Missionária cachoeirense se forma em enfermagem para ajudar africanos

Aos 19 anos, entrou para a Congregação, por 4 anos trabalhou e residiu em um convento no Paraná, onde fez seus votos de pobreza, castidade e obediência.

28/12/2022 18:29
Missionária cachoeirense se forma em enfermagem para ajudar africanos

Seja em filmes ou campanhas humanitárias sempre ouve-se falar dos problemas e da pobreza na qual vive a maior parte dos africanos. Para muitos, isso é uma realidade distante, mas para uma missionária de Cachoeiro de Itapemirim, por 33 anos esse foi o continente em que optou por viver. Irmã Creny Maria da Cruz, 57, faz parte das Irmãs Missionárias Combonianas, congregação religiosa fundada por São Daniel Comboni que traz no seu carisma a missão de cuidar dos mais pobres e abandonados.

"Eu nasci e passei minha infância em Burarama, interior de Cachoeiro. Na juventude, muito católica, frequentava à Santa Missa aos domingos e era presença confirmada no Grupo Jovem. Foi em um desses encontros, que conheci um padre comboniano que me convidou para uma experiência vocacional em Vitória. O tempo passa, não em recordo detalhadamente deste encontro, mas não esqueço de uma cena: um quadro com a imagem dos africanos doentes. Assim que entrei na 'Casa das Irmãs' olhei para aquela imagem e naquele momento soube que viveria para ajudar à aquelas pessoas,? contou.

Aos 19 anos, Creny entrou para a Congregação, por 4 anos trabalhou e residiu em um convento no Paraná, no sul do Brasil, onde fez seus votos de pobreza, castidade e obediência. Em 1993 viajou para África e passou anos servindo em vários países. Durante esse período, conviveu diariamente com os problemas e as necessidades dos africanos.

?Cheguei em Moçambique no mesmo ano em que a Guerra Civil Moçambicana acabou, por lá, trabalhei 18 anos e presenciei a reconstrução do país assolado por 16 anos de conflito civil. Não foi fácil! Para atender aos muitos doentes precisávamos conhecer um pouco de tudo na enfermaria. Porém, em determinado momento, senti a necessidade de melhorar minha qualificação, e retornei ao Brasil onde cursei enfermagem pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e após a conclusão, voltei à África. Atualmente, trabalho no Chad, um país do Centro-Africano. Minha missão se chama Deressia.?

A religiosa conta os desafios atuais. ?É uma realidade realmente desafiadora. O Chad é um país completamente isolado com muitos doentes, temos apenas um médico para atender milhares de pessoas... É humanamente impossível! Por isso, todo trabalho de consultas e tratamento é conosco: missionários da enfermagem?, contou.

Com pequenos gestos os missionários estão conseguindo ajudar às pessoas. As crianças estão tendo acesso às escolas.  As mulheres, chamadas 'mamas', aprendem artesanatos. A religiosidade também faz parte da vida deles.

?Você vive, trabalha estuda junto deles e entrega aquilo que pode oferecer: sua vida! Eu sempre trabalhei na área da saúde, mas há missionários que trabalham na horta, educação, enfermaria, catequese... É muito grande a nossa responsabilidade, são vidas em nossas mãos. Por isso, sempre peço a Deus que ele nos conduza tudo.? Pontuou.

Além dos projetos sociais, para ajudar o desenvolvimento da comunidade, as Irmãs Missionárias Combonianas sempre realizam doações de comidas e roupas. Também ajudam na infraestrutura do local, através da construção de poços de água.

?Praticamente não há comunicação, médicos, transporte... Quando você vê uma realidade como essa, no ponto de vista bíblico, você está sendo chamado a agir. Então eu agi e vou continuar agindo até Deus me permitir", afirma a religiosa que completa: ?Sou feliz por esses 33 anos de vida missionária. Agradeço a Deus por estar sempre comigo, pelo povo Moçambicano e Chadiano que me acolheram e me concederam a oportunidade de partilhar minhas riquezas e pobrezas?.