior não iniciou um novo processo licitatório para que o prefeito eleito pudesse terminá-lo tão logo tomasse posse? Por que o prefeito eleito não foi chamado a discutir o assunto, antes do leite derramado? Afinal, presume-se que o interesse da coletividade esteja acima das divergências políticas...

 Não me interessa comparar as gestões de Toninho Bittencourt e Dr. Jander Vidal, até porque acredito que os dois têm muitos acertos e muitas limitações, como é de se esperar num município com tão baixo orçamento. Mas acho que devemos dar a César o que é de César. No caso de Dr. Jander, a situação de emergência tornou imperativa a contratação sem licitação "" resta investigar se o contrato foi ou não lesivo aos cofres públicos.

 Mas vamos investigar também a administração anterior, que, segundo se comenta desde os tempos idos, teria agido (ou melhor, não agido) de caso pensado, armando uma arapuca para Dr. Jander, que agora responde por isso. E, de qualquer forma, se não foi esperteza política, foi no mínimo irresponsabilidade "" e irresponsabilidade é algo que não se deve admitir em gestores públicos.

 

 

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