Detentos se destacam em concurso nacional de redação - Jornal Fato
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Detentos se destacam em concurso nacional de redação

O Espírito Santo ficou em segundo lugar dentre as participações, com 21,35% das redações enviadas


Foto: divulgação/Sejus

Dois alunos privados de liberdade no Estado alcançaram a nota 100 no 4º Concurso Nacional de Redação promovido pela Defensoria Pública da União (DPU). Os ganhadores receberam um tablet cada. Na tarde desta sexta-feira (29), o defensor público-geral Federal, Gabriel Faria Oliveira, recebeu os vencedores estaduais da competição. A subsecretária de Ressocialização da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Roberta Ferraz, também esteve presente no evento. 


O Espírito Santo ficou em segundo lugar dentre as participações, com 21,35% das redações enviadas. A banda Manancial, formada por internos da Penitenciária Estadual de Vila Velha I, participou da solenidade, com uma apresentação musical.

Com o tema "Promoção dos Direitos Humanos e garantia do acesso à Justiça", os internos concorreram com participantes de todo o País e obtiveram os melhores resultados.  Girlande Pereira de Novais, da Penitenciária Regional de São Mateus, aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ceciliano Abel de Almeida, alcançou a nota máxima. Quem também brilhou no concurso foi Janayna Guarnier da Silva Machado, que cumpriu pena no Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim e era aluna da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Inah Werneck.

Eles fazem parte de um seleto grupo de apenas 15 alunos de todo o País que alcançaram total aproveitamento em suas redações. Segundo odefensor público-geral Federal, Gabriel Faria Oliveira, o intuito do concurso é promover a discussão em torno dos direitos básicos aos quais todos têm direito.

"Devemos defender a garantia do acesso à justiça e a manutenção dos direitos humanos. Através desse concurso, conseguimos pautar esses assuntos entre alunos do ensino fundamental e médio e também entre os reeducandos dos presídios e unidades socioeducativas. Esperamos que o processo tenha sido valioso para professores, alunos e comunidades das unidades participantes", explicou.

A subsecretária Roberta Ferraz reforçou a importância da educação no processo de reintegração dos internos. "O sistema prisional do Espírito Santo conta com duas escolas estaduais que atuam dentro das unidades. São escolas reconhecidas pela qualidade do trabalho e que garantem o acesso aos estudos e à qualificação a pessoas que, por vezes, não frequentaram o ambiente escolar e se envolveram com a criminalidade", afirmou.

O resultado apresentado no concurso de redação da DPU, bem como outras iniciativas da Sejus, destacou Ferraz, indicam que "a educação, a capacitação e o trabalho são as melhores ferramentas para oportunizar mudança de vida pós-cárcere".

Educação e recomeço

Os sete meses que passou no sistema prisional incentivaram Janayna Guarnier da Silva Machado a voltar aos estudos. Hoje, já em liberdade, ela não pretende parar de estudar e já projeta novos cursos para o futuro.

"Concluí o Ensino Médio na unidade após mais de 15 anos sem estudar. A sala de aula ameniza a saudade do mundo aqui fora, da nossa família e amigos. Além disso, os professores e equipe nos ajudam e incentivam muito. Fiz Enem e agora pretendo fazer mais uma vez para tentar vaga em um curso técnico ou uma faculdade", ressaltou Janayna.

O interno Girlande Pereira de Novais conta que com o apoio dos professores e espera ter outras oportunidades de se aperfeiçoar com os cursos profissionalizantes oferecidos na unidade. Ele garantiu que irá concluir o Ensino Médio este ano na própria unidade prisional.

Já Valdiney Pereira da Cruz, que conquistou o segundo lugar e por pouco não alcançou a nota 100 no concurso, relata que concluiu o ensino médio no ano passado, estudando na unidade prisional. Ele destacou que o empenho e incentivo dos professores contribuem para o sucesso no concurso.

Para a professora Herica Lopes de Abreu, que leciona na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Nelson Mandela, na Penitenciária de Segurança Média I, o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido é gratificante. "Nas unidades temos alunos de diversas idades que demonstram interesse em resgatar o tempo perdido. Nós vemos, em momentos como esse, o potencial deles e como a educação e o conhecimento permitem novas conquistas", disse emocionada.

Histórico de bons resultados

Em 2018, 1.207 alunos privados de liberdade tiveram suas redações inscritas no concurso.  Um aumento de 77% em relação ao número de inscritos no ano anterior. As redações são produzidas durante as aulas, em um trabalho interdisciplinar realizado pela equipe pedagógica que atua na educação nas prisões.

Atualmente a Educação de Jovens e Adultos para pessoas em privação de liberdade ocorre em 30 unidades do Estado, atendendo a, aproximadamente, 3.600 alunos.

Premiados

1° lugar: Girlande Pereira de Novais Nota: 100

Professor: Edinéia Xavier Pereira de Lacerda

Instituição: Eeem Ceciliano Abel de Almeida

 

1° lugar: Janayna Guarnier da Silva Machado Nota: 100

Professor: Pamela da Cunha Almeida

Instituição: Eeef - Inah Werneck

 

2° lugar: Valdiney Pereira da Cruz Nota: 99.974

Professor: Herica Lopes de Abreu Barcellos

Instituição: Eeefm Nelson Mandela

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