Quase 200 animais silvestres são soltos na natureza em Guaçuí - Jornal Fato
Meio Ambiente

Quase 200 animais silvestres são soltos na natureza em Guaçuí

A ação faz parte das comemorações alusivas ao Dia da Árvore e contou com a parceria do Cereias, Ibama, Iema e Polícia Ambiental


Foto: Divulgação

Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) de Guaçuí, em parceria com o Centro de Reintrodução de Animais Selvagens (Cereias) e outros órgãos de defesa do meio ambiente, realizou, na tarde desta quinta-feira (19), a soltura de quase 200 animais silvestres. A ação, que aconteceu na propriedade rural do professor e ambientalista João Batista de Oliveira Gomes, faz parte das comemorações alusivas ao Dia da Árvore.

Foram devolvidos à natureza 166 aves e sete mamíferos oriundos do Cereias, localizado no município de Aracruz, no norte do Estado, resultado de apreensões dos órgãos de defesa do meio ambiente. Entre os animais estão canários-da-terra, coleiros (papa capim e baiano), bigodinhos, tiziu, sanhaços, trinca-ferros, sabiás, melros, jandaias, periquitos-maracanã, bigodinho, sanhaço, papagaios-chauá (que se encontram na lista de risco de extinção) e macacos saqui-da-cara-branca.

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Roberto Martins, o local foi escolhido pela Semmam, com parecer favorável do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). "Esta foi a terceira soltura promovida pela Semmam em um ano e 10 meses, em parceria com o projeto Cereias, devolvendo à natureza quase 400 animais silvestres", destacou.

Dentre estes animais, o destaque entre as crianças foram os sagui-da-cara-branca. Eles arrancaram gargalhadas e gritos de alegria enquanto ganhavam os galhos das árvores próximas. Alegria que também ficou clara em cada pássaro que ganhava a liberdade, apesar de uns três ou quatro precisarem de um cuidado especial, com alimentação e água, devido ao cansaço da viagem. Mas assim que recuperam a energia, procuram a mata. "Esses animais vêm de longe, da sede do Cereias, em Aracruz, e temos que aplaudir o trabalho do José da Penha e dos policiais que vieram até aqui para nos dar essa alegria e voltar ainda hoje", contou Martins.

Já os 15 papagaios-chauá ficarão em um viveiro até se acostumarem com o ambiente e ganharem a liberdade naturalmente, porque são animais que necessitam de um período maior de adaptação. Estas aves são vítimas de traficantes e, hoje, a população estimada está entre 1 mil e 2,5 mil indivíduos, sendo uma espécie considerada ameaçada de extinção pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês).

Além do secretário Roberto Martins e do proprietário da área professor João Batista de Oliveira Gomes, a soltura contou com a participação de 65 alunos, com idade entre 9 e 15 anos, da Escola Municipal José Antônio de Carvalho, do distrito de São Tiago, integrantes do Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA), representantes do Lions Club, o biólogo responsável pelo Cereias, José da Penha Rodrigues, o coordenador da Defesa Civil, Joilson Wagner Costa, e a sargento da BPMA, Analzira Martins, acompanhada de uma equipe da Polícia Ambiental que monitorou e registrou, em boletim de ocorrência, toda a ação.

Animais plantadores da mata

Falando aos alunos, o secretário Roberto Martins, junto o biólogo José da Penha, explicou que todos os animais possuem papéis importantes para o equilíbrio da natureza, porque são eles que dispersam sementes e, portanto, plantam árvores, controlam populações de outras espécies e ainda produzem remédios para a cura de muitas doenças, inclusive, humanas. "A função deles é primordial para a existência de outras espécies e a região do Caparaó tem o privilégio de possuir muitas espécies de animais silvestres que possibilitam a manutenção da vida em seus diversos níveis, evitando o desequilíbrio ecológico", destacou Roberto Martins.

Eles acentuaram que a existência da cobertura vegetal e diversidade genética da flora local dependem diretamente da ação de alguns integrantes da fauna silvestre, tendo os insetos voadores e pássaros como maiores protagonistas. Os insetos, na busca por alimento, como o néctar das flores, fazem a polinização, carregando involuntariamente os grãos de pólen que fecundam flores de outras árvores da mesma espécie em áreas diferentes. Já as aves e mamíferos frugívoros (que comem frutas) são considerados os "plantadores da mata", pois alimentam-se dos frutos nativos e dispersam as sementes pelas fezes.

Além disso, o controle populacional é outra importante função dos animais silvestres na natureza, pois eles integram uma cadeia alimentar bem organizada, onde os consumidores primários dependem da flora em equilíbrio para sobreviverem, porque são animais herbívoros e servem de alimento para os consumidores secundários (algumas espécies de serpentes, corujas e mamíferos carnívoros de médio porte) que, por sua vez são predados pelos consumidores terciários ou os chamados "animais topo de cadeia", representados pelas aves de rapina, répteis e mamíferos carnívoros de grande porte. "Por isso, preservar esses animais é essencial para manter a diversidade biológica e tal desafio é responsabilidade de todos", conclui o secretário.

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