Os álbuns de fotografias

A maioria das fotos selecionadas e organizadas em álbuns, cada filho em separado. Que trabalheira!

12/06/2024 09:08
Os álbuns de fotografias /Foto Reprodução Web

Criei coragem e comecei a abrir gavetas repletas de álbuns de fotografias dos meus filhos. Eles saíram de casa para estudar, montaram as próprias casas e nunca se dispuseram a pegar seus álbuns de fotografias, que carinhosamente organizamos para cada ocasião especial da vida deles ? formaturas desde o pré-primário, primeira comunhão, apresentações de danças, festas juninas, desfiles, carnavais, entre outros. A maioria das fotos selecionadas e organizadas em álbuns, cada filho em separado. Que trabalheira! Como eu tinha tempo nem sei, três filhos, trabalhando muito, com poucos recursos financeiros, sem o apoio dos avós, idosos ou desinteressados, sem babá, apenas nós dois, juntos sempre, eu e meu marido.

E ainda juntos, após décadas, fomos separando álbuns e fotos para destiná-los aos seus legítimos proprietários, que nem sei se vão dar o devido valor ao trabalho que tivemos e a demonstração de amor e carinho em retratar a história da infância de cada um.

E admirando as fotos fiquei pensando no papel das mães, que sempre acham que não são boas o suficiente. Meus filhos reclamam dos tapas que eu dei, até que fomos participar da ?Escola de Pais? e aprendemos que eram desnecessários. Educávamos seguindo os padrões da nossa própria educação retrógrada.

E olhando as fotos, vendo meus filhos participando de tudo que se oportunizava para eles, aulas de dança, inglês, jiu-jitsu, catequese, frequentavam o clube quase diariamente, iam para a escola impecavelmente vestidos e com as merendeiras recheadas, num tempo que não havia cantinas, acordava uma hora antes, porque ao deixá-los na escola eu ia direto para o trabalho. E posteriormente dois netos vieram morar conosco.

E lembrei-me da minha amiga que me causava inveja, porque punha os filhos para dormir contando histórias, e eu dormia junto de tão cansada. Até que numa apresentação de dança eu comparei minhas filhas com a dela, as fantasias das minhas cobertas de paetês que eu mesma havia bordado e a dela com alguns paetês pregados ao léu! Naquele dia eu aprendi a lição: Cada mãe é boa dentro das suas capacidades, se não contei histórias fui capaz de bem inseri-los a viverem as suas próprias histórias.