Meus queridos heróis - Jornal Fato
Especial

Meus queridos heróis

Alguns fatos e histórias me fazem lembrar o meu amor por essa cidade e por alguns de seus personagens que encheram minha infância de emoção e alegria


Foto: Arquivo/Fato

Vou me deter em apenas dois. Um que com sua voz inesquecível, apaixonada e emocionada narrava os melhores desfiles que fazem parte das memórias de várias gerações. Tenho certeza que são inesquecíveis. Como não lembrar do Professor Deusdedit Baptista narrando de forma vibrante e mágica a entrada de todas as escolas, mas indo ao delírio com o meu, o seu, o nosso Liceu na Praça Jerônimo Monteiro nos festejos de São Pedro? Não eram só as lágrimas do querido professor que insistiam em rolar. Não havia quem não fosse contagiado por tanto amor e não chorasse junto com ele. Era lindo demais.

Outro era o Cabo Taveira, que à frente de várias bandas, inclusive a do Liceu, fazia o meu coração pulsar na batida dos instrumentos. Os olhos brilhavam e as lágrimas, mais uma vez, insistiam em rolar. Eram as formações e músicas mais lindas do mundo. Para nunca mais esquecer. Aquele maestro me parecia um gigante, um príncipe negro, a quem eu renderia todas as homenagens e reverências com todo o respeito.

O mesmo respeito silencioso e reverente que sempre prestei nas vezes em que cruzava com o Professor Deusdedit pelas ruas da cidade. A minha convivência com eles não passou dos momentos públicos, em solenidades ou desfiles. Mas acho que posso afirmar, sem medo de errar, que tive o privilégio de conhecer o que Cachoeiro teve de melhor, mesmo que, como eu, não tenham nascido aqui (o Cabo Taveira eu não sei). Mas sei que amaram tanto essa cidade que a eternizaram através de suas vozes, passos, gestos e lágrimas. Imponentes e lindos, como os heróis da minha infância.

Hoje sei que fui testemunha ocular de parte importante de nossa história. Que saudades dos meus queridos heróis. Que entre o meu, o seu, o nosso Liceu.


Anete Lacerda Jornalista

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