Definir prioridades - Jornal Fato
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Definir prioridades

Lembro-me que no início da pandemia chegavam as notícias da Itál


Lembro-me que no início da pandemia chegavam as notícias da Itália, onde morriam centenas de idosos diariamente, e assustava-me a informação de que nos hospitais superlotados a preferência para internações nas UTIs era para os jovens, devido a maior expectativa de vida. Como quase nada se sabia a respeito da doença, de como era transmitida, a lógica usada era injusta, porém razoável. Hoje me deparo com a triste notícia, se ainda pode haver tristeza maior do que o quadro geral que se apresenta, que o Estado, com lotação total nos hospitais, avalia protocolo que defina quem tem prioridade em ocupar as vagas nas UTIs. Para mim a resposta é uma só, a prioridade é para todo aquele que respeitou os protocolos, ficou em casa, não se aglomerou, usou máscaras e pegou o vírus pela falta de cuidados de algum familiar. Foi prá balada? Curtiu praia lotada? Se aglomerou em manifestos? Não usou máscaras ou negligenciou seu uso? É um negacionista? É um egoísta que pouco se lixa pelo outro? Se você faz parte desse grupo, ao pegar o vírus mantenha sua coragem e ousadia e vá morrer sozinho, sem ocupar o espaço de um infeliz que precisa da vaga causada pela sua inconsequência.

Não consigo entender o que passa na cabeça dos negacionistas, que não acreditam nos números computados diariamente pelas secretarias de saúde de cada município assolado pela pandemia, que questionam nas redes sociais onde estão as vagas dos milhares que morrem a cada dia, e não acrescem o número muito maior de pessoas que adoecem também a cada dia. É uma questão de lógica, bom senso e menos ignorância. Me solidarizo com Governadores e Prefeitos que necessitam de decretos para tentar aplacar o furor da pandemia e de controlar as vagas dos hospitais e prontos atendimentos lotados e já com falta dos insumos hospitalares, que precisam colocar barreiras e policiamento nas praias, que têm que enfrentar a insanidade de quem teima em desrespeitar as autoridades, e muitas delas agindo sem o respaldo da lei e insuflando a população desesperada pelas outras consequências nefastas da pandemia,  que são a fome, a miséria e o desemprego. Imagino que a Câmara de Vereadores pode criar projetos que possibilitem ao executivo destinar recursos, alimentos e todo tipo de auxílio, como isenção de contas de luz e água, para os que estão em situação calamitosa. E as Secretarias Municipais desenvolverem um trabalho conjunto que facilite o isolamento da população. A pandemia mata, a fome e o desemprego desesperam. Que se mobilizem Prefeitos, Vereadores, Igrejas e Clubes de Serviço num projeto único, para não permitir que a calamidade da doença e da fome dizime o povo. Só sairemos dessa com a união, enquanto a vacina não chega para todos.

 

Marilene De Batista Depes

 


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