A fauna silvestre pede socorro

Em relação ao aumento considerável de animais silvestres invadindo os quintais urbanos, tal fato corresponde resposta ao desrespeito do ser humano com o espaço que lhes pertence

25/09/2024 08:46
A fauna silvestre pede socorro /Foto: Reprodução/Instagram

Meu marido anuncia que encontrou na cozinha um rato enorme, de rabo duro, comendo frutas. Estranhei o exagero no tamanho do rato, mas acreditei na descrição feita. Observei mamão e banana roídos. Nas noites seguintes o fato se repetiu, decidi então comprar uma ratoeira, contudo o experiente vendedor, ao ouvir minha história, alertou-me tratar-se de um gambá o nosso visitante noturno. Passei a colocar bananas e mamão na área externa e a manter a porta fechada. E o rato travestido de gambá não mais visitou sorrateiramente minha cozinha.

Outro fato merece ser considerado, no quintal tenho muitas árvores frutíferas, e alguns saguis são moradores habituais. Para mantê-los alimentados e respeitando nossas jabuticabas, jambos e abius, coloco bananas e mamões diariamente em locais pré-estabelecidos. Contudo nos últimos dias a quantidade deles aumentou consideravelmente, surgiram mães com filhotes nas costas e alguns adolescentes misturados ao grupo.  Tive que dobrar a quantidade de frutas para alimentá-los.  

Observo também um aumento consistente de pássaros, pela rapidez que dão conta da ração diária de canjiquinha. E por inúmeras vezes uma revoada de maritacas ataca abius e carambolas. Tento me conformar imaginando que a natureza pertence a eles, que não possuem condições de comprar seus alimentos nas feiras.

Mas em relação ao aumento considerável de animais silvestres invadindo os quintais urbanos, tal fato corresponde resposta ao desrespeito do ser humano com o espaço que lhes pertence, através de queimadas, construções nas áreas de preservação ou tragédias climáticos, como a seca que assola o país neste ano. Conscientes da situação calamitosa em que vivem, podíamos tentar amenizar o desequilíbrio ambiental que os animais sofrem, além da desproteção.

E me solidarizo com uma senhora que tenta salvas três gambazinhos, cuja mãe foi envenenada por um cidadão que não tolera animais invadindo seu quintal. Se cada um puder colaborar com alimentos e água, possibilitaremos para nossos filhos e netos um mundo cuja natureza seja respeitada e preservada, e a fraternidade vivenciada por todos.