Imóveis da família Cola vão a leilão, mas são alvo de disputa judicial - Jornal Fato
Economia

Imóveis da família Cola vão a leilão, mas são alvo de disputa judicial

De acordo com advogados da família, quem adquiri-los corre risco de ter prejuízo, já que os litígios vão impedir a posse imediata


A guerra judicial pelo comando do Grupo Itapemirim está longe de acabar. Mais uma batalha está programada para os próximos dias, com o leilão de oito imóveis, cuja avaliação se aproxima de R$ 60 milhões, da companhia que desde 2016 está em recuperação judicial. Um deles, a mansão do criador da empresa, Camilo Cola. Porém, quem comprar corre o risco de não levar.

A medida foi autorizada pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca da Capital/SP. Entretanto, os imóveis em questão estão em litígio na Câmara Brasil-Canadá e na Justiça Comum Cível, seja através de protesto judicial e/ou ações de manutenção de posse.

A informação, crucial para quem pretenda fazer o investimento, vem dos advogados da família Cola, proprietária dos imóveis. Segundo afirmam, apresentar lances e depositar algum valor pode representar prejuízo pela não entrega dos bens.

"Os litígios judiciais com certeza impedirão a posse imediata de quem quer que seja o interessado em ficar com algum dos bens mencionados até que saia o resultado da Câmara Arbitral e da Justiça Cível Comum", asseguram.

O leilão on-line está marcado para ocorrer de 29 de março a 2 de abril, na primeira chamada, dia 19 de abril, em caso de segunda chamada, e 4 de maio, para uma eventual terceira oportunidade para a aquisição.

Os arrematantes, além de depositar os valores dos lances vencedores em até 24 horas após o certame, terão, também, que recolher 5% de comissão ao leiloeiro, dinheiro que em hipótese alguma será devolvido.

 

LEILÃO

Três dos imóveis ficam em Cachoeiro de Itapemirim. O primeiro lote é composto por terreno de 79,5 mil metros quadrados, no bairro Nossa Senhora da Glória, e outra área, de 346 mil metros quadrados, avaliados em mais de R$ 21 milhões.

O segundo inclui casas de alto padrão, incluindo a residência de Camilo Cola, e cerca de 30 mil metros quadrados de terreno, no bairro Paraíso, ao valor de R$ 9,17 milhões.

O terceiro lote é composto por sete terrenos no bairro Amarelo, avaliados em R$ 3,96 milhões.

Há também dois imóveis situados em Guarapari: a garagem da Viação Kaissara, avaliada em R$ 12,2 milhões. E outros dois terrenos, com três residências, de R$ 684 mil, na Praia do Morro.  

 Em Alegre, no sul do Espírito Santo, vai a leilão imóvel de R$ 603 mil. Os outros dois, ficam em outros estados: um em Recife-PE, com avaliação de R$ 1 milhão. E outro em Cutiriba -PR, avaliado em R$ 10,65 milhões.

 

IMBRÓGLIO

Em outubro de 2016, a Viação Itapemirim foi adquirida pelos então sócios Camila Valdívia e Sidnei Piva. Já no ano seguinte iniciou-se a batalha judicial. De um lado, a família Cola querendo reaver a empresa, de outro, os novos proprietários querendo se manter à frente do gigante dos transportes em recuperação judicial.

Um dos motivos da briga é, justamente, o alegado não cumprimento do acordo pelos novos proprietários, que adquiriram a endividada empresa pelo valor simbólico de um real, assumindo o passivo de mais de R$ 2 bilhões, com a condição de deixar o patrimônio pessoal e outros ativos fora do negócio. Entretanto, eles entraram na justiça e conseguiram a transferência de controle do todo o grupo - que inclui outras seis empresas, dentre elas a Viação Kaissara, e os imóveis que agora devem ir a leilão.

Os novos donos também brigaram ente si. Em dezembro de 2019, Camila foi afastada da gestão da empresa pela Justiça, embora mantida como sócia, em ação movida por seu sócio no empreendimento. Neste ano, em março, ela vendeu sua parte, no valor de R$ 4,8 milhões, para Sidnei e deixou o negócio.

Enquanto as batalhas judiciais se alongam, milhares de credores esperam há anos receber o que têm direito em dívidas tributárias, trabalhistas e com fornecedores.

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