Pequeno agricultor expande fronteiras com cooperativa

CAF Cachoeiro, atualmente com 160 sócios, contribui com a alimentação escolar de 16 municípios

05/07/2024 09:17
Pequeno agricultor expande fronteiras com cooperativa /Foto: Divulgação

A origem da Cooperativa da Agricultura Familiar de Cachoeiro de Itapemirim (CAF Cachoeiro) está ligada ao surgimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

Cachoeiro de Itapemirim foi o primeiro município do Espírito Santo a realizar a compra de alimentos diretamente da agricultura familiar para a merenda escolar, no ano de 2009. Nesta época, os agricultores se organizavam para tal finalidade na Associação de Agricultores Familiares local (Afaci), que emitia suas produções por bloco individual.

Com o passar dos anos, surgiu a necessidade de uma representação comercial dos agricultores familiares tanto para a emissão de nota fiscal para o Pnae quanto para suprir a necessidade de manter o convênio com a Prefeitura Municipal (PMCI) para repasse de valores para o ?tíquete feira? da agricultura familiar, entregue aos servidores públicos municipais para aquisição de produtos nas feiras livres.

Neste contexto, a CAF Cachoeiro foi fundada em 19 de julho de 2013, com o objetivo de representar e promover o desenvolvimento socioeconômico dos agricultores familiares do município.

?Nossos principais canais de comercialização são o Pnae e a feira livre da agricultura familiar 'tíquete-feira', para a qual os servidores da Prefeitura recebem o benefício para adquirir os produtos de nossos cooperados?, explica o presidente da cooperativa, Eliezer da Silva.

Atualmente, a CAF, segundo o presidente, atende - pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar - 15 municípios sul capixabas, além de Cachoeiro de Itapemirim.

São eles: Castelo, Atílio Vivacqua, Alegre, Vargem Alta, Bom Jesus do Norte, São José do Calçado, Apiacá, Itapemirim, Presidente Kennedy, Marataízes, Iconha, Rio Novo do Sul, Jerônimo Monteiro, Mimoso do Sul e Muqui. 

Junto com Eliezer, compõem a diretoria Maristela Coelho Lamon Silva (vice-presidente), Gilmar Araújo (tesoureiro), Bibian Márcia Lima Borges das Neves (secretária). 

A cooperativa cachoeirense conta no momento com 160 sócios. A governança é estruturada por assembleia geral, conselho administrativo, conselho fiscal e conselho consultivo.  

Os principais produtos/cadeias produtivas e mercados acessados variam entre verduras e legumes (milho, couve, alface, tomate, cenoura, quiabo, mandioca, abóbora, batata doce, beterraba, chuchu, inhame, repolho, pepino, salsa, cebolinha, etc.); frutas (banana, goiaba, limão, laranja, etc.); os processados e beneficiados (feijão, mel, polpas de fruta, salgados, embutidos de suínos, ovos caipira, pães caseiros e massas, biscoitos, caldo de cana e sucos, iogurte, queijo, dentre outros).

Há cooperados assentados e quilombolas. O trabalho da cooperativa é percebido com a melhoria da qualidade de vida no campo, incentivando o aumento da produção. 

?O principal benefício para os associados é a certeza da venda dos produtos, propiciada pelos programas governamentais. Portanto, podem se programar para produzir em escala. Todos são beneficiados com as vendas direcionadas?, expõe Eliezer da Silva.  

O desafio dos tempos atuais, contudo, é o fator climático: ?a falta de chuva, o calor excessivo, ou a chuva em excesso, faz com que o preço dos produtos oscilem muito. A tendência é de que os valores subam por causa do fator climático?, observa o presidente da CAF Cachoeiro. 

Quanto ao estabelecimento de parcerias, especialmente na elaboração e realização de eventos de capacitação e assessoramento técnico, a cooperativa conta, desde a sua fundação, com suporte da Prefeitura Municipal (Secretaria de Agricultura), Incaper, Escola Família Agrícola de Cachoeiro de Itapemirim (Efaci), Sindicato dos trabalhadores Rurais de Cachoeiro de Itapemirim (STRCI), e União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), bem como de associações comunitárias.

Após a recente realização do sonho da sede própria, o plano agora para o futuro próximo, esclarece Eliezer da Silva, é aumentar a comercialização abrangendo o mercado privado.  Um dos carros-chefes seria o aipim congelado. E a CAF Cachoeiro busca qualificação para atender à demanda do mercado.

Enquanto isso, continua potencializando o trabalho duro de centenas de pequenos agricultores.

Muitos dos quais, se tivessem continuado sozinhos - sem o amparo e a força da cooperação -, talvez, passassem a integrar as tristes estatísticas do êxodo rural.