Incaper discute acesso a tecnologias e políticas públicas para quilombolas de Cachoeiro

O enfoque é mapear as tecnologias geradas e adotadas pelas comunidades e o impacto em cada local.

15/02/2023 10:27
Incaper discute acesso a tecnologias e políticas públicas para quilombolas de Cachoeiro /Foto: Incaper

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) sediou a reunião de alinhamento de um projeto que tem como objetivo identificar e analisar os impactos socioeconômicos gerados a partir da adoção de tecnologias e do acesso às políticas públicas em dez comunidades quilombolas de seis municípios do Espírito Santo: Conceição da Barra, Cachoeiro de Itapemirim, Montanha, Jerônimo Monteiro, Ibiraçu e Guaçuí. O enfoque é mapear as tecnologias geradas e adotadas pelas comunidades e o impacto em cada local; identificar e apoiar os projetos locais pré-existentes; definir novos projetos a serem desenvolvidos nas comunidades, além de ter como metas principais implementar seis unidades de experimentação participativa (UEP) e construir com os quilombolas dez projetos de etnodesenvolvimento comunitário. Todas as ações serão definidas de acordo com as demandas de cada comunidade e as perspectivas de cada família. O projeto intitulado ?Análise e Avaliação dos Impactos Socioeconômicos Gerados a partir da Adoção de Tecnologias e do Acesso às Políticas Públicas em Comunidades Quilombolas no Estado do Espírito Santo? foi contemplado no Banco de Projetos da Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) ? Portaria 002-R/2020, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes). A idealizadora e coordenadora do projeto, a agente de extensão rural do Incaper e assessora da Secretaria Extraordinária de Políticas para Mulheres (SEPM), Celia Jaqueline Sanz, reforçou que o projeto, apesar de pontual, está alinhado diretamente com pelo menos sete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). São eles: erradicação da pobreza; fome zero; agricultura sustentável; igualdade de gênero no campo, trabalho decente e crescimento econômico; redução das desigualdades sociais; consumo e produção sustentáveis; e parcerias e meios de implementação. ?Isso faz do estudo algo com grande expectativa e condições de causar transformações positivas nas comunidades e na forma como a sociedade se relaciona com elas e com a temática quilombola?, afirmou Jaqueline Sanz. Segundo ela, embora inicialmente seja um projeto de pesquisa com objetivos e metas bem específicos, a equipe acredita que serão realizadas articulações e parcerias importantes, a partir do processo de estudo. ?Isso nos permite acreditar em futuras conexões quilombolas?, salientou. A bolsista de campo e membro da comunidade quilombola Monte Verde, em Cachoeiro de Itapemirim, Zaine Vitoria Tosta Verediano, comemorou o projeto que, segundo ela, vem para beneficiar o grupo em que está inserida. ?Tenho certeza que daqui há dois anos as áreas que a gente decidir trabalhar e melhorar terá um investimento e a motivação dos envolvidos. Estamos focados em alcançar essas metas?, disse.  Na reunião, a secretária de Estado Extraordinária de Políticas para Mulheres, Jacqueline Moraes, reforçou que será uma satisfação ?abraçar? o projeto, a partir da perspectiva de gênero. ?É um projeto que busca a adoção de tecnologias e o acesso às políticas públicas para mulheres quilombolas, por meio dos cuidados das famílias e os processos de desenvolvimento das comunidades. Nesse contexto, nós sabemos que as mulheres quilombolas têm um papel fundamental nos processos de desenvolvimento das comunidades, na geração e adaptação de tecnologias e no cuidado das famílias?, pontuou. De acordo com a secretária Jacqueline Moraes, o projeto desenvolvido pela SEPM tem o intuito de atuar na promoção e geração de renda, no fortalecimento da autonomia financeira, na igualdade de gênero e na melhoria de qualidade de vida para todas as pessoas das comunidades. ?Vamos coordenar ações governamentais para as comunidades remanescentes, por meio de articulações transversais, envolvendo a participação da sociedade civil como um todo?, reafirmou. Na ocasião, a gerente de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), Edineia Conceição de Oliveira, reafirmou que o projeto é uma forma de dar visibilidade e fortalecer essas comunidades quilombolas. ?É um projeto que vem a fomentar a participação desses grupos, da sua cultura e tradições, como agentes produtores e capazes de transformar outros espaços. Será uma forma de trazer ainda mais reconhecimento a essas comunidades tradicionais, que são fazedoras de cultura. Estaremos à disposição para todas as tratativas necessárias para esse projeto?, ressaltou. Também estiveram presentes para acompanhar a reunião de alinhamento do projeto o diretor administrativo-financeiro do Incaper, Cleber Bueno Guerra, o subsecretario de Estado de Direitos Humanos, Wilton Pires Junior, e os bolsistas já contratados pelo projeto, sendo duas delas membros das comunidades quilombolas.