Conexão Mansur: A Arte da Sabedoria

Como regra, quase que só faço doação a jovens, desde que, antecipadamente, eu me convença de que ele - jovem - lerá o livro.

28/12/2022 08:24
Conexão Mansur: A Arte da Sabedoria /Ilustração: Zé Ricardo

Dentre os livros que estou repassando a pessoas amigas e interessadas em leitura de modo geral, um tem me chamado a atenção de modo muito especial ? é o livro ?A ARTE DA SABEDORIA?, de Baltasar Gracián (Editora Faro, tradução de Luis Roberto Antonik), que custou R$ 19,99 na última vez que comprei nas Lojas Americanas, Shopping Cachoeiro, leitura que recomendo muito.

Como regra, quase que só faço doação a jovens, desde que, antecipadamente, eu me convença de que ele ? jovem ? o lerá. E muito mais ainda, de que o prazer da leitura lhe ajude a encaminhar pelos bons caminhos da vida, não me esquecendo de alertá-lo de que os maus caminhos da vida são muito mais amplos.

Como o ?A Arte da Sabedoria? é livro de frases, acostumei-me a, antes de presentear o livro, ler e marcar de amarelo duas das frases que escolho aleatoriamente.

Feita a leitura das duas frases, que surpreendem muitas vezes o presenteado, passo-lhe o livro, com a caneta amarela, para que ele, também aleatoriamente, o abra e selecione de imediato uma das frases de quaisquer das páginas.

Sabe o que é que tem acontecido?

Explico. Exatamente no momento em que o/a jovem termina a leitura da frase que escolheu, numa frequência ? ainda bem ? exageradamente grande, ele/ela me olha com olhar estupefato e com igual frequência me repassa um sentimento tipo:

- ?Nossa! É isso que eu quero pra mim!? ou ?É isso que está acontecendo comigo!?; ou ?Que legal, é a resposta que eu estava procurando para meu problema atual?.

E depois dessa admiração verdadeira ? pois sei ler olhares ? volto a papear, com a pessoa jovem agora mais antenada ainda. E eu, todo bobo por ver que não perdi meu tempo, ao mesmo tempo, creio, que abreviei o tempo de experiência do agora mais amigo/amiga.

Foi bem mais de centena desse livro a quantidade que repassei à juventude majoritariamente cachoeirense. E as respostas que recebo deles me fazem sempre querer aumentar a quantidade de jovens que eu gostaria de fazer aderir a esse meu ?círculo de livros? amador.

Não tem melhor presente pra mim do que o receber olhar e respostas tão bonitas, quando acabo de entregar o livro.

Esta crônica de agora surgiu da última conversa que tive com jovem advogada, que não sabia se permanecia na sua área jurídica atual, ou partia para outra. Veja o que ela escreveu pra mim, dias após a leitura apenas da frase de Gracián, que está mais abaixo:

- ?Essa parte coincide muito com o que estou passando no momento ? essa mudança na área do Direito. Essas transformações na forma de atuação na profissão... Muito interessante e impressionante?.

E aqui vai a frase de Baltasar Gracián, que impressionou, exato na hora certa, minha amiga:

 - ?Visite empresas e organizações sempre que puder. Faça como alguns que, para progredir, se separaram daquele que lhe deu origem e assim alcançaram a grandeza. A visão única da empresa onde fez carreira é por vezes um obstáculo para o seu desenvolvimento?.

(Sugestão a meus leitores: - Tem alguns livros em casa? Repasse-os à juventude. Quem sabe você receberá de volta as mesmas respostas maravilhosas que tenho recebido? Ah, ia me esquecendo, a conversa com a amiga foi durante um café no nosso Gabinete do... Mourads Café).

 

Como Surgiu a Televisão em Cachoeiro

Aroldo Braga Machado

(Texto de junho de 2010, que recebi, datilografado, de Aroldo, o autor, que me informou verbalmente, na ocasião, que era Aloísio Vantil quem fazia a manutenção das TVs / torres / receptores, daquela época).

