O deputado estadual Delegado Danilo Bahiense (PSL), presidente da Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado, realizou nesta sexta-feira (1º) uma visita de fiscalização das estruturas das unidades do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), em Cariacica, e encontrou condições de superlotação em alojamento e relatos pelos adolescentes de calor excessivo na Unidade de Internação Provisória II (Unip II).

As inspeções ao Iases e também ao sistema penitenciário, que começaram na última quinta-feira (28 de fevereiro), já fazem parte dos esforços da comissão para identificar os gargalos e ajudar o governo a melhorar a estrutura do sistema no Estado. No complexo onde estão concentradas as Unips, o parlamentar teve contato com os infratores e explicou sua origem humilde.

"Eu saí de São Torquato, um lugar mais modesto. E, como alguns de vocês, fui vítima da violência logo cedo. Aos cinco anos, levei um tiro na cabeça e, graças a Deus, me recuperei. Estamos aqui para encontrar soluções para que vocês tenham condições de se recuperarem e terem novos caminhos longe do crime", disse Danilo Bahiense, que foi aplaudido pelos internos.

O local inspecionado pela equipe do deputado foi a Unip II, que possui 86 internos para 60 vagas, de acordo com a gerência da unidade. Foram visitados dois blocos onde os adolescentes ficam. Um deles, recém-inaugurado, possui melhores condições, mas o bloco VIII, mais velho, tem maior concentração de internos, inclusive com garotos dormindo em colchões que ficam no chão.

O deputado e assessores da comissão encontraram os alojamentos do bloco VIII com estrutura antiga, com grades enferrujadas, inclusive. O "boi", como é conhecido o banheiro dos locais, é alvo de reclamações por ter equipamentos velhos e com poucas condições de higiene, segundo os relatos obtidos pela comissão. Além disso, cada cela que abriga os adolescentes está repleta de dizeres de facções, com apologias ainda a grupos criminosos do Rio de Janeiro.

Além dos problemas de higiene, os meninos disseram que a água para beber fica em garrafas do tipo pet, de 2 litros, à frente das celas. Elas não possuem tampas e ficam ao ar livre, à exposição do sol e da poeira. Durante o verão, os internos dizem que têm passado por calor excessivo nas celas, que têm pouca ventilação, conforme constatado pela comissão. E, por conta disso, eles têm de regrar os banhos, uma vez que, segundo os próprios, têm à disposição de um sabonete, cada, para a higiene pessoal por semana.

Um adolescente foi encontrado com marcas nos punhos, que indicam supostos usos indevidos da força junto a ele.

Acompanhado do presidente do Sindicato dos Servidores e Trabalhadores no Atendimento Socioeducativo no Estado (Sinases), Bruno Menelli Dalpiero, o deputado Danilo Bahiense viu também o local mais utilizado para a fuga dos internos.

Os jovens, que ainda não foram julgados pelos delitos, conseguem escalar uma grade de aproximadamente quatro metros e com serpentina para proteção. Eles, depois, ainda passam por um muro de concreto, para, então, se embrenharem na mata e desaparecerem do campo de visão dos socioeducadores.

Os socioeducadores alegam que há poucos servidores para o monitoramento, o que facilita a fuga dos adolescentes infratores. A questão do porte de arma para a categoria, cuja discussão foi retomada pela comissão, também foi outra reivindicação ouvida na visita.

"Vamos analisar o que foi visto nesta sexta-feira e trabalhar no relatório da comissão, para auxiliar em um Espírito Santo mais eficaz", finalizou o deputado Danilo Bahiense.