Emprego em Cachoeiro

Poucos sabem o que é o CAGED. É um cadastro federal sério que tem o objetivo de acompanhar a evolução do emprego formal no Brasil

07/03/2019 08:34
Emprego em Cachoeiro

Poucos sabem o que é o CAGED. É um cadastro federal sério que tem ?objetivo de acompanhar a evolução do emprego formal no Brasil?, segundo definição do Ministério do Trabalho e Emprego e que prepara e dá a público um conjunto de tabelas com informações segundo os setores econômicos do IBGE, classificadas por Estados e municípios com mais de 30.000 habitantes.

São dados colhidos de informações prestadas mensal e obrigatoriamente pelas empresas, sem ingerência de governo; dados que informam quantos empregados contrataram e quantos demitiram, mês a mês. É dos mais importantes e sérios esteios ? se não o mais ? para quem quer saber como está sua cidade, seu Estado e o País, vez que as estatísticas abrangem, individualmente, todos eles.

Um pouco por dever de ofício, outro tanto pela sempre presente esperança de que as coisas melhorem para nosso município e também para os vizinhos, acostumei-me, pelos meados do dia vinte de cada mês, a colher na internet dados do CAGED referentes à nossa cidade. As primeiras publicações do CAGED se deram a partir de 2003; eu as acompanho há uns cinco anos.

Examinar o CAGED, além de acompanhar dados corretos, fornecidos pelas empresas e não forjados por terceiros tem resultado fundamental: se País, Estado e cidade ? Cachoeiro de Itapemirim ? apresentam bom aumento do número de empregados, os governos podem até ficar calados, mas quem acompanha o CAGED sabe que tais locais estão progredindo. Não conheço modo melhor de apreciar o progresso do que verificar o aumento do número de empregados. A contragosto chego, até, a admitir que educação, cultura e saúde seriam secundários, vez que é o bem estar do salário ganho que passa a fazer seu recebedor querer... educação, saúde, cultura e o mais que lhe satisfaça.

Ao contrário, governos, e incluo praticamente todos, principalmente os de nossas cidades, nos últimos anos, mesmo com dados estatísticos adversos, nada mais fazem do que se autoproclamarem campeões em tudo e que a cidade está em franco desenvolvimento. Não está. É demagogia. Nem sabem o que fazem, mas fazem muito ?bem? trazer empresas de fora que, de cara, já levam uns trinta ou trinta e cinco por cento do lucro normal do empresário ? o dinheiro vai e não volta. Capital não tem carteira assinada e não precisa morar onde tira seu lucro.

Cachoeiro tem perdido milhares de empregos nos últimos anos. A estatística do CAGED, como a do mês de janeiro/2019 (a última), indica isso. Perdemos 669 empregos nos últimos doze meses; ganhamos só 30, em janeiro. E esses 30 empregos podem ser bem menos do que o número de empregados admitidos pela Fábrica de Cimento Itabira, cuja recuperação nada tem com a política municipal.

Veja abaixo a evolução do emprego em Cachoeiro e tire conclusões sobre o que nos espera, se continuarmos despreocupados de verdade com o destino de Cachoeiro.

 

 

História de Rubem Alves

Havia numa cidadezinha dos Estados Unidos uma igreja batista conhecida pelo seu rigor ético. Seus membros seguiam rigorosamente os mandamentos e os costumes que a tradição sacralizara. Não participavam de bingos, não fumavam e não bebiam ? atos que julgavam artimanhas do diabo para levar as almas à perdição. Havia naquela mesma cidade uma cervejaria. Não é preciso dizer que a dita cervejaria estava sempre presente nos inflamados sermões do pastor, que a acusa de igreja de Satanás. Aconteceu, entretanto, que por razões não esclarecidas, a cervejaria lhe fez uma doação de 500.000 dólares. Criou-se imediatamente um problema. Se a doação tivesse sido de 500 dólares teria sido fácil rejeitá-la. Quinhentos dólares não é tanto dinheiro assim. Mas 500.000... O pastor convocou imediatamente uma assembleia dos membros da igreja, porque as igrejas batistas são democráticas. A assembleia se dividiu em dois grupos: aqueles que diziam que o dinheiro tinha de ser rejeitado por ser dinheiro de Satanás e os outros que falavam sobre as coisas boas que poderiam ser feitas com aquele dinheiro ? uma creche, ou uma escola, ou um abrigo para velhinhos, ou um novo órgão. Depois de prolongados debates que entraram madrugada adentro, a assembleia, por voto unânime, aprovou a seguinte resolução: ?A assembleia da Primeira Igreja Batista resolve aceitar a doação de 500.000 dólares feita pela cervejaria Dubwiser na firme convicção de que o Diabo ficará furioso quando souber que o seu dinheiro vai ser usado para a glória de Deus?.

(Texto de Rubem Alves, que já nos deixou, que eu colhi da pág. 152 do seu livro ?O Sapo que queria sem príncipe?, Ed. Planeta).