Em novembro de 1961, João Calmon, diretor da TV Tupi do Rio de Janeiro, passou um telegrama para o prefeito de Cachoeiro, Raimundo Andrade, dizendo que tinha colocado um novo transmissor no Rio de Janeiro, que tinha potência para a televisão alcançar Cachoeiro.

Eu, Aroldo Braga Machado, sabendo desse telegrama, me juntei a outros amigos: Marcílio Machado, Sidney (conhecido como ?Marreco?), José da Joia.

Compramos uma televisão para fazer testes. Percorrendo os morros de Cachoeiro, não localizamos sinal em ponto algum.

Em janeiro de 1962, levei a televisão a Marataízes, e lá já teve um sinal, sendo este muito fraco, com apenas 1 MW, que não era suficiente para a transmissão.

Em maio de 1962 fizemos um teste na Pedra da Tijuca (?Caramba?); o mesmo aconteceu, não havia sinal. Nessa época resolvemos fazer um teste no Frade, que teve sucesso, alcançando sinal de 120 MW. Era o bastante para que Cachoeiro tivesse televisão.

Para transportar o material necessário para a pesquisa, tivemos o apoio do então prefeito Abel Santana, que pôs o Tiro de Guerra à nossa disposição, tendo grande participação no feito o Sargento Merçon.

As subidas às pedras eram difíceis: era necessário material de alpinismo; nós tínhamos que dormir no local e para isso montávamos acampamento com lona de caminhão. Haviam 15 atiradores do Tiro de Guerra nos acompanhando, para suprir os riscos.

Então, fundamos a Sociedade de TV de Cachoeiro de Itapemirim, constituída a primeira Diretoria: - como presidente o Sr. João Franklin Machado, como vice-presidente, Pedro Lesqueves, como secretário Sidney Barbosa Marreco, Tesoureiro, José Moura Antônio (Zé da Joia). O Conselho Deliberativo era constituído por Aroldo Braga Machado, Wilson Moura, Ryve Campos Barbosa, Sargento Fausto Merçon, Mario Casotti e Lourival Paula Serrão.

Contratamos a Emerson do Brasil S.A. para instalar a televisão em Cachoeiro, já que ela fabricava os aparelhos necessários para tal.

Conseguimos inaugurar em janeiro de 1964.

 

Proposta para o futuro Prefeito (3)

NA CASA DOS BRAGA

Na Conexão Mansur anterior (730), informei que faria sugestão/proposta ao futuro prefeito (ou mesmo ao atual) sobre o aproveitamento cultural e turístico de cadeira de balanço/descanso semelhante à do pai de Rubem Braga ? Coronel Francisco Braga, inclusive pelo fato de que, em diversas crônicas, Rubem Braga faz referências ao pai, sentado exatamente nessa cadeira.

Com o olhar de hoje, toda a vez que se fala no Coronel, na Casa dos Braga, imediatamente salta aos olhos a imagem dele, na sua cadeira de balanço. E é a partir da imagem que retorna, que vem a sugestão.

Imaginem uma cadeira de balanço (não precisa e não deve ser a original) algo semelhante à do Cel. Chico Braga, pai do maior cronista do Brasil (deixemos de modéstia, pai do maior cronista do mundo).

Aí chegam visitantes (não são muitos por enquanto, mas podem aumentar, e muito) e são avisados pelos servidores da Casa dos Braga de que o pai de Rubem atendia o povo e os amigos por ali e numa cadeira semelhante à que mostram. E era grande quantidade de gente, já que o pai de Rubem era Coronel e primeiro prefeito da Capital Secreta, com prestígio imenso, claro.

Aí o servidor indica e autoriza, ao menos ali na varanda, se for o caso, que o visitante se auto retrate sentado na cadeira e leve a fotografia para sua terra, acompanhado de panfletos culturais sobre a Casa dos Braga e sobre as riquezas econômicas, turísticas e culturais de Cachoeiro de Itapemirim.

Duvido que daí a algum tempo não aumente substancialmente a visitação turística e cultural ao local. Afinal, o visitante sentou-se na cadeira que pertenceu ao pai do maior cronista do mundo, perdoem-me a insistência.