Viver não é para amadores

Temos o péssimo hábito de buscar a perfeição.  Sim, é péssimo, é utópico, é inatingível  O simples fato de CRERMOS na possibilidade demonstra toda a nossa arrogância e o desconhecimento de quem somos: IMPERFEITOS.  Queremos o relacionamento perfeito, o emprego perfeito, a sociedade perfeita, o candidato perfeito. Buscamos a felicidade plena e constante.  O bizarro disso tudo é que, na incapacidade de atingir a perfeição, nos contentamos com o medíocre. Não queremos melhoras graduais, não aceitamos nada menos do que 100%. É tudo ou nada! Assim, vivemos relacionamentos falidos, na esperança de encontrar o amor da vida, em vez de aproveitar os relacionamentos que temos, pelo tempo que temos. "Infinito enquanto dure", já dizia o Poetinha.  Encaramos empregos insatisfatórios, sem coragem de abandonar a estabilidade do insuficiente por, apenas, uma pequena melhora.  Aceitamos uma sociedade doente e condenada, onde trancamos nossos filhos em casa e nossos pensamentos na mente, porque é muito trabalhoso iniciar uma resistência cultural que não atinja a plenitude.  Votamos nos mesmos calhordas e corruptos, que destroem há décadas nosso país, porque não encontramos um candidato com quem não discordemos em nenhum ponto. Se não é pra ser perfeito, deixa como está.  Desta forma, na busca da vida feliz, esquecemos dos momentos felizes e menosprezamos tudo aquilo que nos é atingível.  Em nossa incapacidade de -humildemente- aceitarmos nossa imperfeição, nos tornamos cada vez mais imperfeitos. Em nossa ganância de não aceitarmos qualquer felicidade, acabamos sem felicidade alguma.  Definitivamente, VIVER NÃO É PARA AMADORES.