Uma subida a Vargem Alta

Em Vargem Alta, encontrei Gilson Leão muito feliz

01/02/2019 08:51
Uma subida a Vargem Alta

Em Vargem Alta, encontrei Gilson Leão muito feliz. Ao lado de Fátima, ele cuidava de suas coisas e foi buscar um saxofone. Colocou o CD no prato e música conhecida veio acompanhada do som do sax. Som produzido por ele, na hora, e som trazido pelo CD onde ele gravara seu sopro ao lado do original ? um jazz. Era ? sinto ? o que Gilson queria: - estar nas montanhas e tocar a música (sente saudade do pai, ele confessou a outro amigo).

A pequena propriedade que Edil Leão, seu pai, lhe deixou em Vargem Alta, já antes o paraíso, transforma-se agora, pelas mãos de Gilson, em outro paraíso, iguais na essência de pai e de filho; moldado nesse instante pela essência própria de Gilson.

Ele começa trabalho novo nas montanhas. Carregou a vida inteira carreira burocrática de bancário, mas sempre com a alma dando escapulidas e voando alto, além-montanhas, desgarrada de formulários contínuos e modelos padronizados. Gilson, eu sabia, sofria as mágoas de repetição das coisas, do que ele não gostava, mas cumpria tal qual Sísifo, a empurrar a pedra imensa montanha acima, para vê-la, no topo, rolar abaixo e, no dia seguinte, fazê-la subir... e vê-la descer novamente, hoje, amanhã, interminavelmente. Essa a vida de bancário, de burocrata que não quer ser bancário ou burocrata. Isso vi não só hoje, mas na vida inteira do amigo forçado pelas circunstâncias e se amordaçar e ser amarrado nos meandros e peças que a vida prega.

Mas não era isso que eu queria dizer, embora me sinta bem em tê-lo dito. O que quero dizer é que Gilson Moreira Leão, bem aproveitando a melhor herança deixada por seu pai, está pronto para receber turistas (sim, somos todos turistas ? se tivermos coragem de ir para o mundo) em Richmond, 8 km acima de Vargem Alta, o carro serpenteando pela estradinha de 8 km de terra batida (estrada boa), cuja continuidade vai a Iconha e que vai ser asfaltada, nem sei para o bem ou para o mal.

Vi o que Gilson fez, como conheci, também, poucos metros à frente, algo igual construído pelo dentista Beto Carvalho, igualmente preparado para receber visitantes. São, ao todo e por enquanto, de Gilson e Beto, empreendimentos individuais, 10 suítes alugadas para casais ou até 4 pessoas por suíte, em valor, por fim de semana, que te vai surpreender, podendo o fim de semana, quem sabe, começar na sexta e terminar quando os raios de sol e a neblina das segundas começarem a luta sadia sobre quem vencerá: ou cálido do sol da montanha ou as neblinosas nuvens puras de Vargem Alta.

(Antonio Edil Leão, pai de Gilson, em visita que lhe fiz ? 20 anos se foram (35 agora) -, me ensinou a prática: desmanche o fumo do cigarro e esfregue-o inteiro na parte interna do para-brisa. Não mais haverá condensação de ar no para-brisa).

Os turistas de Vargem Alta, alguns franceses, a maior parte da capital do Estado, estão tomando conta das montanhas ? lá frequentam em fins de semana. Nós, daqui, ainda com espírito suburbano, continuamos achando que turismo é (só) exterior, ou seja, para a maioria, é só sonhar.

Sonhe meu amigo, mas sonhe melhor nas montanhas de Vargem Alta, tão próxima e tão bela, tão pequena e tão agradável, tão inexplorada e tão à nossa espera.

(Texto que publiquei em julho de 2005, saudando a então nascente atividade turística em maior escala, em Vargem Alta. É também homenagem que faço ao pai de Gilson, Antonio Edil Leão, de quem ouvi tantas boas coisas e lições no meu mais de um quarto de século com funcionário do Banco do Brasil, em Cachoeiro de Itapemirim).

 

O Sul marca encontro em Marataízes

Parece-me que, finalmente, o Sul do Espírito Santo começa-se a se integrar, seja em artesanato, seja em cultura, seja em moda, seja em gastronomia.

Um exemplo que me parece indicar isso é o denominado ?Misturaê ? Feira de Moda Criativa e Gastronomia?, que acontece nos dias 1 a 3 e 8 a 10 de fevereiro corrente, no horário de 14 às 22 horas, no ESPAÇO INSPIRAR, na rua da Pousada Miramar, na vizinha Marataízes.

Visitar essa e outras atividades das áreas de cultura, de moda, de gastronomia, de artesanato, parece-me um bom caminho para cada vez tornar nossa região Sul mais atrativa não só para nós, como para os visitantes de outras regiões, cada vez mais presentes por aqui.