Autocrítica

09/01/2018 00:00

A primeira condição para se escrever com estilo é ter alguma coisa para dizer. (Schopenhauer). Li esta frase na coluna do Mansur do dia 16 de dezembro, no Fato, e ela caiu como uma luva para mim. Já há algumas semanas tenho andado preocupado com as coisas sobre as quais escrevo ? e em especial como escrevo. Venho pensando bastante sobre isso.

 

E eu me preocupo porque, se podemos dizer que falar qualquer coisa simplesmente por falar já é algo no mínimo arriscado, escrever por escrever pode ser muito pior, pode ser desastroso. Sim, porque o que se fala se perde no vento, com o tempo se esquece; mas o que se escreve, permanece, ainda mais quando se assina embaixo. Portanto, se escrevo algo ruim, no conteúdo ou na forma, teremos uma experiência desagradável sempre que passarmos os olhos sobre aquilo, novamente. Daí que eu tenho pensado muito sobre o que tenho escrito, sobre a forma como tenho cumprido meu oficio e não estou muito satisfeito, não.

 

Os que me conhecem sabem que sou uma pessoa muito crítica, exigente, em especial comigo mesmo e com as coisas que faço. Sempre que me proponho a fazer algo, quero fazê-lo da melhor forma possível ? sei que não atingirei a perfeição, e nem quero, mas sempre faço o melhor que posso. Não pretendo ser melhor que ninguém agindo assim, mas quero ser melhor do que sou, sempre que possível. E sinto que a qualidade dos meus textos tem piorado com o tempo, apesar de ainda não ter recebido nenhum comentário nesse sentido.

 

A impressão que tenho é que passei, de uns tempos para cá, a escrever por obrigação, tão somente. Passei a cumprir uma responsabilidade assumida, pura e simplesmente, o que não é nada bom quando se depende de criatividade, de paixão, para dar conta do recado. Tenho me sentido como o empregado que chega ao seu posto de trabalho, bate o ponto na entrada e na saída, cumpre a jornada de seis, oito horas, depois vai embora. Um dia depois do outro, fazendo sempre a mesma coisa, meio que no automático.

 

E quando a monotonia toma conta de quem escreve, e a sensação de enfado começa a ocupar o lugar onde antes havia prazer, é preciso que se acenda um sinal de alerta, bem grande. Procuro razões para isso, mas não encontro; não sei se cansei de escrever, se perdi o interesse ou o encanto pela coisa. Não sei. Sei apenas que se antes eu escrevia seis, oito crônicas num mês, hoje consigo escrever apenas o necessário para atender ao combinado, uma por semana. O que não é nem um pouco legal.

 

E aí, vai fazer o quê? ? você pode me perguntar. E eu respondo: vou continuar a escrever, da melhor forma que eu puder, como sempre fiz. Se for preciso, vasculharei, revirarei e reviverei minhas memórias para encontrar assuntos interessantes, causos antigos que mereçam ser compartilhados. Pensarei sobre meus conceitos e valores e conversarei sobre eles com quem quiser fazê-lo. Enfim, estarei atento ao que acontece ao meu redor e buscarei encontrar sobre o que falar.