No Salmo 30, versículo 5, da bíblia cristã, o salmista afirma que ?o choro pode durar uma noite, mas que a alegria vem pela manhã?.
O ano de 2020 foi uma longa noite de choro em decorrência dos percalços causados pela pandemia COVID-19.
Por vezes, do silêncio de nossos corações, foi possível ouvir gritos mudos de dor causados pelos casamentos adiados; pelo adeus que não pôde ser dado; pela saudade inesperada; pelos abraços impedidos; pela solidão do isolamento social; pelos...
Em 2020, avós perderam o convívio da alegria dos netos; filhos e pais se isolaram; empresas encerraram suas atividades; trabalhadores diversos perderam suas rendas; profissionais da saúde trabalharam com uma pressão nunca antes experimentada e, por amor, muitos pereceram; escolas ficaram vazias; a educação sofreu graves prejuízos; templos religiosos ficaram abandonados.
Muitas foram as razões para o choro... que parecia não chegar ao fim. Quantos sustos com notícias de partidas precoces de amigos e/ou conhecidos? Quantas lágrimas e quantas dores físicas e emocionais?
Contudo, como ensina o salmista, o choro um dia chega ao fim. Esta semana, a esperança, que chegou ao Estado do Espírito Santo, inclusive à cidade de Cachoeiro de Itapemirim, com a distribuição das primeiras doses da vacina que irá imunizar a população contra tão violento vírus, começa a secar as lágrimas.
Junto a esperança, lembro também que, para os que creem, Jesus Cristo nunca mentiu sobre as aflições que teríamos na vida, mas, em meios às lágrimas que, vez e outra, nos alcançarão, Ele nos afirma que, como Ele venceu, também venceremos.
É bem verdade que o sentido de vitória assegurado por Cristo, nem sempre nos realiza sob o olhar desta vida passageira. Contudo, nos alegra pela certeza ? pela fé ? de que a vida não se encerra com a morte, ao contrário, assim como Ele venceu a morte, realidade que a história do homem não consegue negar, também a venceremos.
Digo isto porque há muitos entre nós que ainda sofrem pela saudade dos queridos que não superaram a doença, mas, mesmo neste caso, ainda podemos ter esperança.
Todavia, para nós que, apesar dos percalços, temos sobrevivido aos males, a vacina se revela como um novo tempo, como uma nova oportunidade de recomeço.
Embora a superação da pandemia, mesmo com as mutações do vírus, seja, em nome de Jesus, uma breve realidade, por certo, o ano de 2020 jamais será esquecido. Afinal, nenhum ano, antes dele, nos ensinou tanto acerca das coisas que, de fato, são importantes.
Isto porque, em meio aos dramas vividos, sem dúvida alguma, percebemos que, mais que bens materiais e fungíveis, o que iremos levar desta vida, que um dia se esvairá, serão os abraços dados, o amor compartilhado e o bem que fizermos na vida daqueles que, por escolha ou por destino, cruzarem nossos caminhos nesta limitada e fugaz existência.