Pesquisadores brasileiros desenvolvem estudos na Antártida - Jornal Fato
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Pesquisadores brasileiros desenvolvem estudos na Antártida

Instalada em 1984, a estação científica do Brasil na região soma pesquisas em áreas como oceanografia, biologia, física, metereologia e paleontologia


Estação Comandante Ferraz - Foto: Samy Liberman

m continente com 14,5 milhões de km², quase todo coberto por gelo, sem população nativa e que não pertence a nenhum país. Essa é a Antártida. O território gelado é um campo de pesquisas para 29 países que mantêm bases científicas por lá, entre eles o Brasil.

Instalada em 1984, a estação científica brasileira na região (Estação Comandante Ferraz) soma pesquisas em áreas como oceanografia, biologia, física, metereologia e paleontologia. Nos últimos sete anos, 250 cientistas brasileiros trabalharam em 25 projetos na Antártida.

Conhecer melhor esse continente é fundamental para estudar as mudanças climáticas e aprimorar os serviços meteorológicos, uma vez que a região controla as circulações oceânicas e atmosféricas de todo o mundo.

Pesquisadores das Universidades Federais da Bahia e de Pernambuco estão na Antártida estudando o impacto das correntes marítimas do continente no clima brasileiro, como explica o vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Moacyr Araújo.

"Sabemos que o oceano comanda o clima do planeta. Nessa região é muito importante a gente conhecer essa troca de calor para que a gente possa ter uma melhor previsão do que vai ocorrer no futuro", disse o pesquisador.

A paleontóloga Juliana Sayão já participou de quatro expedições à Antártida. Ela trabalha no Museu Nacional, localizado no Rio de Janeiro, e pesquisa a história do passado do continente gelado. Foram os pesquisadores brasileiros que encontraram os primeiros registros de pterossauros, espécie de réptil voador, na Antártida.

                                                                   Estação Comandante Ferraz | Foto: Samy Liberman

"Os pterossauros são encontrados em praticamente todos os continentes, mas até hoje não haviam sido registrados na Antártica. Então, com essa descoberta, conseguimos traçar como era a rota desses animais na época que eles viviam, como se deslocavam de uma massa continental para outra. É muito importante nosso trabalho porque toda a diversidade atual do nosso planeta tem uma origem no passado", detalhou a paleontóloga Juliana Sayão.

Mais de duas toneladas de fósseis já foram localizadas debaixo do gelo. São exemplares de plantas e de animais com 80 milhões de anos. Fósseis da época em que a Antártida era quente, coberta por uma floresta.

Navio

Cerca de 40% das pesquisas brasileiras realizadas na Antártida são produzidas a bordo do navio polar Almirante Maximiano, que pode ser definido como um laboratório flutuante. O navio circula transportando pesquisadores que estudam a região.

"É um laboratório de pesquisa que conduz em sua tarefa principal até 30 pesquisadores que vão se revezando ao longo da operação Antártida. A importância disso é fazer com que o Brasil tenha uma pesquisa de relevância no cenário internacional e possa participar e ter poder de voto e de veto no programa Antártico", explicou o Capitão de Mar e Guerra e comandante do navio, Cândido Marques.

Pesquisas feitas a bordo do Almirante Maximiano já revelaram que uma mudança climática na Antártica, distante mais de 5 mil quilômetros do Brasil, pode provocar, por exemplo, chuvas intensas na região Centro-Oeste do Brasil.

                                                               Estação Comandante Ferraz | Foto: Samy Liberman

Recursos

No ano passado o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, destinou R$ 2 milhões para a montagem de 17 laboratórios, 16 do próprio MCTIC, e um da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na estrutura da nova Estação Comandante Ferraz. Entre os equipamentos que compuseram os laboratórios estão geladeiras, freezers e destiladores, que são fundamentais para a execução da atividade científica no continente antártico.

Programa Antártico

O Programa Antártico Brasileiro foi lançado em 1982 para explorar a Antártida em termos científicos. O Proantar, como também é chamado, é desenvolvido pela Marinha Brasileira em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Toda a pesquisa e ciência no continente gelado têm como referência a Estação Comandante Ferraz. A base entrou em operação em 1984, sendo totalmente reconstruída depois de incêndio em 2012, que destruiu 70% da antiga estrutura. A previsão é que a nova Estação Comandante Ferraz seja inaugurada neste mês de janeiro.

Segundo o Tratado Antártico, que é de 1959, a única atividade prevista na Antártida até 2048 é a exploração científica. Não são permitidas a ocupação territorial e militar no continente, que é rico em minérios, petróleo e gás natural em seu subsolo.

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