Negócios de família se expandem na periferia - Jornal Fato
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Negócios de família se expandem na periferia

O Espírito Santo, segundo o Sebrae, é terceiro no ranking nacional de empresas familiares com 64% dos pequenos negócios com parentes como sócios


Em Cachoeiro de Itapemirim, as micro e pequenas empresas são criadas fora da região central da cidade e têm clientela fidelizada (Fotos: Divulgação)

 

Ailton Weller

 

Os empreendimentos geridos por famílias no Espírito Santo colocaram o estado em terceiro no ranking nacional de empresas familiares, com 64% dos pequenos negócios com parentes como sócios, atrás apenas do Maranhão, com 69% e Santa Catarina com 68%. Os dados são do Relatório Especial Sobre Empresas Familiares, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que atentam para mais uma particularidade: a expansão dos comércios em bairros periféricos.

 

Em Cachoeiro de Itapemirim, mesmo com a economia patinando e a circulação represada da moeda, a situação segue as linhas gerais da pesquisa. O microempresário Paulo Tambelinni, que começou com um pequeno mercadinho, no bairro Jardim Itapemirim, hoje, após se associar ao cunhado, Marcelo Costalonga, e o sobrinho, Carlos Alberto Macedo, já conta com um minimercado, açougue e padaria. "Vi que a proximidade com os moradores da região - bairros IBC, Monte Cristo, São Lucas, entre outros -, poderia ser uma oportunidade para ampliar meu comércio que começou bem pequeno e com a ajuda da minha esposa. Fora da região central da cidade, somos uma opção para fornecer vários produtos e sem dia ou horário determinado como acontece nas empresas de maior porte. Aqui, de segunda a segunda, o freguês sempre encontra as portas abertas. Em família ficou mais fácil e ainda damos empregos a outras três pessoas", contou.

 

Diversificação

 

No bairro Nova Brasília, a família Cabanez também está unida e na empresa - que vai aumentando a cada ano, já passou de uma pequena padaria para lanchonete e comida a quilo - trabalham vários familiares. Jorge Cabanez foi o precursor do negócio no final da década de 90. "Comecei com apenas uma 'portinha' e hoje, graças a Deus e apoio da esposa, filhos, sobrinhos estamos procurando melhorar cada vez mais o atendimento e as instalações do local", disse.

 

Segredo do sucesso

 

O superintendente do Sebrae-ES, José Eugênio Vieira, destaca que boa parte dos problemas das empresas familiares decorrem da não separação do orçamento familiar do empresarial. "Trabalhar em família pode se transformar num problema, especialmente se há mistura das finanças pessoais com as empresariais. Isso, a longo prazo, pode gerar muita dor de cabeça", disse.

 

Mas, segundo Vieira, se os pontos críticos forem bem trabalhados, há muitas vantagens em se trabalhar em família. "Esse modelo de negócio permite flexibilidade com relação a horários e folgas, além de maior autoridade nas decisões e liderança. Trabalhar em família também permite um planejamento mais aprofundado do negócio, maior envolvimento de todos em casa e maior autoridade com relação às decisões da empresa, mas é necessário que todos trabalhem em equipe para que se alcance o sucesso no mercado", complementa.

 

No município

 

Em Cachoeiro de Itapemirim, a Sala Itinerante do Empreendedor, programa coordenado pela prefeitura, tem como proposta levar a moradores de diferentes regiões a oportunidade de realizarem o sonho de abrir ou legalizar seu próprio negócio, além de acesso a microcrédito

 

Para se tornar microempreendedor individual (MEI), é preciso apresentar RG, CPF, comprovante de residência, título de eleitor e carnê de IPTU.
Para a consulta de crédito para abertura, manutenção e ampliação desse tipo de atividade comercial, são os mesmos documentos, exceto o talão de IPTU, que dá lugar à certidão de estado civil.

 

No país

 

No Brasil, 71% das Empresas de Pequeno porte (EPP), 68% das Microempresas (ME) e 38% dos Microempreendedores Individuais (MEI) são empresas familiares. Já no Espírito Santo, 64% dos pequenos negócios possuem parentes entre seus sócios ou colaboradores. Esse foi o maior percentual observado na região sudeste e o 3º maior no país.

 

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