Jovem que teve morte cerebral tem órgãos captados para doação - Jornal Fato
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Jovem que teve morte cerebral tem órgãos captados para doação

A vontade do cachoeirense João Gilberto, de 17 anos, era ser doador


Foram captados nesta quinta-feira (8) os órgãos do jovem João Gilberto Christo Barreto, de 17 anos, que estava internado no hospital Santa Casa. João lutava contra um tumor no cérebro desde os 15 anos e teve morte cerebral decretada nesta semana, após 40 dias em coma. O menino já havia passado por 16 cirurgias. O caso do rapaz comoveu toda a cidade de Cachoeiro de Itapemirim.

No início da semana, a família comunicou sobre a morte de João e que o desejo dele, em vida, era a de doar os órgãos. Foi dado prosseguimento protocolar para retiradas dos aparelhos para a doação.

Sem a ajuda de nenhuma máquina, seu tão jovem corpo decidiu parar. Era hora de salvar outras vidas.

Essa história comoveu a muitos cachoeirenses, pessoas que nem mesmo conheciam João. Um rapaz tão novo, consciente de sua decisão, iria ajudar outras pessoas.  

Esses pacientes, que tanto esperaram por sua vez para ganhar uma nova chance de viver, irão receber os rins e fígado do garoto. Os órgãos foram levados por uma aeronave da Força Aérea Brasileira para Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Vitória.

Os amigos que estudavam com ele no Guimarães Rosa tiveram um dia de despedida. O hospital abriu as portas para que pudessem, todos, visitá-lo na UTI.

Conforme mostra o vídeo publicado nas redes sociais da Santa Casa, no dia da captação dos órgãos, os colegas do adolescente fizeram um corredor por onde os médicos passaram com os órgãos captados, e bateram palmas como um agradecimento ao amigo por tanta generosidade.

A ação causou comoção também entre os funcionários. Nunca antes, um grupo tão grande teria adentrado a instituição para uma homenagem. Esse momento de tamanha emoção certamente incentivou a todos os envolvidos a abrirem o diálogo sobre o tema em suas famílias. E é justamente o exemplo que incentiva atitudes como a de João.

Adriana Barreto, mãe do jovem, contou que há um ano a família estava reunida na hora do almoço quando o rapaz viu na TV uma reportagem que falava sobre a importância desse gesto e explicitou seu desejo.

"Eu respondi a ele que deveria dizer isso um dia a sua esposa, ou a seus filhos, porque a lei natural da vida nunca é um pai enterrar um filho. Nós não esperávamos que isso fosse acontecer conosco."

O corpo está sendo velado no cemitério Parque, no bairro IBC. O enterro será às 15h00 no mesmo cemitério.

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