Conexão Mansur: JOSÉ BONIFÁCIO, Patriarca da Independência

Aqui transcrevo pensamentos de José Bonifácio, homenageando o Patriarca da Independência

30/08/2023 08:49
Conexão Mansur: JOSÉ BONIFÁCIO, Patriarca da Independência /Ilustração: Zé Ricardo

 

Como faço com Bernardo Horta, tenho lido muito textos de e sobre José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da Independência brasileira, ocorrida a 7 de setembro de 1822 ? data de aniversário próxima, um dos principais brasileiros em todos os tempos.

Leio, principalmente, o que ele próprio ? Bonifácio - escreveu sobre o que queria que o Brasil fosse. Como todo homem de caráter na política, Bonifácio, tal qual Bernardo Horta, apanhou demais. Bernardo acabou seus dias com uma bala que disparou contra o próprio peito; Bonifácio foi obrigado a aposentar-se da política bem antes do que queria.

Aqui transcrevo pensamentos de José Bonifácio, homenageando o Patriarca da Independência, a própria Independência, a aniversariante Loja Maçônica Fraternidade e Luz, de Cachoeiro, e também os jovens que são o futuro da Nação Brasileira, concitando a todos não serem covardes de se omitir; a termos coragem de falar em voz alta e a proclamar bons valores da Vida Pública.

Abaixo, textos de José Bonifácio, selecionados especialmente para o 7 de setembro (Proclamação da República). Eles têm quase 200 anos de escritos, mas são ABSOLUTAMENTE ATUAIS e essenciais para a salvação atual de nossa Pátria.

Escreveu José Bonifácio, maçom Patriarca da Independência, certamente dos maiores homens públicos da Nação Brasileira, para que nós ? de hoje ? reflitamos sobre o que queremos para o nosso Brasil e de nossos descendentes.

Boa parte dos textos continuam atuais; alguns continuam sendo, mesmo com a mudança dos tempos. Leiam com atenção e com o pensamento voltado para os fatos de nossa época.

 

JOSÉ BONIFÁCIO ESCREVEU:

- ?Todo cidadão que ousar propor o restabelecimento da escravidão e da nobreza será imediatamente deportado?.

- ?Se a lei deve defender a propriedade, muito mais deve defender a liberdade pessoal dos homens, que não pode ser propriedade de ninguém?.

- ?Acabe-se de uma vez o infame tráfico da escravatura africana, mas com isso não está tudo feito; é também preciso cuidar seriamente em melhorar a sorte dos escravos existentes, e tais cuidados são já um passo dado para a sua futura emancipação?.

- ?Todos os homens de cor forros, que não tiverem ofício, ou modo certo de vida, receberão do Estado uma pequena sesmaria de terra para cultivar, e receberão dele os socorros necessários para se estabelecerem, cujo valor irão pagando com o andar do tempo?.

- ?Antes da idade de 12 anos não deverão os escravos ser empregados em trabalhos insalubres e demasiados?.

- ?O governo procurará convencer os párocos, e outros eclesiásticos, que tiverem meio de subsistência, que a religião os obriga a dar liberdade a seus escravos, e a não fazer novos infelizes?.

- ?Quando dentre os nossos reis se alçará um grande legislador, que dê nova forma ao índio e ao negro? Que lhes dê pleno gozo dos frutos do seu trabalho e a liberdade civil, que depende da educação moral e intelectual do povo??

- ?Um prêmio pecuniário a todo cidadão brasileiro branco ou homem de cor que se casar com índia gentia?.

- ?Para conservar-se um Estado, e florescer, deve seguir os seguintes preceitos: 1º) Observância das leis e à letra. 2º) Antes diminuí-las do que aumentá-las. 3º) Igualdade de Justiça e superioridade do merecimento... 5º) Ser infame o soldado fraco, o ministro ladrão, e não escapar da lei o que furta ao Estado por ação ou omissão... 8º) Dar o governo mostras continuadas de que sabe castigar o duque, o desembargador, o general, como o sapateiro, logo que o merecem... 10) Liberdade de imprensa só sujeita à lei ex post facto porém não ante factum...?. (sujeição à lei somente depois da publicação, não antes de dela).

- ?Cuidar da educação física e moral das mulheres sobretudo, para que elas influam e corrijam a dos homens?.

