Os sussurros de Deus - Jornal Fato
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Os sussurros de Deus

Todos os dias lidamos com pessoas diversas de nós e percebemos que cada uma delas carrega em si uma marca


Todos os dias lidamos com pessoas diversas de nós e percebemos que cada uma delas carrega em si uma marca, uma essência, uma história única e todas, sem exceção, vez e outra, querem se esquecer de algum fato, de algum erro, de algum trauma. Muitas expressam o desejo de se libertarem de algum medo ou de algum comportamento.

Quando se percebe que cada ser humano tem uma história que interfere na construção de sua identidade, fica mais fácil entender o porquê de algumas atitudes desajustadas, inaceitáveis e de difícil compreensão. Contudo, algumas ações não são passíveis de serem aceitas de modo que sua contextualização não a justifica.

Limitações temos todos. O problema surge quando se opta por consolidar o dito popular: "pau que nasce torto, morre torto".

De modo particular, não concordo com esse ditado. Ao contrário, penso que ele expressa a ignorância de quem ainda não entendeu que, a cada dia, temos a oportunidade do amadurecimento e que, mesmo diante dos desafios que nos são lançados, alguns capazes de nos balançar, outros, talvez, aptos a, por um breve momento, nos derrubar, podemos aprender a arte de melhorar a cada dia. Afinal, que sentido teria a vida se, junto à idade, não se pudesse consolidar a maturidade?

Por falar em desafio, um dia desses recebi uma mensagem que dizia o seguinte: "E quando eu não sabia mais o que fazer, Deus sussurrou: Confie em mim."

Embora eu não consiga ler a grande maioria das mensagens que eu recebo pelas redes sociais, essa, por eventualidade, eu li, e, com ela, concordei.

Isso porque nunca vi um ser humano tão autossuficiente que fosse capaz de dar conta de todos os relances de sua vida sozinho. Ainda não conheci quem nunca tenha chorado, quem nunca tenha se irritado, quem nunca tenha se arrependido, quem nunca tenha se decepcionado e/ou nunca tenha sido a decepção de alguém. Nunca vi alguém que pudesse revelar-se, no real sentido da palavra, completo em si próprio.

Ao contrário, já conheci muitas pessoas que, em algum momento, pensaram em desistir, que, por vezes, não souberam como agir e que, mesmo realizando todos os seus sonhos, de repente, se sentiram vazias, como que carentes de algo, em geral, desconhecido.

Diante da realidade que já conheci, entendi que, em muitas dessas situações nas quais a insegurança nos alcança, sem entender, sem perceber e, mesmo sem escutar, fomos guiados pelo sussurro de Deus.

Assim, se nem sempre damos conta de nossas próprias vidas e se somos levados a confiar em Deus, por certo, impensável a existência de um ser humano que não possa ser melhorado.

Ademais, se o crescimento emocional e comportamental acompanham os dias de vida, não se pode afirmar - e jamais se poderá - que "pau que nasce torto, morre torto". Isso somente acontecerá na vida dos autossuficientes demais que, apesar das chibatadas lançadas pelo acaso, continuam surdos aos sussurros de Deus e acreditando, em vão, que dão conta sozinhos e, por isso, muitas vezes, de fato, acabam enfrentando a solidão.

 

 

 

 

 

 


Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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