Certamente pela intensa foligem, advinda das finas pontas de cigarro, que fumava compulsivamente, durante os infindáveis percursos citadinos, daí nasceu o apelido: " Maria Fumaça". Negra, franzina e olhar enigmático. Menino, toda vez que a avistava, a primeira impressão era de mêdo que, diga-se de passagem, os mais velhos se valiam e tratavam que prosperasse, para em tom de ameaça, usarem nos castigos, por cada traquinagem pueril: ?Olha menino, vou chamar Maria Fumaça", e a repreensão era garantida! Cachoeiro era povoado por ícones. Gente sem a qual o cenário da cidade não faria qualquer sentido. Como hoje! Na verdade, não eram pessoas, apenas. Eram provocações a cutucarem noss'alma e nosso imaginário coletivo. Coexistiamos de molde a pensar, firmemente, que as cidades tem seus próprios semblantes. Às vezes é Maria Fumaça, em outros "ô delicioso"! Tive o prazer de viver entre os loucos que a iluminaram, fazendo com suas vidas, nossas vidas em outras vidas, melhores. Andando pela praça Jerônimo Monteiro, ainda posso vê-los. Perceber o aroma sutil, de cada saudade esquecida nos bancos, nas calçadas e na lembrança de cada um. Hoje, solitários, muita vez desejo os sonhos, que não vem, e daí, chafurdado numa espécie de angustia incompreensível, rendo-me à paisagem desértica, onde não está Maria. Feneceu, decerto, e nem sei quando. Teria ido.ao velório, apenas para descobrir que é por trás de cada mêdo, que sempre viveu a alegria.
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Que o último beijo seja teu
Antes de ir-me, ver-te, durante o arco-íris
O azul caindo sobre a pele fina...linda
E sentir que valeu cada gota.
Cada alma sobre a palma da mão, ao léu, feito de céus que se apagam e se acendem.
E cada vez que o coração batia a mais, era um barco, com pressa, que ia coberto de gaivotas, a sair para
O mar.
E depois, depois foi-se aquilo que ficaria, por dentro de todo alivio e contentamento, a repetir:
Não há sofrimento!