- ?Misturemos os negros com as índias, e teremos gente ativa e robusta ? tirará do pai a energia, e da mãe a doçura e bom temperamento. Mas nesses planos não iremos, contudo, de uma vez ao cabo; reformemos pouco a pouco, e não por saltos, sempre mortais?.

- ?Plantar bosques nas caatingas de Pernambuco, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Sul ao longo dos rios e córregos?.

- ?Os brasileiros folgam de ser padres, rábulas, escrivães, porque são modos de vida que não carecem de trabalho aturado e de boa conduta ? ser lavrador e negociante exigiria deles mais atividade e mais economia, que detestam?.

- ?A maior corrupção se acha onde a maior pobreza está ao lado da maior riqueza?.

- ?Os que sacrificam a honra e a própria dignidade a títulos e comendas são como os selvagens que trocam seu ouro por grãos de miçangas?.

- ?Como o exercício do poder deprava os que o possuem, convém, nos Estados livres, não fiquem nos lugares muito tempo os mesmos homens?.

- ?O meu erro principal, como Ministro, foi crer na virtude dos homens, e na sua gratidão ? máxima que honra o coração, mas contraria a verdadeira e prudente política do homem do Estado?.

- ?Um mau governo é mais filho da moleza e depravação nacional que da audácia dos que influem no governo?.

 ?O gênero humano, como diz Maquiavel, pode ser dividido em três classes ? os que aprendem à custa alheia, eis os homens felizes; / os que aprendem à sua custa, eis os sábios; / e os que nada aprendem nem à sua custa, nem à custa dos outros: estes são doidos ou tolos. Eu aprendi à minha custa; e não fui dos felizes, não quero ser doido nem tolo?.

- ?Os que não têm medo comandam os que tem?.

- ?Ninguém melhor para descobrir um ladrão que outro ladrão?.

- ?... todo homem de bem que diz verdades é detestado; e se ele tem pretensões à filosofia; então está exposto às perseguições da chusma imensa dos obscurantes?.

- ?Ainda não veio ao meu conhecimento que português não aceitasse um emprego, por conhecer sua ignorância e insuficiência?.

- ?O vulgo só aprecia o resultado das ações; quem é feliz é um herói?.

- ?Quem se prepara para tudo o que pode suceder, nada o espanta?.

- ?Como era feliz o tempo em que eu cria que todos eram homens honrados; e quando achava razão em tudo o que ouvia ou lia!!?.

- ?Leve o diabo aos que têm os joelhos dobradiços e a boca risonha ? quantos, para serem alguma coisinha neste ridículo mundo, adotam as opiniões de um deputado, de um conselheiro do Estado, de um guarda-roupa, de um moço de estribeira, etc. etc. Deixo os nomes em branco, para que cada um os possa encher à sua vontade; e tenho poderosas razões de assim o fazer.

- ?Raça animal, quanto és perseguida, mas consolo-te, que se os ricaços e grandes da terra não tivessem cavalo, bois e cães a quem maltratar, reduziriam a charruas e a grilhão os pobres da sua espécie?.

- ?Quem mais me aborrece neste mundo são os pedantes e orgulhosos, e os grandes sem probidade?.

- ?Haverá muita gente que me citará sem me ter lido; e muitos outros sem me terem entendido?.

- ?Quando me lembro do que me tem custado a mania de querer endireitar o mundo, e fazer felizes os homens, amaldiçoo-me a mim e a eles?.

- ?Tempo, dinheiro e firmeza eram as bases em que eu devia fundar os meus nobres projetos: faltou-me o dinheiro, e com ele correu rapidamente o tempo sem poder firmar a felicidade de meu país?.

(As frases acima, de José Bonifácio de Andrada e Silva, foram selecionadas e lidas, por mim, em setembro de 2016. Pessoalmente, não tenho dúvidas: ? sigamos as palavras quase bicentenárias de José Bonifácio e a maior parte dos problemas do Brasil estará resolvida ? mas pouco mudou, até hoje, exceto a forma de se expressar. Obrigado pelas lições, Patriarca.

As frases de Bonifácio foram retiradas do livro PROJETOS PARA O BRASIL, organizado por Miriam Dolhnikoff ? Cia. das Letras. Se alguma escola se interessar pelo livro, tenho três que posso ceder para as que tenham Biblioteca em ÀREA NÃO INUNDÁVEL).