Garotos cachoeirenses participam de copa na Bolívia - Jornal Fato
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Garotos cachoeirenses participam de copa na Bolívia

Os adolescentes com idade entre 15 e 17 anos jogaram pelo Atlético Colorado Marialva do Paraná


Foto: Ronaldo Santos

Quatro jovens cachoeirenses com idade entre 15 e 17 anos foram para a Bolívia jogar, pela primeira vez, a 24ª edição da Copa Tahuichi, disputada em Santa Cruz de La Sierra. Paulo Roberto Borges Brito, o Netinho, de 15 anos (categoria sub 17), Wasley Machado Souza e Allek Madeira, de 16 (categoria sub 17), e Felipe Dias, 17 (categoria sub 19) jogam na Escola de Futebol Santos Dumont, que fica no bairro Aeroporto, e disputaram o campeonato pelo Atlético Colorado Marialva, do Paraná.

Para que os meninos chegassem ao exterior no dia 1º deste mês, precisaram passar por muitos treinos, se comprometer firmemente com o esporte e ter persistência para alcançar os seus objetivos. Além de contar com o apoio de suas famílias, tiveram o auxílio do treinador e um dos maiores incentivadores, Fábio Índio.

O Mundialito é torneio internacional de crianças e jovens que acontece desde 1996. O primeiro campeão foi o Real Madrid, da Espanha. A abertura da Copa aconteceu no dia 6, no estádio Tahuichi. O evento teve 45 minutos de duração e contou com a presença do governador local, Rubén Costas.

 

OS JOGADORES

Netinho começou a jogar aos seis anos de idade, quando sua família foi morar em Iconha. Ele jogou na escolinha da região até os 12 anos. "Aos 13 eu comecei a jogar no campo, quando conheci o Índio. Depois joguei um tempo no Rio de Janeiro e fui para o campeonato na Bolívia", comenta.

O rapaz atribui a Índio todo o caminho que percorreu no esporte. "Ele me ajudou a ficar experiente, aprimorar meu jogo. Com isso, tive muitas oportunidades e participei de vários campeonatos. É um sonho de todos nós aqui jogar futebol".

Felipe joga também desde os seis anos e da mesma maneira começou no futsal. Após conhecer o treinador Fábio, passou a jogar nos campos. Esteve no time do Flamengo, Bom Sucesso, Nova Iguaçu e, agora, no Marialva.

Allek joga desde os sete anos e já começou treinando no campo e na quadra. Ele fez teste no Vasco e atuou pelo Itabirense Esporte Clube. "Tive oportunidades graças ao Índio, que conheci por meio de um amigo. Ele nos incentiva e nos cobra muito", diz.

Wasley é o que começou a jogar mais tarde; aos 10 anos, com incentivo do pai. Aos 14 anos saiu dos campos e voltou há poucos meses com ajuda do Índio. Jogou pelo João Carlos e Grêmio. Agora, pretende voltar para o time paranaense.

 

INCENTIVO

Os meninos têm incentivo dos pais para seguir a carreira no futebol. Netinho conta como é ser apoiado por eles: "eu tenho bastante apoio da minha família. É muito bom jogar e vê-los na beira do campo, torcendo. Jogar futebol para mim é um sonho e ver que a minha família batalha para realizar isso, não tem preço. Sempre via os jogadores na TV e dizia 'serei melhor do que eles. E meus familiares têm me ajudado nisso'".

Mas não é só a família que ajuda esses jovens jogadores a permanecer em campo. Eles têm uma ajuda muito especial do treinador, Fábio Índio, de quem falam com muito carinho.

"O Índio é batalhador e quer sempre o nosso bem. Ele pega no nosso pé para sermos os melhores. Às vezes brigamos com ele, mas sabemos que tudo o que ele faz por nós, faz por amor. Tudo o que ele faz, é por amor. Ele não ganha muito sendo treinador. Ele não tem muita ajuda, faz isso sozinho com o auxílio dos nossos pais. Índio é como um pai. Ele batalha muito para que tenhamos oportunidades e, graças a ele, fomos pela primeira vez participar do campeonato. Nós só podemos agradecer", comentam.

 

DERROTA

Marialva não chegou à final. O time perdeu para os jogadores da casa por 3x0. Para os meninos, perder foi um baque. Estavam esperançosos, estavam jogando bem. Mas não conseguiram avançar. "Foi difícil. Nossa equipe é unida. Estávamos gratos por estarmos lá e confiantes de que iriamos ganhar. Até que recebemos a notícia de que iriamos para casa, porque fomos desclassificados. Jogamos o último jogo cabisbaixos, desanimados", fala Netinho.

 

EXPERIÊNCIAS

Apesar da derrota, os jogadores tiraram boas experiências da viagem e do campeonato. Para eles, conhecer novas pessoas, culturas diferentes e um país que não é o deles, compensou o esforço.

"Foi bem engraçado. Nem somos famosos e as pessoas lá queriam tirar fotos e pegar autógrafos. Os moradores são humildes, não têm boas condições. Mas são respeitosos, fomos bem acolhidos por eles". Comenta Allek.

Outra diferença que sentiram, é a relação com os outros competidores. "Os jogadores de outros times cumprimentavam a gente. Depois dos jogos apertavam nossa mão, tiravam foto. Fizemos muitos amigos lá. Não vemos isso aqui no Brasil. Eles respeitam muito o time adversário", complementa Netinho e Wasley.

Para Felipe, o objetivo foi jogar, mas, para ele que tem fé, Deus tinha um outro propósito. "Para Deus, não éramos para termos ganhado mesmo, mas sim ganhar experiência e aprendizado. A derrota foi difícil, mas trouxemos experiência, conhecimentos, muitas coisas boas na bagagem", menciona.

Nem todos eles pretendem seguir como jogador de futebol. O caminho é difícil. Os investimentos são altos e as oportunidades, baixas. Mas, apesar disso, Netinho afirma: "só irei parar de jogar quando eu olhar para trás e ver que cheguei onde queria".

"A família é o ponto alto. Eles investem tudo na gente e nos sentimos na obrigação de fazer o melhor que pudermos. Às vezes é difícil ficar sem os pais. Mas esse é um caminho difícil", diz Wasley.

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