Entenda a alta de preços nos supermercados - Jornal Fato
Economia

Entenda a alta de preços nos supermercados

O presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, ressalta que os supermercados são apenas repassadores de preço, embutindo os seus custos na hora de comercializar as mercadorias.


Os consumidores vêm percebendo que alimentos como leite, arroz, óleo de soja e trigo estão mais caros nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais. A alta no preço desses e de outros produtos, é um comportamento do mercado, estando relacionado a uma série de fatores, entre eles, crescimento das exportações, produção abaixo do consumo, entressafra, dificuldade de transporte e alta do dólar.

 

O presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, ressalta que os supermercados são apenas repassadores de preço, embutindo os seus custos na hora de comercializar as mercadorias. "Os estabelecimentos não têm qualquer responsabilidade sobre os processos de produção. Inclusive, a nossa orientação é para que os supermercadistas não aumentem a margem de lucro praticada antes da pandemia do novo coronavírus, repassando apenas os aumentos praticados pela indústria", esclarece.

 

Ele diz anda que os supermercados possuem setores de Compras com profissionais qualificados. "Existe o empenho em fazer sempre as melhores negociações para que o consumidor encontre produtos com preços acessíveis e com o menor aumento possível nas lojas", garante o presidente.

 

A alta do leite, por exemplo, deve-se à entressafra, que vai de abril a setembro, somada aos efeitos da seca no sul do País, que reduziram a oferta do produto. O momento atual também deve ser levado em consideração, já que, com o isolamento social, as famílias têm ficado mais em casa, resultando em um consumo maior da bebida, considerada alimento de primeira necessidade.

 

Quanto ao arroz, o aumento está relacionado a fatores como a produção reduzida, a dificuldade de transporte, a exportação para outros países e a alta do câmbio. A maior procura externa tem afetado diretamente a oferta doméstica do produto, que registrou valorização em dólar acima de 30%.

Além disso, segundo estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a safra de arroz 2019/2020 será a segunda menor da história, acima apenas da safra anterior, ocasionada pela migração de produtores para culturas mais rentáveis, como a soja. Para se ter uma ideia, nos últimos dez anos, a produção de arroz no Brasil caiu, em média ,1,8% ao ano. Para 2020, a previsão é de que o volume produzido seja de 10,5 milhões de toneladas.

 

O Rio Grande do Sul é o principal produtor do arroz sem casca do País e os beneficiadores do alimento têm apontado problemas logísticos para a entrega do produto na região Sudeste, o que aumenta os custos de transporte. Muitas transportadoras estão cobrando o preço do frete considerando a ida e a volta. Isso ocorre pelo medo de fazer o transporte da mercadoria e não ter o produto para retornar ao estado de origem. Com isso, o preço de frete sofreu uma elevação, uma questão de mercado que está completamente ligada ao período de instabilidade atual.

 

Com relação ao óleo de soja, além de ser uma commodity, o produto é utilizado para fabricação de ração animal, que tem exportação forte. O grão foi, inclusive, um dos destaques das exportações brasileiras no primeiro semestre, impulsionado pela alta do dólar. Os produtores priorizam escoar a soja para um mercado que gere maior rentabilidade. Como resultado, há a diminuição da oferta e o produto chega com maior preço ao consumidor.

 

Já o preço da farinha de trigo, insumo básico para produzir pães e massas, é influenciado diretamente pela alta do dólar, uma vez que a indústria importa 60% do grão processado nacionalmente. Como consequência, o preço aumenta no mercado interno.

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