Conexão Mansur: Carnaval em Paris

Paris naquele dia começava a comemorar o Dia Nacional da França, o 14 de julho (A Queda da Bastilha). Comemoram três dias num verdadeiro carnaval

05/06/2024 08:10
Conexão Mansur: Carnaval em Paris /Ilustração: Zé Ricardo

Gilson Carone

(05/01/1965). Mal nos acomodamos no hotel, munimo-nos de um mapa, e saímos para visitar o Arco do Triunfo. Da Rua Astorg, atingimos a Soucie e dali partimos para os Champs Elysées. É uma longa e bela avenida, aliás a principal via pública da capital francesa. As calçadas amplas (maiores do que a Avenida Rio Branco) e cheia de bares com cadeiras e mesas na via pública, à moda do antigo Nice do Rio. Depois de percorrermos toda a Avenida, atingimos o Arco do Triunfo.

É um grande monumento em homenagem à vitória francesa contra os alemães na 1ª Grande Guerra. Existem a Chama Eterna e o Túmulo do Soldado Desconhecido. No retorno, procuramos nos orientar pelo mapa e ?entramos pelo cano?. Do hotel ao Arco do Triunfo a distância é aproximadamente de 2.000 m. Pois bem. Sem exageros, andamos uns 8kms para atingirmos nosso objetivo.

Vendo o fracasso, recorri aos transeuntes e aos guardas (estes, gentilíssimos, pois, em postura militar e em continência, atendem ao turista com boa vontade). Meu francês do Liceu (obrigado Prof. Aylton Bermudes) ?quebrou o galho?. Cansadíssimos, chegamos ao hotel, sendo eu bastante criticado por meu pai e meu tio, pois assumira pessoalmente o comando da operação Paris. Rasguei o mapa e assumi perante os dois o compromisso de que, daquele momento em diante, usaria o ?quem tem boca vai a Roma?.

No dia seguinte, começamos a visita oficial à cidade. O guia, um tal de Marcel, falava corretamente o português. A primeira etapa foi a Igreja de Notre Dame de Paris, localizada na ilha do famoso Sena. No Sena do romantismo, dos balneários com suas lindas mulheres, no Sena do Bateau Mouche (pequena embarcação que percorre o famoso rio, com instalações de restaurantes, música e les femmes...).

A Notre Dame é um monumento, em questão de templo religioso. Lá, despontavam a imagem de Joana D'Arc e as famosas rosas. Joana D'Arc foi ali canonizada. As rosas são vitrais que apresentam os Testamentos. É uma igreja medieval. Em seguida, fomos à Praça das Tulherias, às casas de Marat, da Dama das Camélias e de Robespierre. Conhecemos a mundialmente famosa Saint-Germain-de-Prés, praça existencialista com a residência do extraordinário filósofo Sartre. A filosofia de Sartre, muito séria, está em parte deturpada. Proliferam lá investidos, misturados a estudantes em trajes em que desposta um descuido premeditado (são indiferentes às críticas da opinião pública), e moças com seus cabelos longos e despenteados.

O beijo amoroso em público é normal. Visitamos, após, a Torre Eiffel (300m), o Hospital dos Inválidos, onde se encontra o túmulo de Napoleão.

À noite, fomos às boites: Moulin Rouge e Lido (a mais famosa da Europa). Mulheres, champagne e alegria. São espetáculos tipo ?Walter Pinto? em ponto maior.

Paris naquele dia começava a comemorar o Dia Nacional da França, o 14 de julho (A Queda da Bastilha). Comemoram três dias num verdadeiro carnaval. Nas ruas veem-se confetes, serpentinas, músicas, beijos e abraços. À saída do Lido, um francês a 180 ?graus? encheu a boca de uma bela e louríssima brasileira de nossa caravana com um bolo de confetes.

Não achei graça. A brasileirinha é linda. Não sei se foi por isso que não achei graça...

(Esta crônica do Dr. Gilson Carone, rememorando fatos de sua viagem à Europa e ao Líbano, quando ainda jovem, está no seu livro de crônicas ainda não publicado, ?Do Rio Itapemirim ao Rio Jordão? ? Publicação autorizada).

 

Quando Cachoeiro Começou

(Texto de Gerson Moraes França, historiador e pesquisador, com pós-graduação em História do Brasil e Professor de História em Muqui ? ES, na Escola Senador Dirceu Cardoso).

Qual seria o marco que poderíamos considerar para servir de referência para o "começo" de Cachoeiro de Itapemirim? Cachoeiro, em seu gérmen, não foi oficialmente fundada, nem solenemente criada. Simplesmente, devido a sua posição geográfica de porto terminal do rio Itapemirim, surgiu. Primeiro mera passagem; depois simples porto; posteriormente pequeno arraial, povoado e vila; até se tornar cidade.

Assim, poderíamos considerar a construção do Quartel de Castro, em 1815 por forças mineiras, como marco? Ou a construção do Quartel da Barca, por ordem do Rubim, logo depois? Esses quartéis foram depois abandonados.

Ou deveríamos considerar como marco a ocupação das imediações dos cachoeiros pelos pioneiros fazendeiros? Mattos, que tinha terras que chegavam na vala do "Taubira"? Quintais, que em 1823 era o último fazendeiro nos caixões ao pé do quartel? Ou a chegada de Esteves Lima e sua estrada vinda de Minas, em 1825, e que três anos depois "reabriu" o quartel?

Ou deveríamos aceitar como marco o surgimento espontâneo do primitivo arraial, o primevo núcleo urbano? 1845 com o galpão do Dias Prado? Ou 1846 com o armazém de Jesus Lacerda? Ou a criação da Freguesia em 1856, que elevou o arraial à categoria de povoado?

Enfim, há ainda outros marcos que podemos usar para referenciar o "começo" de Cachoeiro. Inclusive, se considerarmos que essa região era singrada pelos mineradores e escoltas das Minas do Castelo ainda no século XVIII, podemos até recuar sua "descoberta". Ou até trazer para menos longe dos dias atuais, se quisermos entender que Cachoeiro se tornou um ente autônomo e teria sido criado com a emancipação do município em 1867.

 

Neném, Simplesmente Neném

 

Foto: arquivo
 

Há alguns anos um amigo, cuja amizade sincera permanece e transcende os anos, reclamou que ?a denominação "Neném Doido" é humilhante para o cidadão que já se tornou e permanece figura admirada por grande parte da sociedade cachoeirense.

Ele, Neném, disse-me o amigo, e eu concordo com tudo o que o amigo disse, faz parte do grupo de pessoas que ficará definitivamente na memória do povo de Cachoeiro de Itapemirim. É verdade.

Disse eu, então, ao que dependendo de quem é de como fala não é humilhante, é mera brincadeira, e é assim que Neném entende.

Na ocasião lembrei-me e, disse a ele, como o amigo Marcelo Penedo brincava comigo, sempre me chamando de "turco safado", em mais que evidente brincadeira, e no que eu sempre lhe respondia: - ?Isso é redundância Marcelo?.

(Voltando aos dias de hoje: - Neném Doido está precisando de doação de fraldas geriátricas descartáveis XG, que podem ser deixadas no Café Mourads, no Centro de Cachoeiro).