A pedagogia de Cristo - Jornal Fato
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A pedagogia de Cristo

Ao observar a Santa Ceia sempre penso que, se o fato tivesse acontecido nos tempos atuais aquela mesa estaria formada por apóstolos de ambos os sexos


Foto ilustrativa

Ao observar a Santa Ceia sempre penso que, se o fato tivesse acontecido nos tempos atuais aquela mesa estaria formada por apóstolos de ambos os sexos. Jesus não fazia acepção de pessoas, e só não andava cercado de mulheres porque a situação delas, naquela época, era de total submissão. Encontramos nos Evangelhos várias passagens de Jesus com as mulheres, fato que causava estranheza aos judeus. Ele pediu água a samaritana, que além de mulher era estrangeira e ela se admirou da atitude dele, defendeu a mulher adúltera que ia morrer por apedrejamento e era amigo íntimo de Lázaro e das suas irmãs Marta e Maria, em cuja casa se hospedava. E entre seus seguidores sempre havia mulheres destemidas, que burlavam a lei restritiva da época para o acompanhar, ouvir os ensinamentos e pedir milagres ao Mestre.

No Evangelho de João 20, 11-18, Jesus ressuscitado não se apresenta primeiro a nenhum de seus apóstolos e sim a uma mulher, Maria Madalena. Exatamente ela que acompanhada de outras duas mulheres, Maria, a mãe de Jesus e a irmã dela, Maria, mulher de Cleófas, estiveram junto da cruz, e outras mais que assistiram à distância. Quem narra essa passagem é João, que se auto intitulou o discípulo amado, o único que acompanhou Jesus até o final e a quem ele pediu que cuidasse de sua mãe. Maria Madalena foi até o túmulo de Jesus por duas vezes, na primeira observou que fora retirada a pedra da entrada e correu para avisar aos apóstolos.  Na segunda vez, ainda de madrugada, Maria chorava tanto ao lado do túmulo vazio que nem percebeu a presença de Jesus ao seu lado. É o que acontece conosco no meio de muita dor, não deixamos Deus tomar conta dos nossos sofrimentos e ficamos cegos e incrédulos como Maria Madalena. Só que ela superou a sua incredulidade quando Jesus se identificou, e saiu correndo e anunciando que o Senhor estava vivo e ressuscitado. A uma mulher foi dada a missão de primeiro anunciar aos apóstolos a palavra de vida.

O choro de Maria é o nosso choro, é o choro de tantas mães que perderam seus filhos, é o choro da humanidade sofrida. A dor, quando muito forte, nos cega e não nos deixa perceber os irmãos que vivem situação bem pior que a nossa. Essa pandemia é a oportunidade, no meio da tragédia, para abrirmos nosso coração ao outro, e entender que precisamos de tão pouco para sermos felizes - basta saúde, trabalho e paz. A pedagogia de Cristo é perfeita, ensinou com seu exemplo e num tempo que nem se falava em direitos humanos ele foi precursor, apenas seguindo seu coração.

 

Marilene De Batista Depes

 

 

           


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