Oncologista reforça importância da prevenção - Jornal Fato
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Oncologista reforça importância da prevenção

A oncologista da Unimed sul capixaba, Mariana Novaes Pinheiro, explica sobre alguns cuidados necessários para a manutenção do bem-estar masculino


Dra. Mariana Novaes Pinheiro, oncologista da Unimed Sul

 

O hábito de ir ao médico e de cuidar da saúde, durante muitos anos, ficou restrita principalmente às mulheres. Aos homens, ficava a ideia retrógrada de que precisavam estar sempre fortes e ser a base da família em todos os momentos, sem precisar de cuidar do próprio corpo. Porém, essa resistência cultural vem passando por mudanças, principalmente com o maior acesso à informação.

                                           

Em celebração ao mês da Saúde do Homem, a oncologista da Unimed Sul Capixaba, Mariana Novaes Pinheiro, explica sobre alguns cuidados necessários para a manutenção do bem-estar masculino, focando principalmente na prevenção.

 

Por que ainda há tanta resistência por parte dos homens em cuidar da saúde?

Por uma questão cultural brasileira. Nossa sociedade, ainda, cultiva um padrão centrado no masculino como o braço forte da família, que precisa sempre estar bem e à frente de tudo. Com o tempo, isso vem mudando e muitos homens já percebem a necessidade do autocuidado, devido à maior informação e à tendência social de maior igualdade entre homens e mulheres.

 

Por onde os homens devem começar o cuidado com a saúde?

Assim que iniciam a vida sexual ativa, com idas regulares ao urologista. Além disso, a partir dos 45 anos, também é recomendado uma consulta com o cardiologista e, se houver fator de risco familiar para diabetes, hipertensão, doença coronariana ou morte súbita, recomenda-se que ele inicie essas consultas por volta dos 30 anos. Homens acima de 50 anos também devem procurar o urologista para avaliação individualizada quanto aos potencias riscos de câncer de próstata, se forem de raça negra ou com parentes de 1º grau com histórico de câncer de próstata devem começar aos 45 anos. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para pacientes com expectativa de vida acima de 10 anos. Outra questão é a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que deverá ser indicada anualmente para homens acima dos 50 anos, e os exames de colonoscopia ou retossigmoidoscopia como rastreamento do câncer colorretal, podendo identificar lesões pré-oncológicas e tumores em fase inicial.

 

Qual o perfil mais difícil de trabalhar quando se trata da saúde do homem?

Homens que não têm conhecimento dos riscos do envelhecimento e dos maus hábitos de vida para a sua saúde. Tendo em vista que a maior parte dos casos de câncer estão relacionados a fatores ligados ao estilo de vida, muito se poderia evitar somente praticando atividade física, mantendo uma dieta equilibrada, rica em frutas e verduras e pobre em alimentos industrializados ou processados, e evitando maus hábitos, como o tabagismo e o etilismo.

 

Nos últimos anos, houve melhoria no tratamento do homem com a própria saúde? Quais foram os principais motivos?

Sim, houve melhoria no tratamento de muitas doenças oncológicas com cirurgias menos invasivas, radioterapias que conseguem preservar ao máximo a funcionalidade dos órgãos afetados e dos tecidos vizinhos, surgimento de quimioterápicos orais e de imunoterapia no câncer, além de melhorias no diagnóstico. Dessa forma, é possível impactar menos a qualidade de vida do homem e também a morbi-mortalidade, uma vez que quanto mais cedo as doenças neoplásicas forem diagnosticadas e tratadas, maiores serão as chances de cura.

 

Quais são os principais tipos de câncer que atingem os homens? E os menos comuns?

Os 5 tipos de câncer mais frequentes no homem brasileiro são: pele não-melanoma, próstata, pulmão, colorretal e estômago. Outros menos frequentes, porém, ainda importantes são câncer de cavidade oral e laringe, do sistema nervoso central, de esôfago, de bexiga e de tireoide.

 

Exames como o de próstata, através do toque retal, ainda enfrentam muita resistência por parte dos homens?

Infelizmente, muitos homens ainda demonstram resistência para a realização do toque retal, seja por machismo, desconhecimento, seja por acharem que de algum modo viola a sua intimidade ou masculinidade. Como médica oncologista e mulher, posso perceber uma resistência ainda maior. Esse processo é cultural e somente o tempo conseguirá ir moldando a forma de pensar dos homens brasileiros. Na verdade, isso é pura ingenuidade, pois nós, médicos, quando estamos examinando um paciente focamos exclusivamente na identificação de alguma possível alteração. Vencer a timidez ou o próprio desconhecimento vai de cada um, mas, é necessário. Caso se sinta mais confortável, faça com um médico homem, mas não deixe de se cuidar.

 

O Unimed Sul ou a Unimed Oncologia possui algum trabalho específico de conscientização aos cuidados com a saúde voltado especificamente para o público masculino?

A Unimed Sul Capixaba está engajada com o público masculino em todos os setores de prevenção, disponibilizando profissionais capacitados tanto na área de urologia, quanto cardiologia, coloproctologia, quanto oncologia ou mesmo clínica médica. Todos esses podem estar abrangendo os exames de rastreamento oncológico e também avaliando a saúde do homem como um todo.

 

No mês de novembro está sendo realizada alguma ação especial?

Em novembro, a Unimed Sul Capixaba em parceria com a Unimed Oncologia está envolvida na Campanha da Saúde do Homem, em referência do movimento Novembro Azul. Essa abordagem é mantida não só em novembro, mas ao longo do ano inteiro, por meio de palestras educativas, divulgação de informação em mídias sociais e consultas profissionais voltadas para acelerar o diagnóstico, fazer busca ativa dos pacientes de maior risco, seja pela idade ou pelos hábitos ou hereditariedade, e assim garantir que os nossos clientes estejam bem assistidos. Além disso, existem programas que atuam de forma coletiva na saúde do homem e da mulher, como por exemplo reeducação alimentar, saúde emocional, grupo de idosos, hipertensão, diabéticos e tabagismo.

 

Comparando com a saúde das mulheres, qual é o panorama da saúde do homem brasileiro?

A saúde do homem brasileiro demonstra incidência mais precoce de doenças cardiovasculares como hipertensão, infarto e acidentes vasculares cerebrais, além de alguns tipos de câncer como o de pulmão e o de estômago. Além disso, geralmente essas doenças em homens causam maior mortalidade. Isso, além de outros fatores, contribui para que os homens vivam em média 7 anos a menos do que as mulheres. Ainda existe uma forte relação do hábito de fumar impactando na saúde como um todo, sendo os homens ainda maiores fumantes do que as mulheres. O câncer de próstata ficaria para os homens quase que como o de mama em incidência nas mulheres, sendo o segundo mais comum, atrás apenas do de pele não-melanoma. Hábitos simples e visitas regulares aos profissionais de saúde podem contribuir para um envelhecimento mais saudável. Se você é homem, vá a um médico e conheça a sua saúde. Se você é mulher, incentive parentes e amigos a procurar orientação. Juntos será possível uma vida longa e com qualidade.

 

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