Rasteiras da vida

10/05/2017 00:00

Levar rasteiras da vida é fato recorrente para quem muito viveu. Acontecem em momentos e situações inesperadas, geralmente quando curtimos um tempo de paz e alegria. Lembro-me de um fato que marcou a minha história ? quando saí do Cursilho de Cristandade estava em pleno estado de graça. Ao chegar em casa a família me aguardava em festa e naquele momento de grande alegria recebo o comunicado de que minha mãe estava muito mal. Foi como um balde de água fria na cabeça. Até hoje questiono se a notícia tinha que vir daquela forma e naquele momento. Não adianta discutir tempo e ocasião, a vida não pede licença para ser incoerente ou dramática. Apenas acontece. Comigo houve inúmeras outras situações em que perdi o chão e não consegui vislumbrar uma luz de esperança. Apenas com o tempo vem a resposta...

 

Não me cabe questionar Deus, o destino ou a fatalidade, porém que a vida me parece injusta, inúmeras vezes, não posso negar. Como aceitar ou tentar entender o final de uma vida no auge de criatividade e de expectativas futuras, como a de Roney Moraes? Acompanhei a luta do amigo pelo conhecimento, pelo crescimento profissional, pelo aprimoramento em várias áreas ? jornalista, psicanalista, professor, escritor; e o carinho pela família e pelos amigos, que chegava a ser comovente. Não se restringia a ajudar a si próprio, estendia as mãos aos irmãos que precisavam do seu exemplo de luta e vitórias. Um lutador das artes marciais e defensor de suas crenças religiosas e políticas ? ?sem perder a ternura jamais ?!

 

Buscava se aprimorar incansavelmente - os seus finais de semana eram dedicados a seminários, cursos, congressos e tudo que pudesse agregar valor a profissão que escolhera. E junto as suas mulheres do coração - esposa, mãe e tia, curtia na praia os finais de semana de lazer, além de apreciar música, festas, viagens, futebol, afinal um entusiasta pela vida e a vivia em plenitude! E entre cursos, pós-graduação e trabalho, escrevia e bem. Envolveu-se plenamente com a literatura, foi participativo nas Bienais, membro no Conselho de Cultura e por mérito eleito Presidente da Academia Cachoeirense de Letras, e antes mesmo de tomar posse, nela protagonizou uma reviravolta. Realmente não nos cabe questionar, mas sua passagem prematura desta vida não estava nos prognósticos, e sentimos na carne a dor da perda do querido amigo e companheiro.